Uma exposição que não pode deixar de ser visitada. Afinal, é sobre um homem ilustre, respeitado em todo mundo e que muito orgulha Pernambuco: o educador Paulo Freire. Que, aliás, foi tema de uma grande mostra encerrada no mês de fevereiro de 2023, no Museu do Estado, quando a “Ocupação Paulo Freire”, convidava o visitante a fazer uma viagem biográfica em torno do autor de “Pedagogia do Oprimido”. Passando pela infância no Recife, os estudos, o método de alfabetização, o exílio, o reconhecimento internacional e a volta ao Brasil, onde morreu, em 1997, aos 66 anos. Entre os dias 25 e 31 de outubro, a comunidade poderá conhecer mais uma curiosidade sobre o grande educador, através da exposição “A Rádio que Paulo Freire sonhou”.
A mostra será inaugurada às 11h da segunda-feira (25), no Hall do Centro de Artes e Comunicação (CAC), da Universidade Federal de Pernambuco. Detalhe: Não se destina apenas à comunidade acadêmica, pois é aberta ao público. E é uma oportunidade para que todos nós, pernambucanos, conheçamos mais esse lado do educador. Em 16 painéis, a mostra situa o contexto histórico e acadêmico da inauguração da Rádio Universidade, em 1963, quando o Brasil vivia em grande efervescência política, em meio à mobilização de elites que não aceitavam governos populares, como os do então Presidente João Goulart e do então Governador de Pernambuco, Miguel Arraes (PSB). E que seriam derrubados, em 1964, com o Golpe Militar. “Mais do que a história de uma rádio, o que a exposição conta é também a história do país”, destacam os organizadores da iniciativa.
A Rádio foi fundada em 29 de setembro daquele ano pelo próprio pedagogo, e fazia parte do Serviço de Extensão Cultural (SEC), da então Universidade do Recife, hoje UFPE. Foi no SEC que Paulo Freire consolidou o seu método de alfabetização de adultos e através dele conseguiu agregar geração de jovens artistas e intelectuais progressistas. Entre eles, o primeiro diretor da emissora, José Laurênio de Melo, que foi um dos fundadores do atuante Teatro do Estudante de Pernambuco (ao lado de Hermilo Borba Filho) e do Gráfico Amador (junto com Aluísio Magalhães). Já a Rádio Universidade funcionava como importante braço na promoção da cultura, dos saberes populares, e da campanha de alfabetização de adultos, pautada pela leitura crítica da realidade. Naquela época, o analfabetismo era muito grande no Brasil, o que dificultava o crescimento de partidos de esquerda, já que não era dado o direito de votar aos iletrados. Tanto engajamento político na educação de orientação popular, terminou por ser considerado “perigosamente subversivo”, quando o Golpe Militar começava a se desenhar.
Quando aconteceu, em 1964, o SEC foi fechado e acabou sendo extinto. Porém a Rádio não chegou a ser fechada, mas passou a ser tutelada pelos militares, como era comum no Brasil dos milicos. E sua proposta original foi sufocada. Em 2018, a Rádio Universitária passou a se chamar Rádio Paulo Freire e atualmente funciona com frequência modulada (FM). A expô é realização da Rádio Paulo Freire em parceria com a Diretoria de Comunicação da UFPE (Supercom). Conta, ainda,com apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, Cátedra Paulo Freire e d Biblioteca Central, e Memorial Denis Bernardes. Paulo Freire merece. Pela sua história, pelo seu valor, pela herança que deixou para o bem da humanidade. Sou fã de Paulo Freire. E, como repórter, fiz cobertura de sua presença em Pernambuco, ao voltar do exílio, quando fez uma declaração pública de amor à sua mulher, Ana Maria Araújo Freire. Posteriormente, entrevistei Ana Maria, já viúva, sobre o livro que ela escreveu, “Paulo Freire, Uma História de Vida”, no qual detalha vida e obra do educador, em mais de 650 páginas. Aí,fiquei mais fã ainda não só dele, mas também dela. Visitei a expô do Museu do Estado e, claro, irei à da UFPE.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Memorial Virtual de Paulo Freire
Homenagem indispensável.
Paulo Freire tem uma importância que se revela maior a cada dia.
Obrigada por divulgar.