Boneca gigante é “Soberania Nacional” no Grito dos Excluídos no Recife

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Normalmente presentes em manifestações de rua incorporando políticos ou figuras históricas  e populares – como o educador Paulo Freire (1921-1997),  o ex-Governador Miguel Arraes (1916-2005), e o próprio Presidente Lula – os bonecos gigantes saíram de cena em grupo nesse feriado cívico, para ceder lugar a uma única personagem: a “Soberania Nacional,”  que entre batucadas e orquestra de frevo, se destacava no meio da multidão que tomou conta do centro do Recife, na 31ª edição do Grito dos Excluídos.

Foi a forma que sindicatos, associações, organizações sociais, profissionais liberais, trabalhadores,  quilombolas, povos originários e sem terra encontraram para assinalar o mote das comemorações do 7 de Setembro, em 2025. De óculos, cabelos grandes e com roupa confeccionada com a Bandeira do Brasil, “Soberania Nacional”  (foto acima) roubou a cena nas manifestações de rua do Recife, que ocuparam avenidas, com chocalhos, tambores e orquestras de metais. E recados, muitos recados nos cartazes e faixas levados para fazer barulho. Bandeiras, só as do Brasil mesmo, dos partidos políticos e organizações sociais.

Manifestantes que abriam o Grito dos Excluídos levam faixa defendendo democracia: “Luta de todo o dia”

“31º Grito dos Excluídos e Excluídas: Cuidar da casa comum e da democracia, luta de todo o dia”, dizia a faixa que abria a manifestação. Bandeiras do Brasil eram vistas em profusão, embora grande mesmo só uma, logo após a “comissão” de abertura, que puxava a marcha. E os recados eram dados de todo jeito: em cartazes impressos, em cartolinas, em frases escritas à mão. Sobrou até para deputados e senadores, em virtude do comportamento com relação a políticos envolvidos na tentativa de golpe e que atuam contra o Supremo Tribunal Federal e contra o Brasil. “Congresso Nacional, inimigo do povo”.

E ainda: “Sem anistia para golpistas”, em referência ao inelegível ex- presidente ex-capitão e seus ex ministros e auxiliares envolvidos nos atos de 8 de janeiro; também contra as indevidas interferências do Presidente dos Estados Unidos: “Trump, tire suas patas do Brasil” ou “Soberania, quem te ama não te U.S.A”; até mesmo o caso do ex-deputado que teve seu calvário retratado no filme “Ainda estou aqui”, que morreu sob tortura durante a ditadura, ganhou cartaz: “Cadeia para o General Belhan, assassino de Rubens Paiva”.

Quase sempre marco presença no Grito dos Excluídos, embora tenha o costume, também, de ir à praia no 7 de Setembro, pois no meu tempo essa data assinalava em Pernambuco a abertura oficial do verão. As areias de Boa Viagem ficavam superlotadas e tinha até bandinhas desfilando na calçadas.  Mas lembro que a primeira edição do Grito do Excluídos foi belíssima e emocionante. Depois, nem tanto.. e comecei a farrapar. Ia mesmo  era para o banho de mar. Mas em 2025, a manifestação estava repleta de significados e achei que era meu dever ir lá, não só como jornalista, mas também como cidadã.

Cada manifestante preparou o seu cartaz e levou para o Grito dos Excluídos

Desde o início da gestão passada do hoje inelegível, essa foi a primeira vez que usei brincos com a Bandeira do Brasil e vesti uma camisa amarela,  já que os bolsonazifascistas haviam se “apropriado” de cores e símbolos nacionais e que passaram a usá-los como forma de identificar os “patriotas”, nome que virou palavrão para os verdadeiros democratas.

Aliás, patriotas, os verdadeiros, somos nós, todos aqueles que estão contra golpistas, contra a direita fascista e contra entreguistas, que tentam negociar a anistia para aqueles que quiseram golpear a nossa democracia, que conquistamos a duras penas. Os “patriotas” que seguem a familícia, pelo que vi, levaram em suas manifestações pelo Brasil afora bandeiras dos Estados Unidos e de Israel. Ou seja, são a favor de atentados contra os direitos humanos e desrespeito às leis (EUA) e a favor do genocídio (praticado por Israel em Gaza).

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Texto, fotos e vídeo: Letícia Lins / #OxeRecife

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