Moradores separam lixo seco, aguardam coleta seletiva e ficam a ver navios em Casa Forte

Quem costuma percorrer as ruas do Recife a pé, sabe o quanto é difícil e complicado o problema da limpeza pública na cidade.  Pelo que se observa, falta educação doméstica, por parte da população. E também educação ambiental. Mas falta, e muito, eficiência no setor responsável pela coleta na cidade. E, ao que parece, um entrosamento maior com a própria população e os órgãos oficiais. Na capital pernambucana, quem  responde pela coleta é a Emlurb (Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana).

Se a prática de coleta seletiva não ocorre em toda cidade – o que seria desejável e o mais correto – poderia, pelo menos, ser obrigatória em condomínios grandes, em casas de recepção, restaurantes, bares. Porém, não é isso que ocorre. Eu, por exemplo, costumo caminhar pela Avenida Dezessete de Agosto, que já foi um grande corredor de festas. Tinha pelo menos umas onze casas em funcionamento. Com a crise sanitária algumas fecharam, abriram outras e chegaram novos bares. Mas a bagaceira do lixo ainda persiste.

Cenas como esta da foto, já observadas no centro do Recife, poderiam ser evitadas com coleta eficiente e seletiva

É que quem caminha logo cedo, defronta-se com montanhas de caixas de papelão, garrafas PET, latas de cerveja e, o que é pior – garrafas de vidro – tudo misturado, à espera dos caminhões da Emlurb. Tudo descartado aos montes por bares e restaurantes, junto e misturada. Além disso, como não há entendimento entre esses estabelecimentos e cooperativas de catadores nem com a Emlurb, eles mexem em tudo e muitos deixam os detritos espalhados nas calçadas que terminam parecendo pocilgas. Complicado, não é?

Em Casa Forte – bairro nobre do Recife – a reclamação vem do Condomínio do  Edifício Tamango, localizado na Rua Visconde de Ouro Preto, 103. A via fica entre a Estrada das Ubaias e a Praça de Casa Forte. “A coleta seletiva programada é no sábado, porém tudo fica na lixeira, pois eles não pegaram dia algum”, reclama a professora  da UFPE Rita Suassuna, que mora no edifício. “Teoricamente a coleta seletiva passa, mas nunca para aqui”, completa. De acordo com Rita, foi feito o cadastramento do prédio, mas não foi fornecido número de protocolo. No dia 2 de fevereiro, foi feita reclamação via Zap, pela ausência do serviço. “Também não me passaram nenhum número de protocolo, me responderam por ligação normal, pediram o endereço do prédio, o nome e o CNPJ do condomínio”, conta ela. “Até agora, nada”. E quem separava o lixo terminou desistindo, e permitindo que a coleta comum levasse todo o material reaproveitável. Uma pesadelo a mais para a natureza e prejuízo para quem vive de reciclagem. Além de tempo perdido, para quem se deu ao trabalho de separar o lixo orgânico do lixo seco.

O #OxeRecife solicitou informação à  Prefeitura. A resposta é a seguinte: “A Emlurb informa que a coleta seletiva no bairro está normalizada. Nos dias 15 e 22 deste mês, por exemplo, os caminhões (monitorados por GPS) fizeram paradas para o recolhimento do lixo reciclável. O serviço é executado aos sábados no período noturno. Para mais informações, o telefone da autarquia é o 156”

Dá para acreditar? Se os moradores reclamam que separaram o lixo seco e o caminhão não parou para fazer a coleta, alguma coisa errada está acontecendo, não é? Cabe, portanto, à Emlurb apurar o desencontro. E os moradores, insistir na coleta seletiva!

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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

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