No Recife: “Ninguém aguenta mais. Fora Bolsonaro e seus generais”

Com bandeiras gigantescas,  zabumbas, batucadas, trios elétricos, grupos de teatro popular, participação de movimentos sociais e partidos políticos de Oposição, o Recife teve hoje o maior protesto já realizado na cidade contra o Presidente Jair Bolsonaro, o seu governo e a presença de militares na gestão presidencial. “Ninguém aguenta mais. Fora Bolsonaro e seus generais”, diziam faixas e cartazes. O armamento defendido por Bozó também entrou na pauta dos manifestantes: “O povo não quer arma. O povo quer comida. Fora Bolsonaro genocida”, ostentavam os manifestantes.

A concentração, como tradicionalmente ocorre, teve início na Praça do Derby, área central da cidade que virou ponto de saída de todos os protestos contra Bozó.  A manifestação foi pacífica, mas uma ciclista foi atropelada por um motorista ensandecido, durante a dispersão. Ao contrário da última manifestação realizada no 7 de setembro – quando as pessoas tiveram receio de ir às ruas, por conta das notícias de golpe – a de 2 de outubro ocorreu sem medo. E os manifestantes ocuparam toda a extensão da Avenida Conde da Boa Vista, principal via de acesso ao centro do Recife. A faixa direita, no sentido subúrbio cidade ficou totalmente tomada. A via possui quase dois quilômetros de extensão, entre a Rua Dom Bosco e a Ponte Duarte Coelho.

Porém, quando a manifestação chegou próximo à ponte ainda havia gente saindo do Derby. Ou seja, uma multidão contra Bozó. Os slogans cantados na manifestação eram vários. “O Brasil está lascado, a culpa é do Bolsonaro”; “Fora Bolsonaro genocida”, “Ninguém aguenta mais, fora Bolsonaro, “Está tudo caro, a culpa é do Bolsonaro”. Sindicatos urbanos, movimentos ligados ao campo  (como MST e Federação dos Trabalhadores de Agricultura – Fetape),  grupos urbanos de luta pela moradia (como o Movimento Urbano de Moradores Sem Teto e a Frente Popular por Moradia no Centro),  Organização de Movimentos Populares participaram do protesto. Também grupos folclóricos, indígenas, partidos políticos de oposição como o PT, o PC do B, PDT, o Psol e outros.

Para protestar contra o uso eleitoreiro e deturpado de símbolos nacionais – prática disseminada entre os adeptos da “Pátria Amada” – os manifestantes carregaram bandeiras gigantes do Brasil mas no lugar do Ordem e Progresso pediam: “Vacina no braço, comida no prato”. Muitos improvisaram seus cartazes – em eucatex, cartolina, tecido – para dar o recado: “Bolsonaro deve voltar de onde veio, para o lixo da história”. Um homem carregava um cartaz gigante. “Eu não quero apenas que Bolsonaro seja lembrado nos livros de história como o pior presidente do Brasil. Quero que ele pague pelo genocídio.” Chamou a atenção, também, um cartaz giratório, conduzido por militantes do Comitê Lula Livre, que faz manifestações semanais em defesa do ex-Presidente Lula, no bairro de Casa Forte.

O cartaz giratório era conduzindo por um ciclista petista. E à medida que ele pedalava, o cartaz girava. Em cada lado, um recado. “Com o ladrão de vacinas, o Brasil voltou para o Mapa da Fome”,  “Viva o Sus”, “Viva o serviço público”, “Genocida mentiroso”, “Ninguém aguenta mais, fora Bolsonaro”, “genocida covarde”, “genocida arregão”, “o ladrão de vacina piorou a vida do povo”. O protesto foi pacífico, mas próximo à Avenida Martins de Barros, perto do Armazém do Campo, um motorista desentendeu-se com manifestantes e atropelou uma ciclista, uma advogada de 29 anos. Ele fugiu sem prestar socorro. Testemunhas afirmam que não foi atropelamento, mas tentativa de homicídio, pois a vítima chegou a ser arrastada  pelo automóvel. Ela machucou o tornozelo e vai precisar passar por cirurgia. Sempre aparece uma alma sebosa para atrapalhar as manifestações pacíficas contra Bolsonaro. Haja paciência!

