Pena que a praia não estava essas coisas, no final de semana que passou. Tempo nublado, chuvisco, muito vento. Para completar, maré cheia. Isso, no entanto, não foi impedimento para diversão de um grupo de pessoas com deficiência, para quem o banho de mar foi uma festa, na Praia de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. E elas vieram de longe: de Caruaru, município localizado a 130 quilômetros da Capital. Conheço o Praia sem Barreiras, desde o dia que começou a funcionar, no governo do saudoso Governador Eduardo Campos (1965-2014), que até disputou uma partida de volibol de praia, na areia, com várias pessoas que não podiam andar. Para ficar em pé de igualdade com eles, Campos jogou sem se levantar. Desde o início, que dou o maior ponto ao Sem Barreiras, pois ele surgiu a partir de um desejo e uma necessidade de quem não frequentava a praia simplesmente porque não tinha como chegar lá.
Desde então, o programa se expandiu. Chegou a Porto de Galinhas e até mesmo no oceânico Arquipélago de Fernando de Noronha. Vários municípios litorâneos também o adotaram. No final de semana, pessoas com deficiência e seus acompanhantes vieram da Região Agreste, para curtir o banho de mar. Dessa vez, com o projeto sob responsabilidade da Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria Executiva de Direitos Humanos, que na capital é quem oferece banho de mar assistido. O Praia Sem Barreiras conta ainda com o apoio do Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau) e da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur).
O banho de mar assistido do Praia sem Barreiras funciona no Posto 07, na Avenida Boa Viagem, esquina com a Rua Bruno Veloso, em Boa Viagem, das 8h às 13h, de sexta a domingo e também nos feriados. O objetivo do Praia sem Barreiras é garantir o acesso ao lazer, possibilitando o banho de mar assistido às pessoas com deficiência, mobilidade reduzida e idosos. O sábado mudou, por exemplo, a sábado de Josevânia Araújo, residente em Caruaru. Com um filho com microcefalia, sua rotina se restringe a deslocamentos diários, para levar o pequeno Jheymes Araújo (sete) a atendimentos médicos e fisioterapia. No sábado, o menino viu pela primeira vez o oceano.
“Estou tão feliz em saber que hoje nosso passeio foi diferente e que meu filho conheceu o mar e tomou banho com segurança”, disse ela. Josevânia e os demais moradores de Caruaru chegaram ao Recife por meio de vans acessíveis do programa PE Conduz. “A praia, apesar de ser um espaço democrático onde a diversão é gratuita, mas não é fácil a locomoção da pessoa com deficiência, por causa da areia”, ressalta Paulo Fernando, gerente da Pessoa com Deficiência, da Prefeitura do Recife. A experiência do banho de mar assistido ocorre por meio de cadeiras de rodas anfíbias e esteiras removíveis que permitem aos participantes o deslocamento da faixa de areia até o mar. Lançado em 2013, o Praia Sem Barreiras só parou durante a pandemia. Desde então, já levou 6 mil pessoas ao banho de mar assistido. Nos links abaixo, você confere mais informações sobre iniciativas para pessoas com deficiência.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação /PCR
