Fenearte tem lançamento do livro “A Lírica de Carlos Augusto Lira”, sobre coleção de artesanato

Previsto inicialmente para o último mês de abril, acontece nesse domingo o lançamento do livro “A Lírica de Carlos Augusto Lira”, que mostra a outra face, a de colecionador, daquele que é um dos mais solicitados arquitetos do Recife. Colecionador não só de obras de arte e antiguidades, mas sobretudo de peças de artesanato, que já somam quase 5 mil peças que são tratadas como pessoas da família. Ou seja, com um carinho e zelo imensos. Basta dizer que o colecionador comprou um imóvel no bairro onde reside, Apipucos, para acomodar seus objetos. Morando defronte do local onde a coleção está agora abrigada, da minha janela testemunhei os momentos de desembarque, a abertura das embalagens, as inúmeras vezes em que os caminhões chegavam com a carga tão especial. E também testemunhei a dificuldade de achar lugar para peças gigantescas, que passaram dias na calçada até a escolha do local adequado para algumas delas. O secular imóvel onde as peças se encontram, no entanto, ganhará adaptações para que a coleção ganhe maior visibilidade. Mesmo antes de iniciadas as obras para as adaptações necessárias, vez por outra, chegam visitantes até de outros estados para ver o conjunto tão representativo da cultura brasileira.

O local para o lançamento do importante volume, com 346 “páginas-ambientes”- como ele faz questão de ressaltar – não poderia ser mais adequado: na 23ª edição da Feira Nacional dos Negócios do Artesanato – a Fenearte. E mais adequado ainda: a tarde de autógrafos será no Espaço Janete Costa, aquele que fica do lado externo do pavilhão, em frente às catracas que dão acesso à Alameda dos Mestres. Carlos Augusto é discípulo confesso de Janete Costa (1932-2008), com quem aprendeu a conciliar a presença do artesanato com os modernos projetos de arquitetura. O início da tarde de autógrafos está marcado para 17h, com acesso livre do público. Mais uma publicação primorosa da Cepe (Companhia Editora de Pernambuco), o livro conduz o leitor a um “passeio” que extrapola artesanato, passando pela residência do colecionador (que é quase um museu), pelas pratarias, cristais, obras de arte. Aliás, foi com uma que tudo começou. Quando comprou uma uma gravura do artista Carlos Scliar (1920-2001). Depois vieram se somar obras de João Câmara, José Cláudio, Ariano Suassuna, Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral, entre outros.

Ao mesmo tempo que a coleção de artesanato ia crescendo. É sobre tudo isso, que o livro versa. Fartamente ilustrado, com fotografias primorosas, ele mostra bilhas, colheres de pau, formas de rapadura, mesa para fabricação artesanal de queijo, imagens sacras, ex-votos, mamulengos, carrancas, bordados, bonecos articulados, cerâmicas utilitárias, peças decorativas, candeeiros, bancos, cadeiras, bonecos de barro. E ainda, artigos indígenas ou africanos. Há peças em argila, madeira, contas, penas, metais (até mesmo prata e ouro). O livro, no entanto, mostra a coleção como um todo, incluindo não só produções de artistas e artesãos brasileiros, como também peças de outros países, como colares tibetanos, santuários franceses, saias usadas por czarinas com tecido bordado em prata, vestuário infantis de mandarins. Para ele não há limite geográfico para se encontrar alguma relíquia. “Uma coisa é certa, em todo lugar há um mercado de arte. Beleza não é exclusividade de Paris ou Nova York. Em todo lugar que você for, pode acreditar, você vai encontrar coisas boas. É só procurar”, comenta, com seu olho “clínico”, quando o assunto é obra de arte ou artesanato.

