Premiada, Mary Del Priori é a primeira atração do Circuito Cultural da Cepe

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Autora de 53 livros e detentora de 20 prêmios nacionais, a historiadora Mary Del Priori é a primeira atração do Circuito Cultural, que tem início nessa quarta-feira (9/9). A abertura do evento – pela primeira vez apenas em formato digital (devido à pandemia) –  acontece às 16h30m. Mas a live com a escritora, com o tema  História Baseada em Fatos Reais começa às 17h, com mediação do jornalista Fellipe Torres. O Circuito Cultural é uma iniciativa da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) e tradicionalmente percorria as principais regiões do estado.

Por conta do coronavírus, a programação teve que ser adaptada, sendo gratuita, com opções para diversos tipos de público e também para todas as idades. Os eventos podem ser acompanhados pelo portal do Circuito.  (www.circuitoculturalpernambuco.com.br). Até domingo (13), quando termina a primeira etapa do Circuito, haverá contação de histórias, oficinas educativas, lançamentos de livros, apresentações artísticas e exibição de filmes. “Mudamos o formato, mas a reflexão sobre o livro e a leitura permanecem”, afirma o Presidente da Cepe, Ricardo Leitão. Em 2020, o Circuito faz homenagem a João Cabral de Melo Neto, que completaria seu centenário. Nada menos de 20 editoras, livrarias e instituições estão inseridas na programação.

No caso de Mary, ela mostrará como correspondências pessoais revelam nossas origens. “Documentos mais íntimos dizem muito sobre a sociedade, a partir desse conteúdo é possível ir tecendo, construindo e contando a história de uma maneira diferente, é como se a pessoa estivesse ouvindo a voz e sentindo as angústias, as alegrias e os pesares de quem escreveu as cartas”, declara a historiadora. “Das Cartas jesuíticas aos seus correspondentes em Roma, às cartinhas de D. Pedro I aos filhos ou à correspondência amorosa entre a condessa de Barral e o Imperador D. Pedro II é todo um mundo que se descortina”, diz.  E acrescenta: “Afetos, questões políticas, tensões familiares, problemas do dia a dia, a correspondência se torna uma grande tela de cinema onde os fatos históricos desfilam entremeados às questões do coração ou às emoções”.

Para ela, correspondências são “outra forma de se conhecer a história e a vida de quem escreve”.  E explica: “Todo o povo escrevia? Não. Mas é bom saber que até escravos trocavam correspondência, como vem sendo apurado por historiadores. E suas cartas ou são endereçadas às autoridades em busca de Direitos e de liberdade, ou aos familiares revelando as mesmas preocupações de pessoas livres”. Conta como as cartas revelam grande preocupação com entes queridos ou membros da família. Doenças, mortes, problemas financeiros são os temas mais visitados.  Mas que também revelam golpes e contragolpes da história. “José Bonifácio, por exemplo, escreveu horrores sobre D. Pedro I quando sentiu que foi abandonado e traído. Não dá para julgar o “povo brasileiro” que é complexo e muito diferente de Norte a Sul. Mas dá para ver que a emoção nunca esteve ausente da tinta e do papel”. A historiadora diz que os arquivos públicos brasileiros são riquíssimos. Mas que  infelizmente padecem da falta de verbas da Federação, que possibilitem a higienização de seus “tesouros vivos” e os mantenha ao alcance dos pesquisadores.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Cepe / Divulgação

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