Calçadas assassinas (5): As exceções da regra e os acidentes provocados pela má conservação

Como caminhante – costumo andar todas as manhãs – já sofri vários acidentes devido a calçadas em péssimo estado no Recife. Elas estão em todos os bairros, tanto nas chamadas áreas nobres quanto nas periféricas, embora haja exceções como a da foto acima. No último domingo, não participei de passeios a pé como os promovidos pelos grupos Caminhadas Domingueiras e Bora Preservar, porque sofri mais um acidente, uma topada que me fez – literalmente – mergulhar na calçada. Felizmente não fraturei nada, mas tive escoriações nos joelhos, nos dois braços e, pior, no rosto.  Os óculos se quebraram, fiquei com o olho roxo, e ferimentos no nariz, na bochecha e na testa. Só no rosto foram cinco, além dos hematomas. E só nessa segunda-feira, voltei a fazer as caminhadas normalmente, porém com uma camada pesada de filtro solar na face, para não prejudicar a cicatrização dos ferimentos. Fui contando os buracos, 84 no meu curto caminho, alguns tão graves como este da foto abaixo, na Rua Isaac Salazar.

Armadilha feia para o pedestre, na esquina da Rua Isaac Salazar com a Sebastião Alves, no bairro da Tamarineira

Não ia falar desse meu acidente aqui, pois já começo a pensar que sou muito desastrada. Mas estou convencida que a culpa é mesmo das calçadas. Na semana passada, na fisioterapia havia seis pessoas na sala. Cinco já haviam caído, como eu,  sendo que um mostrou ferimentos no joelho, após queda que tinha sofrido há três dias. Hoje, além de mim, eram três.Todas com histórico de queda em buracos no asfalto ou nas calçadas. No domingo, estive na Tenda Casa Forte – para ver os trabalhos das amigas @Gisela Abad e @Lorane Barreto – e ao chegar lá com a cara marcada, o que não faltou foi gente me relatando acidente seríssimos, por conta das nossas péssimas calçadas. Uma dessas pessoas estava inclusive com o filho no braço, no momento do acidente. Felizmente o menino só tomou um susto. Mas ela… coitada, teve fraturas, ligamentos rompidos…

Então, o problema é mesmo sério. Hoje de manhã fiz um percurso não tão longo. Deixei o automóvel próximo ao Plaza Shopping, em Casa Forte. De lá fui caminhando até o bairro da Tamarineira. No retorno, me dei ao trabalho de contar as armadilhas do caminho na calçada à direita, pela qual eu caminhava,  no retorno a pé, no sentido centro subúrbio. Vim da Avenida Rosa e Silva, mas comecei a contabilizar os buracos, rachaduras, pedras soltas e situações de risco a partir da Estrada do Arraial, à altura da Vila dos Comerciários.  Passei pelas Rua Sebastião Alves,  Padre Roma, Desembargador Góis Cavalcanti, Avenida Dezessete de Agosto, até o Plaza Shopping.  A armadilha mais comum é o desgaste do concreto,  com formação de buracos. Mas há desníveis, tampas afastadas como as  da foto acima e pedras portuguesas rolando. Foi numa situação dessa que uma amiga, moradora de Boa Viagem, torceu o joelho. A pedra enganchou na alça da sandália. Foi mais de um mês sem colocar o pé no chão e dependendo inclusive de cuidadora.

Qual a segurança que o pedestre tem ao atravessar a faixa na esquina da Dezessete de Agosto com a Estrada do Encanamento?

As 84 situações impondo risco aos pedestres estão no passeio público, no meio-fio, no asfalto junto às calçadas, nas pedras portuguesas soltas nas calçadas das praças, como a José Vilela

. Nas fotos desse post, você observa essas situações. A superior, fica na Rua Gois Cavalcanti e representa uma boa opção para o pedestre, na hora que vai atravessar a rua. A segunda fica na esquina da Rua Isaac Salazar com a Sebastião Alves (risco grande). A terceira  fica bem pertinho da primeira e é na esquina da Estrada do Encanamento com a Avenida Dezessete de Agosto: risco para quem desce da calçada sem olhar o chão (já aconteceu comigo, fui olhar o trânsito e não vi o rombo no asfalto). Risco também para quem usa a faixa para ciclistas na Estrada do Encanamento. Ontem, enquanto eu fotografava, um ciclista fez o desvio quase em cima do buraco.

Meu Deus… pago tanto IPTU e o retorno é isso? Sinceramente!

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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

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