Carlos Pena Filho e Olinda inspiram expô de Ritinha: “É lá que eu vejo”

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Ritinha  Oliveira, mais conhecida simplesmente como Ritinha, é uma artista visual preta, periférica e autodidata. Há seis anos dedica-se aos pincéis, confeccionando quadros, murais, e painéis decorativos em ambientes internos, usando diversas técnicas: tinta  acrílica, giz pastel oleoso, aquarela. É, também, artista digital. Sua fonte de inspiração é Olinda: o colorido,  o carnaval, a cultura popular, a paisagem, o cotidiano da cidade. Até o mês de outubro, o público pode visitar sua exposição “É lá que eu vejo”, na qual 14 quadros remetem  a cenas e cores da cidade onde vive, nasceu e se criou.

A expô está em cartaz no Museu Regional de Olinda até o dia 12 de outubro. O Museu fica na Rua do Amparo, 128, Amparo, no sítio histórico daquela cidade. “É lá que eu vejo” é a segunda individual de Ritinha (a primeira foi Memórias do Carnaval, 2024). Mas é sua primeira exposição incentivada com financiamento público, tendo sido aprovada no Edital de chamamento público de  Fomento a Projetos Culturais – Edital nº 002/2024, da PNAB – Prefeitura de Olinda. A expô tem curadoria de Clara Nogueira. Ela diz que  Ritinha dessacraliza a imagem de Olinda como a paisagem contemplativa do poema que inspira o título da exposição — “Olinda, do alto do mosteiro, um frade a vê”, do poeta Carlos Pena Filho (1929-1960). “Nesta exposição, que retrata sua vivência cotidiana, Olinda não é cenário: é o seu corpo, as suas raízes e o seu futuro. Suas pinturas trazem fragmentos dessa paisagem vivida e das lembranças que a artista performa. Pintada às margens da colina histórica, a exposição nasce do quintal da infância, da casa da avó, Dona Netinha”.

Dona Netinha, aliás, é quem ancora sua vida e agora também a do filho da artista, Henrique.  Segundo Clara, da travessia entre a casa íntima e o mundo externo, nascem conexões com pessoas, casarios, praças e o mar. “São 14 telas em técnica mista: acrílica, giz pastel oleoso e miçangas. Esta última, em particular, demonstra a necessidade da artista de adicionar outra dimensão sensorial às obras e, assim, refletir todas as perspectivas por ela criadas”, diz. Paisagens e gentes do Varadouro, Carmo, Amaro Branco, Guadalupe, Bonsucesso, Monte estão retratadas na exposição. Diz a curadora:

“Estes bairros se misturam em pinturas coloridas que dissolvem as linhas invisíveis criadas para separar o Sítio Histórico gentrificado de sua periferia, ressaltando os fazedores dessa cultura viva e suas geografias. Por isso, as telas são povoadas por quem movimenta a cidade e pelos espaços de memória e resistência que vibram com os sons e gestos de seus personagens”.

Conforme a curadora, Ritinha faz referências ao Carnaval ao revelar a conexão entre foliões, músicos, bonecos gigantes, passistas, la ursas, papangus, que surgem como manifestações personificadas da imaginação olindense. “Em É lá que eu vejo, cores, memórias e poesia se encontram para revelar Olinda, através de um olhar íntimo e afetuoso”, diz a artista. “Cada tela é um pedaço da cidade que me move, das ladeiras aos cheiros, dos encontros às saudades”.

Carlos Pena Filho, o poeta do azul e Olinda inspiram Ritinha em sua segunda individual: “É lá que eu vejo”

De acordo com Clara, Ritinha, ao pintar o casario de Olinda visto do mar, “entrega-nos o pertencimento e a leitura dessa paisagem experienciada, sentida com o toque dos pés, com os ouvidos atentos e com o cheiro do mar: com todo o corpo”.  E conclui: “Assim, a artista nos convida a deslocar e dessacralizar nossa percepção, vivenciando suas obras, de perto e de dentro, como ela”. Boa sorte para Ritinha e seu alegre colorido.

Nos links abaixo, informações sobre artistas que vivem ou viveram em Olinda

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Serviço:
Exposição “É lá que eu vejo”, de Ritinha
Onde: Local: Museu Regional de Olinda – Rua do Amparo, 128. Amparo – Olinda PE
Quando: 12/09/25 a 12/10/25
Horário de funcionamento: Terça a sexta-feira: 9h às 17h; Sábado e domingo: 14h às 17h
 Visita mediada com acessibilidade (Libras): 26/09/25 (todos os quadros que compõem a exposição são audiodescritos )
Quanto: acesso gratuito
Curadoria: Clara Nogueira

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Gerlaine Ferreira / Divulgação

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