As calçadas assassinas do Recife. Também estão na Rua do Futuro, área nobre da cidade

Depois de tomar a missão de registrar vítimas de arboricídio na série #ParemDeDerrubarÁrvores e as ruas que são totalmente desprovidas de verde, na capital pernambucana na série #RecifeEmergênciaClimática, o #OxeRecife inicia, hoje, a terceira série de caráter permanente. É “As calçadas assassinas do Recife”,  que vai funcionar como um canal de reclamações e registro da situação dos passeios públicos que deveriam garantir a segurança do pedestre.

Tomei a decisão de iniciar “As calçadas assassinas do Recife”  justamente ao chegar de uma caminhada com um amigo Sérgio Poggi, após percorrer os bairros de Apipucos, Dois Irmãos e Sítio dos Pintos. A cada passo, ele dizia, “Letícia, cuidado, olha o buraco”, “o esgoto destampado”, “a tampa da galeria pluvial esfacelada”. Pessoa bastante viajada e já tendo residido por um longo tempo na Europa, ele  há algum tempo  na Argentina. Diz ter ficado ” impressionado com a acessibilidade em Buenos Aires, mas aqui é difícil a locomoção de idosos, cadeirantes, pessoas com qualquer deficiência física.

E eu sou macaca velha no quesito calçadas do Recife. Como cumpro 90 por cento de minhas obrigações diárias, durante a caminhada, tive de imobilizar meu pé umas seis vezes ao longo da vida, por conta de depressões, buracos, pedras soltas. Algumas vezes, caminhos com serviços recém concluídos, como ocorreu na Rua Amélia, nas Graças, na qual pensava que estava em um roteiro seguro. Era engano. Ao contemplar a bonita vitrine de uma loja, foi a conta. Torci o pé, e tive que imobilizá-lo.

Olhem só que grande risco, para quem vem caminhando no sentido do meio-fio, no bairro das Graças. Cadê a PCR?

Hoje a gente começa não com a caminhada que fiz com o meu amigo, mas por essas duas calçadas, uma delas na esquina da Rua do Futuro com a Rua Barão de Contendas, no bairro das Graças, vizinho à Jaqueira. Considerada área nobre, o perímetro por ali ostenta o metro quadrado mais caro do Recife.  Mas veja a situação. Todas essas tampas até parecem que foram feitas de areia, pois elas se desgastam facilmente, deixando as ferragens expostas. Ou seja, um convite à queda e ferimentos com ferros enferrujados. A outra, fica na própria Rua do Futuro, pertinho da Padaria Globo. Se de dia há pessoas que não percebem o buraco, imaginem à noite. E se o pedestre for uma mulher de sapato alto… aí já viu…

À medida que a gente for encontrando a bagaceira, vai registrando por aqui.  Na publicação “Movimento Olhe pelo Recife, Cidadania a Pé”, nosso amigo, arquiteto e urbanista @Francisco Cunha lembra que dois terços da população das cidades brasileiras usam a calçada (um terço dos que andam a pé e o outro terço dos que caminham até o transporte público). Transitar por calçadas acessíveis, desobstruídas, sinalizadas e seguras é “um direito inalienável” que no Recife é negado ao cidadão. Tem mais: precisam ser “visualmente permeadas com os lotes limítrofes, sombreadas de dia e iluminadas à noite”.

Então, tá. Só falta ao poder público e à iniciativa privada cumprir com as obrigações. Ao primeiro, fiscalizar e requalificar às de sua alçada (margens de rios, de riachos, de lagos, de estabelecimentos públicos). Ao segundo, exercer a sua cidadania, trabalhando por uma cidade melhor e fazendo o que a lei determina.

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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

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