Intolerância política ou “motivo torpe”?

Homicídio por motivo torpe ou crime político? Essa é a pergunta que todo mundo hoje está fazendo, depois que a Polícia Civil do Paraná indiciou o policial penal Jorge José da Rocha Guaranho por homicídio “duplamente qualificado, por motivo torpe e por causar perigo a outras pessoas”. Guaranho é aquele homem que no último final de semana invadiu uma festa, na qual matou a tiros o guarda municipal Marcelo Arruda, quando este comemorava  aniversário com amigos e familiares, em Foz do Iguaçu, no Paraná. O fato para despertar a ira do agressor – que é eleitor do ex-capitão que governa o Brasil – foi aquele já noticiado pela imprensa. A vítima era do PT.

Arruda, tesoureiro do PT na cidade, era eleitor do ex-Presidente Lula, pré candidato à sucessão presidencial. E fez uma festa temática, com bandeiras, balões vermelhos e a inscrição “ Pro Brasil voltar a sorrir”, sob uma foto de Lula  em peças “decorativas” espalhadas nas paredes do local da festa. O agressor chegou na festa gritando “Bolsonaro” e “mito”. O que, na cabeça dele, deve ter lhe dado o direito de exterminar a tiros o adversário político. Sinceramente, a conclusão do inquérito parece ter sido muito apressada. A natureza do crime contra uma manifestação democrática – mostrar preferência quanto a um partido – parece ter ficado evidente, a partir do da motivação para que o acusado praticasse o homicídio contra o petista, no momento em que ele comemorava os seus 50 anos.

Embora a investigação tenha concluído que o atirador foi ao local por motivação política para “provocar” os participantes da festa, a Polícia Civil entendeu não haver provas suficientes para constatar que houve crime de ódio na conclusão do inquérito. Dá para entender? O advogado Ian Vargas, um dos representantes legais da família da vítima, discorda do indiciamento e disse que irá buscar esse posicionamento durante o processo na Justiça. “A defesa da vítima reafirma que a motivação do crime foi intolerância política. Agora aguardaremos a posição do Ministério Público”.

A advogada do atirador, Poliana Lemes Cardoso, também contesta a hipótese de crime de ódio. “A motivação dele (de Guaranho) efetivamente foi retornar em razão da primeira e injusta agressão que feriu a honra dele”. Isso porque, antes, o agressor estivera no local, onde discutiu com o anfitrião e convidados. E, depois voltou para matar. Os bolsonaristas devem estar comemorando a conclusão do inquérito da Polícia Civil do Paraná. Até porque o Palácio do Planalto pretende que o crime seja página virada para ontem.  A julgar pela fala do Vive Presidente Hamilton Mourão, sob a tragédia: “Vamos fechar  esse caixão, tá?”, disse ele nesta semana, ao atribuir o homicídio  a “uma briga de gente que bebe”.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Redes sociais

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