Rios poluídos: Esgoto despejado por dia em Pernambuco equivale a 208 piscinas olímpicas

É inconcebível que, em pleno século 21,  Pernambuco e até mesmo sua capital permaneçam com percentuais irrisórios de cobertura de serviço de saneamento básico. Levantamento recente realizado pelo Tribunal de Contas indicou que no Estado, o saneamento só chega a 30,8 por cento da população, enquanto na Capital ou percentual é um pouquinho melhor: 44,99 por cento, mesmo assim um índice irrisório e vergonhoso.  Agora é o Instituto Trata Brasil que dá uma dimensão do que isso significa para os pernambucanos. É que, em números, o que se despeja   rios, canais, lagos e até mesmo as praias do estado equivale a 208 piscinas olímpicas de esgoto por dia.

Ou seja, em um mês, uma carga de 6.248 “piscinas olímpicas” chegando com cocô nos cursos d´água de Pernambuco, que deveriam estar limpos e livres dessa sujeira, se tivéssemos gestores responsáveis e preocupados de verdade com a preservação do meio ambiente e a qualidade da saúde do seu povo. No Nordeste, aliás, a situação é crítica em todos os estados. Por dia, a região recebe o equivalente a 1.315 piscinas olímpicas em dejetos, o que deixa a desejar a qualidade dos nossos rios, cada vez mais sujos. Em um mês, os rios e até mesmo praias da região recebem uma despejo equivalente a 39.450 piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento. Uma tragédia ambiental. “Região que abriga quase 60 milhões de brasileiros, o Nordeste apresenta uma situação preocupante para levar o acesso aos serviços básicos para a população”, alerta o Trata Brasil. Só um lembrete: uma piscina olímpica comporta cerca de 2.500.000 litros de água.

No Recife, riachos como o Parnamirim viraram esgotos a céu aberto e é comum o vazamento nas ruas, até mesmo em áreas nobres

Segundo dados disponibilizados pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ano base de 2021, apenas 30,7% da população do Nordeste é atendida com coleta de esgoto, ou seja, mais de 39 milhões de nordestinos sofrem com a ausência desse serviço. “Como somente 35,5% do esgoto é tratado, cerca de  1.315 piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento são jogadas no meio ambiente todos os dias”. Triste, não é? Pior, quanto ao acesso à água potável, mais de 14 milhões de habitantes da região não contam serviço tão báisco, enquanto 46,2% da água produzida nos sistemas de distribuição é perdida.Isto é, todo esse volume não chega de forma oficial para os habitantes. “Com metas estabelecidas pelo Marco Legal do Saneamento, no qual, todas as localidades do país devem atender 99% da população com acesso à água e 90% com coleta e tratamento de esgoto, o Nordeste deve voltar seus esforços para superar esse gargalo e buscar levar o acesso pleno do saneamento para a população”.

Convertendo a quantidade de despejo diário de esgoto em piscinas olímpicas, a situação  por estado fica assim: Alagoas (81 piscinas olímpicas de esgoto a cada 24 horas), Bahia (317), Ceará (193), Maranhão (194), Paraíba (65), Pernambuco (208), Piauí (112), Rio Grande do Norte (85), Sergipe (60).  Pernambuco, como se vê, recebe 208 “piscinas olímpicas” de esgoto por dia. Total na região: 1.315 piscinas olímpicas de esgoto atirado onde não devia. 

Todo mundo sabe que a  ausência de saneamento tem implicações imediatas na qualidade de vida da população, impactando diretamente a saúde das pessoas. Dados do DATASUS 2021, presentes no Painel Saneamento Brasil, mostram que ocorreram mais de 59 mil internações por doenças veiculação hídrica e cerca de 583 pessoas foram a óbito devido a essas doenças. Ao total, a região teve despesas de mais de R$ 23 milhões com hospitalização por doenças associadas à falta de saneamento.

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Texto: Letícia

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife

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