Vejam que iniciativa legal. Todos nós sabemos. Vão-se as matas, desaparecem as nascentes, os rios e lagos. Quando a vegetação é recuperada, a vida renasce. Voltam os cursos d´água, a fauna, a flora. No município de Jaguarari (BA), a Associação de Mulheres da Serra está mobilizando cerca de 270 pequenos produtores que sobrevivem da agricultura familiar, para recuperar a nascente do Rio Munduri, na Serra dos Morgados. O plantio de mil mudas de árvores nativas da caatinga marcou o início da ação, que conta com diversas parcerias e financiamento do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco.
Jaguarari fica a 407 quilômetros de Salvador. “O cuidado com as nascentes da Serra integra um projeto maior que é a recuperação do Rio Estiva, que nasce na Serra da Berinjela, percorre parte dos municípios baianos de Campo Formoso e Jaguariri e deságua em Juazeiro, no Rio São Francisco”, afirma o professor Juracy Marques, um dos coordenadores do grupo. Juazeiro é o município da Bahia que é ligado por uma ponte a Petrolina, que fica em Pernambuco. As duas cidades são separadas pelo Velho Chico. Com a ação, os moradores da região esperam ajudar na recuperação de área de caatinga (vegetação típica do Sertão), que se encontra muito degradada, “por desmatamento estrutural, perfuração excessiva de poços, mineração e mais recentemente parques eólicos”, de acordo com Marques. Ele lembra que a área de pretendida recuperação integra a Cordilheira do Espinhaço, “a única do Brasil em área que é um ecótono, com rica biodiversidade em que se mistura a Mata Atlântica, caatinga e cerrado”.
Ecótono é como se define uma área resultante de dois ou mais biomas fronteiriços. Lembra, no entanto, que a mesma região sedia a maior mineradora de diamantes, ouro, esmeralda, cobre e ferro da América Latina, “que trouxe grandes danos ao sistema hídrico”. Além do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, a ação conta com apoio da empresa Agrovale, que fez doação de mudas para o plantio. A Agrovale é a única usina açucareira do Vale do São Francisco. Já a Cordilheira do Espinhaço se estende entre Minas Gerais e Bahia, e vem a ser a segunda maior da América Latina. Ela é considerada uma das mais biodiversas do mundo, pois concentra 15 por cento das espécies registradas no Brasil, sendo que 40 por cento delas (cerca de 2 mil) são endêmicas. Ou seja, só existem naquela área. Portanto, tudo que for feito em defesa dos seus ecossistemas estão valendo!
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação