Rede de fast food jogou lixo no canal?

A gente sabe que no Recife a questão do lixo não se reduz à falta de eficiência da coleta feita por órgãos públicos. É também um problema de falta de educação doméstica da população. Mas este seria bem menor se a limpeza pública fosse enérgica com os infratores. E também se impusesse normas para bares, restaurantes, casas de festas e até residências. Com a flexibilização das medidas sanitárias, com certeza, as calçadas voltarão a ficar cheias de entulhos, com tudo misturado:  garrafas, latas de cerveja e refrigerantes, depósitos de vidro e caixas de papelão.

São poucos os estabelecimentos que deixam o lixo separado, o que facilitaria a vida do pessoal que vive de vender materiais recicláveis e que presta um grande serviço à sociedade e à natureza, à medida que evita que materiais poluentes como plásticos terminem poluindo rios, lagoas, mares. Como caminho muito de manhã, sempre me deparo com de montanhas de lixo nas calçadas, com catadores procurando o que lhes interessa e levando a culpa pela “sujeira” espalhada na calçada. Pode até ser. Mas custa a quem descarta separar  e combinar com algum deles? Não tenho comércio, mas na minha casa separo tudo. Levo para local apropriado como as cooperativas ou mesmo entrego a catadores que encontro pelo meu caminho. A presença de catadores é mais frequente em frente a condomínios, bares e restaurantes. Nesta semana, presenciei o pior. O fato inclusive ganhou as redes sociais. Tudo porque a loja de uma cadeia mundialmente famosa de fast food fez feio na Zona Norte. Nem separou metal, plástico e papelão para os catadores, nem deixou o lixo no local certo para o caminhão da coleta levar. Seus descartes foram encontrados à margem do Canal do Parnamirim.

O canal, que um dia foi riacho, que corta o bairro de Casa Forte. “Lixo da Mc Donald´s nas margens do canal, na Rua Alfredo Fernandes, em frente ao Plaza Shopping”, diz uma moradora da via em um grupo do WhatsApp. “Fui lá reclamar  e me disseram que não sabiam… que era obra de malandros que roubavam o lixo da Mc. É preciso ficar de olho”, diz a pessoa que fez a postagem. Se está à beira do riacho, foi porque alguém jogou. Tanto pode ter sido funcionários da loja quanto um “malandro” como eles explicaram à pessoa que reclamou.    De repente, foi alguém faminto, em busca de  restos de comida, como se tornou comum observar-se no Recife. E que, depois, deixou tudo ao lado do riacho.

Seja como for,  pega mal  para uma rede internacional de lanchonetes, a presença do seu lixo descartado de  forma errada em grande quantidade à margem de um riacho. Há países que não permitem que o lixo seja descartado em sacos anônimos. Cada imóvel recebe um com endereço impresso. Assim, fica fácil para os órgãos públicos identificar e multar quem fizer descarte de forma errada, sem a separação adequada e em hora imprópria. No Recife, mesmo com a identificação da origem do lixo nas embalagens jogadas no canal, será que houve multa? Com a palavra, a Emlurb. Se eu fosse o dono da loja, providenciaria o recolhimento imediato do que foi atirado no riacho. Porque a cena dessas fotos pega mal, e muito mal para sua empresa. Pensem em um “cartão de visitas”para recomendar mal qualquer que seja a natureza de um negócio!

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Redes sociais

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