Ponte que “enterrou” R$ 16 milhões fica pronta ao custo de mais R$ 40 milhões

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Finalmente, está pronta a Ponte Engenheiro Gusmão, que cruza o Rio Capibaribe e liga os bairros do Monteiro (Zona Norte) ao da Iputinga (Zona Oeste).  E é entregue após passar anos com as obras paralisadas, período em que se transformou em um cemitério de concreto e ferros retorcidos. Os trabalhos foram retomados pelo Prefeito João Campos (PSB) e exigiram investimentos de R$ 44,9 milhões “da Prefeitura do Recife”, segundo informação divulgada na manhã de hoje.

Isso porque boa parte do que havia sido construído teve que ser demolido por falhas no planejamento da edificação, por parte de gestões anteriores. A ponte começou a ser implantada ainda em 2012, na gestão do então Prefeito João da Costa (PT). Continuou durante a administração de Geraldo Júlio (PSB), porém as obras emperraram por falhas no planejamento. Passaram mais de seis anos paradas. Até que Campos decidiu retomá-las. A ponte deveria ter sido concluída no início de julho de 2024, ainda dentro do período permitido para que o Prefeito, candidato à reeleição, pudesse inaugurá-la.

Subida da Ponte Jaime Gusmão ganhou jardim, mas sacrificou árvores adultas: concreto no lugar do antigo verde

Para evitar problemas com a legislação eleitoral, logo cedo, dezenas de bandeiras do PSB que estavam “ancoradas” nas proximidades da ponte foram removidas. E assessores do Prefeito comentavam entre si que João Campos só “não pode cortar fita nem fazer gravação na inauguração”, mas que era permitido “vir ver a obra”. Como não foi possível a conclusão em tempo hábil, a festa de abertura da ponte ao tráfego não foi tão grandiosa como inaugurações realizadas antes do período oficial de caça ao voto.

Junto com a nova ponte, algumas intervenções no bairro do Monteiro foram efetuadas, como o calçamento da Rua Tapacurá e da Rua 19 de Abril, esta que dá acesso à Ponte da Salvação (que é só de pedestres). A 19 de abril (que fica entre os prédios Hilson Macedo e Porta D´Água) passa a ser mão única, só sendo permitida a entrada de automóveis (pela Dezessete de Agosto) até a garagem do último edifício (foto abaixo).

Rua 19 de Abril, que dá acesso à Ponte da Salvação (de pedestres) só tem tráfego permitido até garagem do Porta D´Água

A Praça da Monteiro também passou por requalificação, em frente à Escola de Referência Silva Jardim. Ganhou novo revestimento, bancos, lixeiras e sete mudas raquíticas de árvores que não chegam nem aos pés das adultas que foram vítimas da motosserra insana, para ceder espaço para a nova praça, o que é comum no Recife, onde o concreto sempre tem prevalência sobre os espaços verdes no nosso Hellcife…

Já o canteiro da Praça do Monteiro localizado em frente ao Edifício Mendo Sampaio está mantido com o desenho original. Comparando o novo e o antigo, o que se observa é que o antigo tem menos concreto do que o agora implantado. Pelos cálculos do #OxeRecife, só do lado da Avenida Dezessete de Agosto (incluindo a calçada do Porta D´Água), umas seis árvores adultas foram erradicadas durante os serviços ali realizados. Infelizmente, não há obra no Recife que não sacrifique parte do patrimônio verde da cidade, de pontes a parques, de parques  a creches, de creches a jardins, como o recém inaugurado Jardim do Poço, onde quase 40 árvores, centenárias – entre mangueiras, palmeiras, cajueiros, oitizeiros – foram eliminadas na sua implantação.

Uma das árvores eliminadas na Praça do Monteiro, para a “requalificação” do espaço: “árvores” raquíticas plantas

O engenheiro Jaime Gusmão, que dá nome à ponte e conta com painel e estátua em sua homenagem no local, nasceu em Caruaru, em 1932. Cheguei a entrevistá-lo algumas vezes, quando ele fez estudos sobre o deslizamento de morros no sítio histórico de Olinda. No pedestal onde está o seu busto, consta que ele foi “engenheiro, professor universitário, cientista, escritor, humanista e boêmio”. Também “militante da sociedade civil, inspirou uma legião de engenheiros.Transformou sonhos em obras para melhorar a vida das pessoas”. Ele é homenageado denominando a ponte, por força da Lei Nº 10 de 2013. A ponte que leva seu nome tem 170 metros de extensão, 20 metros de largura e 12 metros de altura, com quatro faixas de rolamento. Deverá servir a 66 mil pessoas por dia, entre pedestres, ciclistas, motoristas.

Veja vídeo curto sobre a Ponte Jaime Gusmão:

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Texto, fotos e vídeo: Letícia Lins/ #OxeRecife

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4 comments

  1. Engraçado: no artigo que vocês falam sobre a “Ponte que enterrou R$16 ..,” nada foi tratado sobre o outro lado da referida ponte que fica na Iputinga. Por que será? Este outro lado não tem importância? Eventuais agressões ao meio ambiente do lado de cá não são dignas de serem analisadas?

  2. Não tenho nada a declarar sobre essa ponte. Sequer conheço o lado da cidade onde ela se situa. Acho apenas que o dinheiro enterrado nela conforme diz o texto, por falta de planejamento e de administração responsável, é lastimável. E o atual prefeito só injetou dinheiro para concluir a obra pensando nas urnas, não foi pensando em nenhum dos dois bairros.

  3. Se formos falar de agressão ao meio ambiente no Recife seria necessário vários dias de navegação nos rios Capibaribe e Beberibe. A Letícia falou dos gastos excessivos por falta de Planejamento. Por exemplo, o Parque das Graças gastou um dinheirão, mudou o nome e Projeto do local, e, como exige a Lei de Licitação e o Ordenamento Jurídico e Financeiro do Município não foram informados a substituição do espaço não somente com a mudança de nome e o formato arquitetônico pois seria uma pista para exercitar pessoas e fluir o tráfego nas Graças, Derby e Madalena, mas, a mudança da Empresa Construtora e os Custos do novo empreendimento de Área de Lazer e as mudanças devidas. Esqueçamos Eleições, a Cidade está sem Planejamento queiram ou não queiram os juízes, ou vocês pensam que inaugurar qualquer pista de corridas não mexe com suas intervenções na vida do Cidadão ? Planejamento é o Presente construindo um Futuro, um não vive sem o outro, isso é Ciência da Administração, e Administrador Público também precisa aprender que antes dos interesses partidários existem o “Dinheiro do Cidadão e sua Legal utilização”, bem simples, não temos Governantes acima das Leis e da Fiscalização do Povo, servindo isso também para o TCE e a Câmara Municipal para que Fiscalizem como se deve os Gastos Públicos independente de quem que esteja no comando da Cidade, na Verdadeira Democracia sem Relativismos não há ninguém acima das Leis e a Lei é para todos e Direito de todos. O Texto de Letícia foi informativo e jornalístico. Paz e Bem , como São Francisco de Assis saudava o Povo Cristão !

    1. Eita… Não sou devota do santo, mas adoro São Francisco pela sua história de pioneirismo na área ambiental e rebeldia com os costumes da época….

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