Mas não é só olho treinado que funciona não. Para ser um bom colecionador, é necessário bater perna para garimpar.  Pode ser  em busca de uma carranca de Petrolina (no Sertão pernambucano); de mamulengos de Buenos Aires (Zona da Mata de Pernambuco); bonecos de madeira de Canhontinho (Agreste pernambucano) ou em barro, do Vale do Jequitinhonha (Minas Gerais).  “É  preciso ir a feiras, brechós, visitar artistas e artesãos, bajular a velhinha que anunciou e cismou depois em não vender”, diverte-se. E acrescenta: “Eu coleciono todo dia, ou conservando o que tenho, ou comprando, ou economizando para poder continuar a comprar”. O livro tem curadoria e  texto de Ciema Silva de Mello, Doutora em Antropologia.  “A coleção é um prolongamento da  índole, das convicções, das preferências e até das aversões de Carlos Augusto. Absorve a gravura de Portinari com a mesma naturalidade com a qual incorpora o milésimo ex-voto, pois assinaturas ilustres não ofuscam os anônimos”, diz ela.  Já o arquiteto tem uma forma particular de definir aquele que começou como hoby e terminou como obsessão: “Sou colecionar, não sou crítico. Se eu disser que colecionei com método, é mentira.  A coleção foi acontecendo”. E conclui: “Acho que a arte erudita só existe graças à arte popular. Pablo Picasso e Francisco Brennand não seriam quem foram sem a arte africana”. O livro tem projeto gráfico impecável de  2abadDesign (Gisela Abad e Amélia Paes), fotos de Dudu Schnaider e Emiliano Dantas, e custa R$ 250.

Leia também
A lírica de Carlos Augusto Lira: Lançamento de livro sobre coleção reunida por arquiteto é adiado
Livro Feira de sonhos é lançado na Fenearte
As loiceiras de Tacaratu
Começa nessa quarta a Fenearte: Loiceiros de Pernambuco – A Arte da terra, poesia das mãos
Loiceiras e circuito Fenearte com ocupação denovos espaços são novidades da Fenearte
Fenearte inclusiva: Primeira pizzaria do mundo com jovens com síndrome de Down
O movimento mangue na moda é o assunto do dia na Fenearte
Fenearte está bombando
Começa a Fenearte: A festa para os olhos
Fenearte vai bombar com manguebeat

Fenearte está bombando
Começa a Fenearte: A festa para os olhos
Fenearte vai bombar com manguebeat
Corra que a Fenearte acaba hoje
Alunos fazem aplicativo para Fenearte
A vez dos reciclados na Fenearte
Prestigie artesãos do Recife na Fenearte
Moda sustentável na Fenearte
Corra que a Fenearte acaba hoje
Ganzá inspira praça premiada
Alunos fazem aplicativo para a Fenearte
Os santos de Ribamar na Fenearte
Prestigie os artesãos do Recife na Fenearte
Dia de fazer garimpo na Fenearte
O mané gosto de Saúba
Centro de Artesanato de Pernambuco ganha livraria
Plaza Shopping ganha loja de artesanato
Que tal dar artesanato no Natal?
Artesanato baratinho no Sítio Trindade
Fenearte também é ressocialização
Dia do artesão: Viva Miro dos Bonecos
Miro e o show dos seus bonecos
A Serra Pelada de Sinha é só riqueza
São Francisco, natureza e artesanato
Dia do Artesão: Viva Miro dos Bonecos
O Mané Gostoso de Saúba
Fotógrafos documentam mamulengos
Moda pernambucana no Marco Zero
Eduardo Ferreira lança Coleção Aláfia
Combo X revive Manguebeat no Capibar
Cais do Sertão mostra arte de J.Borges

Serviço
Lançamento do livro “A Lírica de Carlos Augusto Lira” (Editora Cepe)
Quando: Domingo, 9 de julho
Onde: Espaço Janete Costa (área externa da Fenearte), no Centro de Convenções de Pernambuco
Horário: 17h
Preço: R$ 250
Evento aberto ao público

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos:  Emiliano Dantas /Divulgação / Cepe 

Continue lendo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.