Meio ambiente: Bola de gelo no futebol simboliza planeta derretendo

Não fiz  o registro no dia, mas nunca é tarde para mostrar ação tão bonita e significativa sobre o aquecimento global e os eventos extremos por ele provocados. Até porque estamos em tempos de barbárie e muita violência entre torcidas organizadas do futebol brasileiro. Nesta semana, por exemplo, tivemos uma invasão ao Centro de Treinamento do Náutico, no Recife, quando torcedores “fanáuticos” tentaram intimidar jogadores que treinaram. Pois vamos lembrar um bonito exemplo: é que na partida entre Galo (Atlético Mineiro) e o Bahia no último domingo, os dois clubes se uniram para uma ação conjunta de conscientização sobre a crise climática.

Eles levaram uma bola de gelo para o campo, simbolizando a terra. Durante a partida, a bola foi derretendo. Ou seja, se acabando como é a impressão que a gente tem a respeito, hoje, do nosso Planeta. Foi uma bonita, pioneira e exemplar iniciativa no futebol brasileiro, nessa Semana do Meio Ambiente. Ela foi tomada em conjunto com Instituto Galo, os Ministérios Públicos de Minas Gerais e Bahia, e a Secretaria do Meio Ambiente de MG. E incluiu uma doação de R$ 400 mil para as vítimas das enchentes do Rio Grande do Sul, que vive a maior tragédia climática de sua história.

Durante a campanha de alerta sobre o aquecimento global, Hulk e Everton Ribeiro levaram ao campo a bola de gelo simbolizando a Terra, na Arena MRV. Um lembrete, a bola gelo foi feita de água de reuso, representando o planeta terra e a necessidade de se poupar os recursos naturais, incluindo a água. A bola permaneceu no entorno do gramado, derretendo, simbolizando o aquecimento global.

Elevação do nível do mar devido ao aquecimento global provoca alagamentos a qualquer chuva no Recife

Além da bola de gelo, os jogadores carregaram em suas camisetas um patch símbolo da campanha Juntos pelo Planeta, bem como as bandeirinhas de escanteio e faixa de capitão das equipes, que também foram customizadas. O Galo Doido, mascote do clube mineiro, e os mascotinhos, também entraram em campo com uma bandeira da campanha. A o filme da campanha “Juntos pelo Planeta” também foi transmitido nos telões da Arena MRV.

O filme tem foco 100% no derretimento da bola de gelo e inserts do que pode acontecer com o planeta se nenhuma ação for realizada contra as mudanças climáticas. Ao final, chega-se  ao ano de 2050, quando os danos podem ser irreversíveis, de acordo com relatório da Chatham House, de Avaliação de Riscos das Mudanças Climáticas. Nessa hora, o filme anuncia a declaração do risco de extinção da humanidade, e alerta que ainda há tempo para virar o jogo. A criação da campanha é da agência Giusti Creative PR, com produção dos filmes feita pela Santeria. A campanha Juntos pelo Planeta convida os demais clubes brasileiros a se engajarem na causa. Segundo dados do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), 93% dos municípios brasileiros foram atingidos por algum tipo de desastre natural entre 2013 e 2022.

Os dois times têm um ponto em comum: a preocupação com  a natureza. O Galo  mineiro recentemente assinou o Pacto Global da ONU, que tem por objetivo implementar princípios universais de sustentabilidade e tomar medidas que apoiem o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O Pacto Global é a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo, com abrangência e engajamento em 162 países.  O Galo é dono da Arena MRV,  a primeira no Brasil com uma área verde em seu terreno totalmente preservada. A Arena MRV também possui sistema de reaproveitamento de água da chuva e iluminação inteligente. O Clube planta anualmente 4,6 mil mudas de árvore nos parques de Belo Horizonte, até chegar a 46 mil mudas, número correspondente à quantidade de assentos do estádio.

O Bahia também tem uma série de ações em defesa do meio ambiente, que deveria ser seguida nas outras partidas de times brasileiros, normalmente marcadas por cenas tristes de violência entre torcidas organizadas. Veja algumas das ações do time baiano:

O Bahia realiza mensalmente uma ação em conjunto com a Cooperativa de Materiais Recicláveis de Camaçari (Coopmar), para retirada dos itens utilizados no CT Evaristo de Macedo, assim como o processo de arborização dentro e fora do atual centro de treinamento. Construiu uma estação de tratamento de esgotos (ETE) própria, instalou postes com iluminação com lâmpadas LED e sensor automático, além da plantação de mais de 800 mudas de árvores nativas/frutíferas desde a inauguração do espaço. Para completar, palco dos jogos do Tricolor em Salvador, a Fonte Nova utiliza um painel solar e faz o reaproveitamento de água da chuva, mais conhecido como reuso, através da estrutura da cobertura do estádio. Anualmente são captados 37 mil m³ de água.

Abaixo, leia mais informações sobre mudanças climáticas, eventos extremos e agressões à natureza

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Atlético Mineiro / Divulgação

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