Abaixo, você confere o vídeo da manifestação. E pode ver outros no canal do #OxeRecife no Youtube:

Leia também
Historiador Marco Mondaini: As portas do inferno continuarão escancaradas
O Grito dos excluídos e excluídas
Finalmente o que faz Bolsonaro em Pernambuco?
Bolsonaro e a derrota do voto de cabresto
Ministério Público não quer homenagem a militar da ditadura em prédio do Exército
Nazista bom é nazista morto chama atenção em muro do Exército
Ministério Público recomenda que não se comemore o 31 de Março nos quartéis
Live de Bolsonaro vira caso de justiça
Protesto contra o governo Bolsonaro: “Lugar de militar é no quartel”
“Falsa impressão de que arma é a solução”
Cuidado, armas à vista. Perigo!
Trilhas da democracia com o MST
Memória e censura: Quando a  palavra camponês era proibida nas redações
Memória: Período Militar, quando as armas ficaram no altar
Desespero de Bolsonaro é retrato antecipado do candidato derrotado
Entre o messias, a besta fera e as marcas do passado
“A arte de se tornar ignorante”
Trilhas da Democracia discute autoritarismo no Brasil e censura na Ufpe
Trilhas da democracia: Intimidação e mordaça nas universidades
UFPE divulga nota mas não explica autocensura a vídeo sobre pandemia
Manifesto contra censura da Ufpe a vídeo sobre pandemia e negacionismo
Censura a nome de Bolsonaro provoca exoneração de diretor na Ufpe
Memória: Período militar, quando as armas viraram oferendas no altar
Fora Bolsonaro nas ruas e reações antidemocráticas nas redes sociais
Violência policial derruba Secretário de Defesa Social e comandante da PM
Afinal, quem mandou a Polícia Militar disparar balas de borracha?
Violência policial é elogiada por coronel da PM. Vítima protesta
Pernambuco é hoje o grande vexame político nacional
Manifestação contra Bolsonaro. Agressão da PM foi insubordinação?
Dom da Paz pode virar santo. Cepe imprime documentos para o Vaticano
Governadores repudiam negacionismo e invasão a hospital
O pior cartão de natal de minha vida
Filme revive fatos da ditadura de 1964
Livro oportuno sobre a ditadura (que o Presidente eleito diz que nunca existiu)
Lição de história sobre ditadura no Olha! Recife
Ministério Público recomenda que não se comemore 1964 nos quartéis do Exército
A história de 1968 pela fotografia
Cantadores: Bolsonaro é a marca do passado
E agora, Bozó?
Arsenal: Sexta tem Cabaré do Bozó
Coronavírus: vaidade, mesquinharia, doação
Herói, palhaço, lockdown

Cientistas contestam Bolsonaro
Voltar à normalidade como? “Gripezinha”, “resfriadinho” ou genocídio?
Servidor federal é demitido porque fez a coisa certa na proteção ambiental
Ministro manda oceanógrafo trabalhar na caatinga: O Sertão já virou mar?
O Brasil está virando o rei do veneno
Fome, tortura, veneno e maniqueísmo
Agricultura, veneno e genocídio
A fome no Brasil é uma mentira?
A mentira da fome e a realidade no lixão do Sertão que comoveu o Brasil

A história de 1968 pela fotografia
Cantadores: Bolsonaro é a marca do passado
Menino veste azul e menina veste rosa?
“Falsa impressão de que arma é a solução”
Cuidado, armas à vista. Perigo!
Azul e rosa na folia dos laranjais
Circo, Galo, frevo, festa e o carai

Ditadura: a dificuldade dos escritores
Público vai ter acesso a 132 mil documentos deixados pelo Dom da Paz
“Cárcere” mostra o Brasil da ditadura
Pensem, em 1964 já tinha fake news: bacamarteiros viraram guerrilheiros
Cinema dominado e poucas opções: Amores de Chumbo
Mutirão contra a censura de Abrazo
Censura de Abrazo vira caso de justiça
Os levantes dos camponeses e a triste memória da ditadura em Pernambuco

Texto, foto e vídeo: Letícia Lins / #OxeRecife

Continue lendo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.