Livro conta perseguição sofrida pela Rádio Universidade na ditadura de 1964

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Primeira emissora universitária do Norte e Nordeste e terceira do país, e embora pertencendo a uma instituição oficial, a então Rádio Universidade, fundada pelo educador Paulo Freire (foto superior), foi uma das vítimas da ditadura implantada no Brasil a partir de 1964. Alvo de ações de “caça aos comunistas” sofreu intervenção militar e alguns dos seus colaboradores chegaram a ser presos. Assim, ficou suspenso o seu  projeto de comunicação emancipatória, que era parte do sistema de educação idealizado pelo autor de “Pedagogia do Oprimido” que, exilado,  passaria a ser um dos  mais respeitados profissionais do setor do século 20 no mundo.

A perseguição militar é uma das revelações que consta no livro  “A Rádio que Paulo Freire sonhou”, imperdível para quem gosta de história, para as gerações mais jovens que não vivenciaram os anos de chumbo, e também para todos aqueles que querem conhecer melhor uma das muitas faces cruéis do último regime de exceção registrado no Brasil. O livro será apresentado no dia 19 de setembro, a partir das 11h30, no Auditório Prof. Paulo Rosas – ADUFEPE, na Cidade Universitária. O lançamento integra parte da programação do evento “Paulo Freire em setembro – Ato político pedagógico cultural”, que comemora, há 12 anos, o aniversário de nascimento do patrono da educação no Brasil, nascido no Recife em 1921. Ele faleceu em 1997, pouco depois de seu retorno ao país. O livro recupera a história silenciada da Rádio Universidade, inaugurada em 29 de setembro de 1963, como parte do Serviço de Extensão Cultural, então dirigido por Paulo Freire.

Após ser desmantelada, ela seria reativada ainda durante a ditadura, com o nome de Rádio Universitária. Recuperar a sua história é muito bom, principalmente quando o bolsonazifascista mor (que acaba de ser condenado por tentativa de golpe de estado) e seus seguidores se negam a reconhecer que o Brasil viveu uma ditadura a partir de 1964. Como se não bastasse o fechamento da Rádio Universidade, muitos dos seus documentos foram extraviados durante o período militar, o que dificultou o trabalho dos pesquisadores, que – muitas vezes – tiveram que se valer também de publicações na Imprensa (então sob censura) para costurar as informações necessárias ao livro.

Construído a várias mãos e apoiado em uma vasta pesquisa documental, o livro apresenta os contextos político, universitário, cultural e midiático nos quais a emissora foi criada, permitindo entender a repercussão que sua programação teve. Isso nos poucos mais de sete meses em que esteve no ar, sob a influência freireana, contando com a colaboração de intelectuais, movimentos sociais e estudantis. Com apoio da Superintendência de Cultura e publicado pela Editora Textos, o livro conta com colaborações dos pesquisadores da Cátedra Paulo Freire, Eliete Santiago e Dimas Veras, além dos professores Ana Maria Veloso, Flávio Weinstein Teixeira, Paula Reis e Yvana Fechine (que também organizou a publicação). Colaboram ainda com capítulos do livro: Roberta Lira dos Santos, Cícero Kennedy Lacerda, Willian Araujo, Catarina Apolonio, Gustavo Cabrera, Igor Cabral, Isabel Bahé e Erika Ferreira (também responsável pela criação da capa).

O livro será apresentado posteriormente na XV Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, no dia 06 de outubro, às 18 horas. O lançamento do livro no evento “Paulo Freire em setembro” fecha a programação de uma manhã dedicada à reflexão sobre a contribuição do legado freireano para a escola pública na atualidade. A entrada no evento, que começa a partir das 9h, é gratuita e sem necessidade de inscrição prévia. E não esqueçam, hoje, quinta-feira (18/9) tem outro evento importante, na UFPE. É o “Seminário Memória do Audiovisual em Pernambuco”, que acontece a partir das 14h no auditório Evaldo Coutinho, que fica no CAC da UFPE. Mais informações, confira no primeiro link do “Leia Também”.

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Serviço
Lançamento do livro “A Rádio que Paulo Freire sonho”
Quando: Sexta-feira, 19 de setembro
Horário: 11h30m
Onde: Auditório Prof. Paulo Rosas – ADUFEPE, na Cidade Universitária
Aberto ao público

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: UFPE / Acervo #OxeRecife

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