Polêmica e consulta pública para destino de terreno de 12 mil metros quadrados no Poço da Panela

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Termina hoje o prazo para que a população do Recife se manifeste com contribuições na consulta pública aberta pela Prefeitura para o projeto Jardim do Poço, cuja implantação já foi anunciada pelo Prefeito João Campos(PSB), em suas redes sociais. O terreno onde o parque será construído, com 12 mil metros quadrados, fica de frente para a Avenida Dezessete de Agosto com a lateral para a Avenida Dr. Seixas (na verdade uma rua que nem calçamento tem). Era nele que funcionava uma edificação secular, a Casa de Saúde São José, que foi barbaramente demolida enquanto tramitava o processo de tombamento nos órgãos competentes. O novo parque faria conexão com o Jardim Secreto, área verde de 3 mil metros quadrados, implantada à margem do Rio Capibaribe, no Poço da Panela, por iniciativa da comunidade.

O terreno alvo da consulta pública aberta pela Prefeitura tem uma longa e tumultuada história. Ele foi anteriormente adquirido pela Rede Carrefour, que demoliu o prédio em um final de semana, há mais de uma década. A ação rendeu processos judiciais contra a Prefeitura, o servidor que autorizou a demolição e a própria empresa. A construção do supermercado passou a ser questionada, também, por moradores do Poço da Panela, que temiam o fim do sossego do bucólico e histórico bairro.  Posteriormente, o imóvel foi comprado pelo Atacado dos Presentes, que pretendia construir um lojão no local. Nova mobilização foi deflagrada pelos moradores do Poço da Panela contra a empreitada, por achar que o empreendimento não se adequava ao perfil do bairro. Também temiam pela mobilidade, já bem precária na região. Eles fizeram protestos com plantio de árvores e até fechamento da Dezessete de Agosto. Por achar que o lojão tiraria o sossego do bairro, que fica entre Monteiro e Casa Forte.

A briga chegou a movimentar até a Fundação Joaquim Nabuco, quando o seu então presidente, Antônio  Campos, considerou que o Atacado prejudicaria o processo de tombamento do campus da Fundaj e seu entorno, então em andamento. Agora, o terreno é alvo de disputa entre moradores daquela região. Há quem defenda o parque, mas há, também, comunidades desalojadas com a construção da ponte Jaime Gusmão (que ligará os bairros de Monteiro e Iputinga), que exigem a construção de conjuntos habitacionais para acomodar as famílias residentes às margens do Rio Capibaribe, que foram retiradas da área para a construção da ponte, a maior parte da chamada Vila Esperança, ali pertinho.

Famoso pelos seus casarões seculares o Poço virou alvo de consulta pública: Novo parque ou conjunto habitacional?

“A participação dos cidadãos com sugestões servirá como base para a construção do projeto que será implantado no local. Os interessados devem responder o questionário e sugerir contribuições até o dia 10 de julho, através do Conecta Recife ou pelo site ”, informa a Prefeitura.   Segundo a PCR, “além dos bairros de Casa Forte, Poço, Santana e Monteiro, o Jardim do Poço irá beneficiar também os moradores da Iputinga, que poderão ter acesso ao espaço quando da inauguração da Ponte Jaime Gusmão, que conectará os bairros do Cordeiro e Iputinga”. Informa, ainda, que habitantes de 17 Zonas Especiais de Interesse Social nos territórios das redondezas também serão beneficiados pelo novo equipamento. São elas o Sítio do Cardoso, Sítio do Berardo, Novo Prado, Benfica, Vila União, Brasilit, Vila Arraes, Sítio Wanderley, Torrões,  Prado, Vila do Siri, Capunga, Vila Esperança Cabocó, Alto do Mandu, Abençoada por Deus, Vila Inaldo Martins e Poço da Panela.

“O bairro do Poço da Panela, localizado na Zona Norte do Recife, é um patrimônio histórico e cultural da cidade, cujos moradores são ativos e dedicados à preservação dos aspectos históricos, naturais e culturais do local”, afirma a PCR, segundo a qual a área verde onde será implantado o Jardim do Poço “foi recentemente desapropriada pela Prefeitura”.  Para moradores, arquitetos e urbanistas consultados pelo #OxeRecife  a área é realmente  mais adequada para a implantação de um parque do que para supermercados, lojão e até mesmo moradia. Porém há um grupo que defende que o terreno seja usado para construir conjuntos habitacionais para os desalojados da Vila Esperança. Vamos aguardar, para ver no que dá, não é? De qualquer forma, mesmo que a implantação do parque esteja consumada, os moradores do Poço reclamam do excesso de concreto em projetos divulgados nas redes sociais e querem discutir a presença de equipamentos como anfiteatro, boxes para pequenos comércios (venda de água de coco, refrigerantes, artesanato, comidas) e outros.

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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

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2 comments

  1. Alô. Parceiros de uma ideia. 1-As lutas desencadeadas e históricas na preservação dos 12 mil metros de área verde do bairro passam por algumas reflexões.1.1- A área da antiga Casa de Saúde São José , que enquanto existiu se alinhava ao que se tinha como o atendimento a pacientes portadores de “doenças mentais” e que pouco depois por novas diretrizes e com mudanças inovadoras na área de saúde, foi sendo desmobilizado ao ponto do seu fechamento
    1.2-As pressões urbanas decorrentes do aumento populacional e da inexistência de políticas públicas habitacionais mais consistentes fizeram que a ocupação , desta vez não mais dos morros, mais cada vez mais dos baixios na várzea do rio e próximo ao mercado de trabalho fossem sendo ocupados. Era a crescente ocupação da zona norte. 1.3- A municipalidade ignorou essa demanda em diversos dos seus instrumentos normativos inclusive com às recomendações expressas no ESTATUTO DA CIDADE a respeito do USO CAPIAO URBANO, de interesse pacífico, por exemplo. 1.4- Para se voltar ao futuro e com ideias consentâneas ao momento atual teríamos ao meu ver , levantar o cadastro das propriedades e terrenos que irão se beneficiar através da sua valorização direta , quer valores imobiliários / proprietários, quer valores fiscais/ impostos territoriais urbanos a serem recolhidos pela municipalidade. 1.5- O exemplo a ser seguido no caso é entender que dentro da viabilidade econômica, a responsabilidade do empreendedor imobiliário e do Município é de fato de maior monta, a exemplo de outras cidades no mundo, onde quem ali residia anteriormente há de ser considerado, e ter solução viável no próprio empreendimento que será beneficiado financeiramente, e não em detrimento da qualidade ambiental da cidade.1.6- Sugiro portanto que antes dessa “anuência” que se pretende seja claramente posta as áreas de entorno e seus proprietários que se beneficiarão com esse investimento e quantas unidades habitacionais construídas pelo capital imobiliário significaria para a negociação de soluções justas e alternativas para as desapropriações que estão sendo feitas. 1.6- E por fim, área verde SIM conectadas ao Jardim às margens do rio, exemplos da comunidade, e as outras áreas verdes que vem se agregando paulatinamente às margens do rio como um grande parque municipal. Um Espaço dedicado à todos: capivaras em seus trajetos, crianças, adolescentes, jovens e adultos e idosos com atenção especial considerando o crescimento desta população conforme pirâmide etária no Brasil e no mundo. E que sejamos “com tem po ra neos..”. sem eximir responsabilidades de ninguém! E lembrando não mascarar “ o problema e o falso problema” como diria meu querido professor

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