Nada como aprender a exercer a cidadania. Foi o que fez hoje a Escola de Referência em Ensino Médio Álvaro Lins, localizada em Nova Descoberta, na Zona Norte do Recife. A Erem aproveitou a segunda feira para realizar simulação eleitoral para conscientizar os estudantes sobre a importância do voto. Curioso é que foram quatro professores que disputaram o pleito fictício, após participarem de um debate para discutir suas propostas. O momento foi seguido pela votação. Participaram da simulação os cerca de 450 estudantes da escola, com idades entre 15 e 19 anos. Sei não… mas porque os estudantes não puderam ser “candidatos”?
Teriam aprendido a debater, se familiarizar melhor com os problemas da cidade e apresentar sugestões. E também o processo teria sido mais democrático. Por que só os professores desempenharam esse papel de “candidato”? Segundo a Secretaria de Educação de Pernambuco, o projeto interdisciplinar “visa oferecer aos estudantes uma experiência prática do processo eleitoral e enfatizar a importância da participação cidadã”. Informa, ainda, que professores-candidatos tiveram duas semanas para apresentar suas propostas em uma campanha que contou com propaganda eleitoral, publicada no instagram da unidade de ensino, e distribuição de material, como adesivos. Mais uma vez, por que não também a garotada não teve essa chance de “disputar”?
Durante o debate, momento decisivo para que os estudantes escolhessem a melhor plataforma de campanha, os candidatos discutiram sobre temas como desenvolvimento social, transporte, meio ambiente, igualdade racial e de gênero e saúde. O debate seguiu o modelo tradicional, com mediador, sorteios de temas e sorteio de dois candidatos para embate direto, com direito a réplica e tréplica. Na audiência, os estudantes garantiram o cumprimento das regras do debate, como o tempo de fala de cada candidato. A partir do projeto, os jovens puderam experimentar todo o processo eleitoral com visão, claro, de eleitor. Desde análise das propostas dos candidatos durante a campanha até os procedimentos no dia da votação, como a identificação perante o mesário e a votação na cabine. Para a atividade, foi utilizada uma urna eletrônica feita de material reciclado.
Idealizada pelos professores, a iniciativa surgiu a partir da disciplina eletiva “O jovem e a política dos municípios: funções de vereador, prefeito e eleitor”, ministrada pelo professor Davi Botelho, um dos candidatos da eleição simulada. A ideia foi expandir as discussões sobre a temática para todas as turmas da escola. “Nosso corpo docente identificou a necessidade de proporcionar aos alunos uma experiência prática na escolha de candidatos e na avaliação de suas propostas, incluindo seu histórico político e realizações anteriores A iniciativa promoveu o entendimento de que é importante fazer as escolhas pensando não só no individual, mas no que é melhor para todo mundo, já que as escolhas erradas impactam o coletivo”, ressaltou Fabiane Baracho, gestora da Erem. Ana Júlia Santana, de 18 anos, vai votar pela primeira vez nas eleições municipais de outubro e aprovou a simulação na escola para obter familiaridade com o processo. “É uma coisa muito nova pra a gente que vai votar este ano. Com essa experiência, a gente conseguiu tirar dúvidas e abrir a mente para essa nova responsabilidade”.
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