Mais do que oportuno, nesses tempos de falta de respeito a quem trabalha com seriedade nos meios de comunicação. São muitas as tentativas de cercear o trabalho da imprensa, até mesmo com agressões físicas. Na ditadura implantada em 1964, havia muita censura nos jornais, rádio e televisão. Ou seja, tudo que parece desejar o Presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores, que vivem tentando impor descrédito à imprensa nas redes sociais assim como às instituições democráticas.
Durante o regime militar, a imprensa era obrigada a divulgar versões oficiais de assassinatos de inimigos do regime nas masmorras da repressão. Havia, também, nomes que eram proscritos, como o do Arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara (1909 -1999). Ninguém podia, sequer, fazer referência a ele. E as informações da Igreja Católica em Pernambuco só podiam ser repassadas aos jornalistas pelo então Arcebispo Auxiliar, Dom Lamartine Soares. Mesmo assim, a Arquidiocese mobilizava sua Comissão de Justiça e Paz, para denunciar os atentados aos direitos humanos que, naquela época eram comuns, não poupando nem mesmo sacerdotes.
Quem não lembra do Padre Henrique Pereira Neto, que foi torturado e assassinado, quando era auxiliar de Dom Hélder, em 1969? Quem pode esquecer da casa do Dom, sendo metralhada, em 1968 por apoiadores do regime militar? Tudo para intimidar, para que eles não denunciassem a situação, os atentados, a falta completa do estado de direito, em um momento em que a imprensa era amordaçada? Para discutir essas situações e advertir a sociedade para que se mobilize para que fatos como aqueles não se repitam, o Programa Trilhas da Democracia promove a Jornada On-line, que discute censura e autoritarismo no nosso país e também na Universidade. A jornada é iniciativa do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal de Pernambuco.
Nessa quarta, o tema discutido foi “Censura e autoritarismo no Brasil ontem e hoje”. Mas amanhã (10/6), a partir das 9h, o assunto abordado será mais local, embora contextualizado na situação nacional: “Perseguição e resistência democrática: O caso da Ufpe de 1964 aos dias atuais”. Como vocês sabem, recentemente houve um polêmico caso de censura interna na Ufpe, que terminou com o professor Marco Mondaini entregando o cargo de Diretor do Núcleo de TV e Rádio Universitários da UFpe , conforme vocês podem conferir nos links abaixo.
Mondaini é quem conduz os debates, também, no Trilhas da Democracia. Para o debate da quinta-feira, estão convidados: Edival Nunes da Silva (Cajá), Messias Soares, Marcília Gama e Thiago Soares. Cajá era estudante da Ufpe, quando foi sequestrado e torturado pela ditadura. Messias é ex-estudante da Ufpe e participou da ocupação na Ufpe em 2016; Marcília é historiadora e professora da Ufrpe. Já Thiago foi professor do Departamento de História da Ufpe.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Ilustrações: Divulgação / Trilhas da Democracia