Livro cheio de mistérios é lançado no Museu do Estado. Afinal, qual é a de Emílio Garza?

Hoje tem lançamento e no Museu do Estado de Pernambuco. É que o escritor pernambucano Wellington de Melo estará colocando mais um livro no mercado: “Emílio”. O romance conta o  caso de uma professora autoexilada, que necessita voltar ao país que simplesmente odeia, para cumprir uma promessa que fizera a uma amiga de infância, Marcela. Uma promessa, aliás, de muita responsabilidade: criar o filho da companheira dos tempos de menina. A noite de autógrafos começa às 19h desse 28 de novembro, em evento aberto ao público. As festas de lançamento, no entanto, não ficam restritas ao Recife. O livro será apresentado na Ria Livraria (São Paulo), em 30 de novembro. E também no Centro Cultural Sesc Garanhuns, no Agreste do Estado, em 7 de dezembro. Nos três lançamentos, haverá bate-papo entre o autor e um convidado, antes da sessão de autógrafos.

Como fez em romances anteriores, o escritor não situa a ação em um lugar ou tempo específicos nas 388 páginas de “Emilio”. Outra curiosidade: gosto de ler os livros, antes de escrever sobre eles. Não vai dar tempo de concluir “Emílio” até a noite dessa terça. Porém já cheguei à página 90 e praticamente ainda não sei quem é “Emílio”, personagem que dá título ao romance. Um fato que deve prender a atenção e despertar expectativa no leitor. Afinal, quando encontro Emílio? O que ele vai fazer? Se parece fazer parte do fio condutor da história, quando ele vai aparecer? Emilio Garza é rival de Cláudia, ideólogo extremista que fez da vida dela um inferno, motivo para ela  ir embora. Mas há outras situações intrigantes na história.Um, o massacre escolar no qual só meninas são assassinadas vira uma data comemorativa. E o que Emílio tem a ver com isso? Dois, em algumas passagens, é impossível saber se você está interagindo digitalmente com Inteligência Artificial, deepfakes ou seres humanos só para lembrar: deepfake é o termo usado para “pessoas” criadas  pela IA, que podem ser totalmente virtuais ou humanas que tiveram características trocadas(fala, voz, alguma parte do corpo,como o rosto).

Wellington é autor de “Estrangeiro no Labirinto” e “Felicidade” e também faz traduções. E, como fez em romances anteriores, não situa a ação em um lugar ou tempo específicos nas 388 páginas de Emilio, embora no decorrer da leitura, haja situações que nos remetam, por exemplo, a fatos que tanto podem lembrar a política brasileira quanto  crimes brutais como massacres em escolas, que se lê com certa frequência na crônica policial. Ele também faz referência a um duplo assassinato de duas adolescentes que aparecem mortas em um canavial. Para o leitor pernambucano, é inevitável lembrar o caso de Tarsila Gusmão e Eduarda Dourado, que em 2003 desapareceram após participar de uma festa no Litoral Sul de Pernambuco e cujos corpos foram encontrados enterrados em um matagal dias depois   “Claro que parto de lugares específicos, mas o resultado sempre é a mistura de cenários, mais que a representação de um locus em especial”, declara o escritor. Segundo ele, “Emilio” poderia ser definido como “um romance especulativo, com elementos distópicos ou ucrônicos, mas seria reducionista.”

Segundo o autor, o romance é “sobre os efeitos do tempo sobre as pessoas, não só os efeitos físicos, mas como o tempo corrói os relacionamentos e as promessas que fazemos para nosso ‘eu’ do futuro, promessas que já não sabemos se podemos cumprir. É também sobre como o tempo altera nossa percepção do passado, da verdade e da mentira e como ela define nossas histórias pessoais e nossa História coletiva.” O processo de criação do livro teve início em 2017 e a ideia original foi sendo modificada com o tempo, diz Wellington de Melo. “A voz da narradora, por exemplo, só surgiu em definitivo entre 2021 e 2022, mas alguns temas e imagens estavam postos desde o começo, como o fato de a narrativa passar-se numa espécie de ucronia, um futuro alternativo; a presença da inteligência artificial; certa atmosfera de precariedade; a violência contra as mulheres e a opressão patriarcal”, relata. Vamos, pois, ler “Emílio”, que foi publicado pela Cepe – Companhia Editora de Pernambuco. De minha parte, a viagem até “Emílio”, pelo visto, está no meio do caminho.  Enfim, qual é a de Emílio”?

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Serviço
O que: Lançamento do romance Emilio, de Wellington de Melo. A jornalista Erika Muniz conversa com o autor
Quando: 28 de novembro
Hora: 19h
Onde: Museu do Estado de Pernambuco (Avenida Rui Barbosa, 960, Graças, Recife-PE)
Preço: R$ 60

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Cepe / Divulgação

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