Parem de derrubar árvores. Floresta em pé rende mais do que deitada

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Enquanto o Brasil  destrói seu patrimônio verde – a Amazônia virou uma preocupação mundial – um estudo que acaba de ser concluído mostra que o cultivo de árvores nativas gera retorno ao investimento de até 28,4 por cento ao ano. A média, no entanto, foi de 15,8 por cento. O que não chega a ser uma novidade, pois todo mundo sabe que a floresta em pé é muito mais lucrativa do que deitada. Embora o governo federal, os madeireiros e os grileiros entendam de outra forma.

Pelo menos, aquele é o resultado da análise de 40 projetos em quatro dos seis biomas brasileiros, na qual comprovou-se – também – benefícios ambientais como a melhora nos recursos hídricos e a remoção de carbono da atmosfera. O estudo constatou ainda que modelos produtivos com espécies nativas podem retirar de 6,7 a 12,5 toneladas de dióxido de carbono equivalente da atmosfera por hectare ao ano. Também observou-se redução na erosão do solo, melhorando a qualidade da água que chega aos rios e reservatórios.

Estudos anteriores já mostravam conclusões semelhantes, como o caso da ucuubeira, que rende três vezes mais de pé

Liderado pelo Força-Tarefa Silvicultura de Espécies Nativas da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, com apoio e coordenação do WRI Brasil, o estudo avaliou desde agricultores familiares a parcerias com finalidade experimental, bem como empresas rurais. Juntos, eles ocupam mais de 12 mil hectares em oito estados, com predominância nos dois principais biomas florestais do Brasil, Amazônia e Mata Atlântica.

A análise se concentrou em três diferentes modelos que possibilitam o cultivo de árvores nativas brasileiras: a silvicultura de espécies nativas, os sistemas agroflorestais (SAF) e o sistema integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Ao todo, os 40 casos avaliados cultivam mais de 100 espécies florestais e agrícolas, entre nativas e exóticas.  “A rentabilidade para o produtor é também um indicativo de que o Brasil tem uma grande oportunidade de gerar emprego e renda se aumentar e der escala a atividades de silvicultura de espécies nativas na produção de madeira, óleos vegetais, alimentos como castanhas, frutas e diversos outros produtos florestais”,afirma o estudo..

“O Brasil tem mais de 90 milhões de hectares de pastagem com algum nível de degradação. Desse total, mais de 40 milhões encontram-se em estado severo. O que este estudo mostra é que essa imensa fronteira que exige restauração pode ser uma oportunidade rentável de investimento para o produtor”, destaca Daniel Soares, analista de investimento do WRI Brasil e um dos autores do estudo. Na análise de carbono,  a silvicultura de nativas mostrou potencial para retirar 12,5 toneladas de dióxido de carbono equivalente da atmosfera por hectare ao ano (tCO2eq/ha/ano). Os sistemas agroflorestais, por sua vez, mostraram potencial de remover 6,7 tCO2eq/ha/ano.

A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura é um movimento multissetorial que se formou em 2015  e que congrega mais de 300 empresas, associações comerciais, centros de pesquisa, etc. Tem o objetivo de propor ações e influenciar políticas públicas que levem ao desenvolvimento de uma economia de baixo carbono, com a criação de empregos de qualidade, o estímulo à inovação, à competitividade global do Brasil e à geração e distribuição de riqueza a toda a sociedade. Já o WRI Brasil é um instituto de pesquisa que transforma grandes ideias em ações para promover a proteção do meio ambiente, oportunidades econômicas e bem-estar humano. Atua no desenvolvimento de estudos e implementação de soluções sustentáveis em clima, florestas e cidades. O WRI Brasil faz parte do World Resources Institute (WRI), instituição global de pesquisa com atuação em mais de 50 países. O WRI conta com o conhecimento de aproximadamente 700 profissionais em escritórios no Brasil, China, Estados Unidos, Europa, México, Índia, Indonésia e África.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: André Cherri / Divulgação / Instituto Ipê

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