Dia da Criança tem Revista Sem Terrinha dedicada a Paulo Freire

Compartilhe nas redes sociais…

Dia da Criança não só de brincadeiras, mas também para se pensar. E para sem pensar em quem defendeu um direito a todas crianças e adultos deveriam ter acesso: à Educação. E educação de qualidade, com ferramentas e meios de motivação bem próximos da realidade dos aprendizes. Vejam que coisa interessante: Em comemoração ao 12 de outubro, mais uma edição da Revista Sem Terrinha é lançada, com arte e conteúdos especiais sobre o legado do educador popular Paulo Freire que, se vivo fosse, teria completado cem anos em 2021. A revista está disponível, em versão online e impressa no site do MST.

Ou seja, qualquer pessoa tem acesso ao conteúdo. A publicação é lançada no mês em que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realiza a Jornada Nacional “Movimento Sem Terra: Cultivando Solidariedade”, entre os dias 10 e 12 de outubro, onde as crianças participam de atividades educativas e lúdicas em todo país, com o lema “Sem Terrinha cultivando solidariedade e o legado de Paulo Freire”. O que é muito justo, principalmente nesse momento em que o governo brasileiro se recusa a reconhecer o valor de Paulo Freire, que fez da educação uma missão que o transformou em um dos pensadores mais respeitados do mundo.

MST lança revista sem terrinha sobre Paulo Freire, para as crianças do Movimento em todo o país.

Só o capitão que governa esse país e seus apaniguados não enxergam isso. A edição da Revista Sem Terrinha foi elaborada coletivamente pelos Setores de Educação, Comunicação e Coletivo de Relações Internacionais do Movimento. O primeiro texto foi construído a partir de uma carta elaborada por Isabela Camini, do Setor de Educação do MST. Por meio da carta, se estabelece uma narração imaginária, onde Paulo Freire escreve para as crianças Sem Terrinha:“Quero contar a vocês que quando criança, aprendi a escrever e a soletrar as primeiras palavras debaixo de um pé de mangueira. O meu lápis era um graveto e o meu caderno era o chão. Quando eu me recordo disso, penso em vocês, Sem Terrinha, pois sei que as árvores e os barracos de lona preta foram as primeiras salas de aula onde muitos de vocês aprenderam a ler e a escrever”.

É muito bom que isso seja assim lembrado. Em minha vida de repórter, passei muitos anos acompanhando o MST, em ocupações de terra, em despejos, em enterros e velórios decorrentes da luta pelo chão, e também no cuidado que o Movimento tem com a educação.  Já  me emocionei vendo crianças estudando sob a sombra de uma árvore, fazendo riscos com gravetos na terra seca. E não foi só uma vez. Então, não se trata de uma metáfora. Mas de uma realidade. Então, muito bem lembrada,a iniciativa do MST e sua Revista Sem Terrinha deste ano, contando a trajetória de Paulo Freire, o “menino-educador”, a partir de textos, brincadeiras, desenhos e imagens diversas.

” É uma verdadeira viagem pelo seu processo de formação e leituras realizadas por Freire sobre a realidade e a educação, a partir de sua atuação no Brasil, mas também na Guiné-Bissau, país localizado no continente africano, onde Freire se refugiou após ser expulso pela ditadura civil-militar”, informa o MST. “Na Guiné-Bissau, a história de Freire se cruza com a de Amílcar Cabral, que foi um político, agrônomo e teórico marxista da Guiné e de Cabo Verde. Ele também sempre quis entender o mundo em que ele vivia. Esse mundo era a África Colonial – ou seja, o período em que a África foi invadida por europeus. E essa vontade grande de ler o seu mundo foi se transformando na vontade de mudar esse mundo”. Afinal, educação alienada, como a que tem gente querendo impor serve para quê? Aliás, não é só o cuidado com a educação que merece  elogios naquele movimento social, que tanta polêmica já despertou no Brasil. Estão aí a agricultura familiar e orgânica, os armazéns do campo, a distribuição de alimentos aos famintos da pandemia e também o projeto para plantio de 100 mil árvores no Brasil que não nos deixam mentir.

Leia também
Lula chega no Recife amanhã, encontra políticos e depois vai ao MST
Lula e os baobás eternos
Milícia privada, MST e ação solidária
Trilhas da democracia com o MST
MST: Da ocupação de terras ao plantio de 100 milhões de árvores
Memória e censura: Quando a palavra camponês era proibida nas redações
Os levantes das ligas camponesas
Livros  com desconto no  centenário de Paulo Freire
Cadê a casa onde nasceu Paulo Freire? Veja qual era o chalé de sua infância
Paulo Freire: Os caminhos do educador no Recife, onde tudo começou
Festa para o centenário de Paulo Freire
Casa duplamente histórica no Poço
Sessão Recife Nostalgia: Escolinha de Arte
Menino veste azul e menina veste rosa?
Sessão Recife Nostalgia: Sítio Trindade, história, festa, verde e abandono

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: MST / Divulgação.

Continue lendo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.