Dia desses conversando com amigas bem mais jovens, nenhuma – mas nenhuma mesmo – já tinha ouvido falar na Troça Carnavalesca Mista Abanadores do Arruda, que é quase secular e vem a ser uma das mais tradicionais da capital do frevo. Homenageada do Carnaval 2025 pela Prefeitura, ela foi fundada em 1934, no Alto da Alegria, no Bairro de Água Fria.
O fundador foi Manoel João José Gonçalves Santiago, foliões e sócios do Vassourinhas, também uma agremiação carnavalesca formada pelas massas populares. Como se sabe, entre o século 19 e o começo do 20, o frevo de rua era visto com preconceito pelas classes abastadas. Segundo a historiadora Rita de Cássia Barbosa de Araújo, “a festa carnavalesca trazia à cena novos protagonistas da história, o povo comum, o trabalhador assalariado pobre e a massa dos marginalizados”. E acrescenta: “E os revelava com uma força tal que os fazia parecerem ainda mais ameaçadores”.
Como o frevo nasceu nas ruas – a surgir dos grupos de capoeira – era natural que as primeiras agremiações tivessem nomes inspirados nas classes trabalhadoras urbanas: Clube das Pás de Carvão, Vassourinhas, Lenhadores, Abanadores. A Abano, como é chamada, só teve o nome “Arruda” incorporado em 1937, quando a sede mudou-se para aquele bairro da Zona Norte. Hoje, porém, sua sede é na Bomba do Hemetério, um dos altos culturalmente mais ricos do Recife. Mas o “Arruda” permaneceu, pois virou o nome tradicional.
Desfilando e defendendo as cores verde, vermelha e amarelo, a troça coleciona frevos e o feito raro de ter compositor próprio: José Constantino. Ele é integrante da diretoria desde 1984, e suas composições capturam a essência do carnaval pernambucano, combinando tradições e inovações. Coleciona vários títulos na história do Concurso de Agremiações, tradicionalmente realizado pela Prefeitura. Costuma desfilar com mais de 300 componentes , entre porta-estandartes, passistas, cordões, damas, fantasias de destaques e orquestra de metais, nas avenidas de nossas tradições mais bonitas. “São 90 anos de tradição e estamos muito felizes, surpresos e emocionados”, afirma Alexandre Santos, integrante da Diretoria da agremiação, ao saber que a Troça seria homenageada pela Prefeitura, em 2025.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação / Paço do Frevo / Acervo #OxeRecife