Pobreza e população em situação de rua tomam conta da Avenida Conde da Boa Vista, no Centro

Compartilhe nas redes sociais…

Segundo a Casa do Pão, há mais de mil pessoas perambulando, sem teto, nas ruas do Centro do Recife. A Casa do Pão, como se sabe, é um empreendimento social, implantado pela Arquidiocese de Olinda e Recife, que serve para dar acolhimento à população em situação de rua da capital pernambucana e também fornecer três refeições diárias. Ela funciona em um prédio antigo, na esquina da Rua do Imperador com a 3 de Março, no bairro de Santo Antônio.

A Casa do Pão além de matar a fome dessas pessoas, lhes possibilita fazer refeições com dignidade, em mesas e não com elas sentadas em calçadas e à beira do meio fio, muitas vezes disputando espaço com os ratos.  Também têm direito a banho e até a lavar a roupa. O que é interessante, também, é que a instituição evita que montanhas de quentinhas fiquem pelas ruas, após consumo dos alimentos. Infelizmente os grupos que trabalham dando refeições, não levam lixeiras a praças e ruas nem orientam os famintos a jogarem o lixo no lugar devido.

Sem teto e sem armários, populações em situação de rua utilizam parte superior dos abrigos para guardar pertences

E lixo espalhado contribui, em muito, para aumentar o aspecto de degradação de qualquer cidade, e não só do Recife. Aliás, se o Recife já era uma cidade com grande concentração de renda e um nível grande de pobreza, o problema só fez aumentar, após o governo passado e depois da pandemia. Uma volta pela cidade, e o que a gente vê são praças – como Maciel Pinheiro, Dezessete e a da Independência – tomadas por mendigos e gente morando nas ruas, o que mostra que a política oficial de acolhimento dessas pessoas não vem dando certo. Ou, se vem, não é suficiente. O presença da pobreza se manifesta em números, que traduzem preocupação quanto às gerações futuras. É que estudo divulgado recentemente pela Unicef mostrou que 77 por cento das crianças e adolescentes de Pernambuco vivem na pobreza,esta tão visível nas ruas também da capital.

Essas pessoas das fotos de Genival Paparazzi, dormindo ao relento, em colchões sob as marquises, não estão em nenhum subúrbio. Mas sim, simplesmente, na Avenida Conde da Boa Vista, a mais importante via do centro do Recife, Além de ocupar as calçadas com colchões, os sem teto estão usando a parte superior dos abrigos de ônibus da avenida para guardar seus parcos pertences. Se bem cuidada, a Conde da Boa Vista poderia funcionar, para a nossa cidade, como a Avenida Paulista para São Paulo. Afinal, é um corredor interessante, passou recentemente por requalificação, porém acredito que cenas como essas que vocês estão vendo além da insegurança constante afastam qualquer investidor. A degradação, o excesso de lixo não recolhido e presença constante da mendicância são visíveis, também, nas ruas vizinhas, como Hospício, Riachuelo e Sete de Setembro. Uma tristeza para quem perdeu tudo ou nunca teve nada, e também para a nossa cidade.

Leia  também
Nada menos de 77 por cento das crianças e adolescentes de Pernambuco vivem na pobreza
FPI: A despedida vida no lixão
Ong Afetos opera mudanças em comunidade rural de Ibimirim
A mentira da fome e a realidade do lixão que comoveu o Brasil
Bairro de São José: O Haiti não é aqui
Pernambucano Thiago Lucas integra projeto internacional sobre a Covid-19
Fome só faz se agravar. E o Recife?
Fantasma da fome virou pesadelo real
Coronavírus traz fantasma da fome
O alerta da  pandemia: “Estou com fome”
Entre a cidadania e o retrocesso: Vacina no braço comida no prato
Ceará: comida para quem tem fome
Pandemia: a fome tem pressa
Fome, tortura, veneno e maniqueísmo
FPE: A despedida da vida no lixão
Adultos e crianças: A vida no lixão
Fome no Brasil é uma grande mentira?
Ação contra a fome no metrô
Ação de cidadania para Natal sem fome
População de rua cresce na pandemia
População de rua e restaurante popular
Por um Recife com igualdade social e ruas sem lixo
Quitinete para morador de rua
Vida na rua, praça, rede e droga
População de rua ganha banhos e conserto de bicicleta
Pobre Recife. Será que isso vai mudar?
A voz do eleitor: Quero um Recife onde pobre não seja tratado como animal
Brechó: Casas para a Entra Apulso
Projeto Ação prepara Festa natalina
Palafitas vão ganhar live a partir de barco: “O rio vai pegar fogo”
Vem mais veneno por aí nos alimentos
O grito dos excluídos e excluídas
Thiago Lucas: Morte e Vida Severina e a Geografia da Fome Brasil 2022

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Genival Paparazzi / G.F.V Paparazzi / ZAP (81)995218132)/ gfvpaparazzi@gmail.com

Continue lendo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.