Adriana: “Representatividade e inclusão da mulher nos espaços de decisão”

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Não faz muito tempo.  Mas foi antes da virada do século. Penso que na década de 1980. Eu trabalhava em sucursal de jornal do Sudeste, quando um Desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco, Agamenon Duarte, me deu uma entrevista acusando os colegas de “ginofobia”. Tudo porque  as mulheres, mesmo com preparo e conhecimento, jamais conseguiam alçar cargos então ocupados apenas pelos homens: de juízas ou desembargadoras. Lembro-me bem dos seus fartos bigodões, os olhos arregalados, a dizer-me com espanto: “quando a candidata é mulher, ninguém nem olha o currículo, ela é logo eliminada”.

Estamos no século 21, e as mulheres permanecem exigindo cotas em eleições, em tribunais, em cargos executivos.  Mas, aos poucos, a situação começa a mudar. Quando me iniciei no jornalismo, minha mãe e minha avó reclamavam que eu havia escolhido “uma profissão de homem”.  Realmente, as mulheres eram poucas nas redações nos anos 1970. Hoje são a grande maioria. No judiciário, elas começam a ocupar desde os cargos de juízas, desembargadoras federais até de ministras das cortes superiores. Embora ainda não sejam maioria.

No Recife, a disputa pela lista sêxtupla destinada ao preenchimento de vagas de desembargadores no TJPE, reservado à advocacia (através do Quinto Constitucional), recebeu 28 inscrições.  Até o momento, três candidaturas foram indeferidas, três desistiram e duas estão em análise pela comissão eleitoral. Metade das candidaturas deferidas são mulheres, em uma situação bem diferente da registrada no passado, quando elas eram barradas antes mesmo de iniciado o processo de seleção. Eram eliminadas por antecipação.  Mas o equilíbrio na balança ainda é bem desigual. É que  o TJPE tem apenas duas desembargadoras, em um total de 52 desembargadores.

A eleição da lista sêxtupla é em 18 de novembro.  Uma das fortes candidatas é a Professora de Direito Constitucional da Universidade Católica de Pernambuco,  Adriana Rocha.  Ela está em plena campanha no Recife e cidades do interior. “Minha candidatura é mais um passo para promover a igualdade de gênero na Segunda Instância do Poder Judiciário”, diz. E acrescenta: “Minha Jornada, tanto acadêmica quanto profissional, sempre trouxe para o debate uma maior representatividade e inclusão da mulher nos espaço de decisão”. Adriana tem 55 anos, e um vasto currículo. Já foi vice-Presidente da OAB-PE,  presidiu a Comissão Estadual de Estudos Constitucionais e Cidadania e a Comissão Nacional de Igualdade, entre outros cargos.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação

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