Parem de derrubar árvores (417). Degola de 32 na implantação do Parque "Jardim do Poço"

Há umas ações que a gente não tem como entender. Como as degolas de árvores na implantação de chamadas “áreas verdes”, como aconteceu, por exemplo, na implantação do Parque das Graças quando, segundo os moradores, pelo menos cem árvores foram erradicadas. Outro caso é o observado no terreno onde vem sendo implantado o Parque Jardim do Poço, no qual 32 árvores teriam sido eliminadas. Todas adultas. Por esse motivo, republico esse post, aqui veiculado no dia 9 de janeiro e que sumiu misteriosamente do site desse Blog, assim como o vídeo sobre o assunto, que estava no Canal do #OxeRecife no YouTube. Coisas inexplicáveis da tecnologia, pois saíram mesmo do ar. Perguntem a mim como, que não tenho explicação… Então, recuperei as informações de memória, e aqui vão elas, para compor o triste inventário de árvores sumidas da paisagem do Recife, através da campanha de caráter permanente #Paremdederrubarárvores.

No comecinho de janeiro, #OxeRecife esteve no local com duas moradoras do Poço da Panela – Bárbara Kreusig e Fátima Barreto Campelo – que estavam incomodadas com o barulho incessante da motosserra no local. A motosserra insana de sempre. Quando chegamos lá, já havia montanhas de pó de serra no chão e árvores sendo derrubadas, denunciando o arboricídio em massa. Algumas vítimas eram centenárias, como mangueiras dos tempos em que ali funcionava a Casa de Saúde São José, em um belo casarão que foi criminosamente derrubado, nas caladas da noite, para construção de um supermercado. A demolição inclusive ocorreu no decorrer do processo que transformaria a edificação em IEP (imóvel especial de preservação).

Avenida Dr Seixas, que era sombreada pela copa das árvores eliminadas, ficou assim

Derrubada de mangueira fez mulher da comunidade chorar, pois frutos foram sustento da família

Nem o pinheiro escapou da sanha destruidora da motosserra inansa

Antiga placa que anunciava Atacado dos Presentes acusava 82 árvores, mas só restam 50

A construção do supermercado (Carrefour) terminou sendo suspensa, por exigência dos moradores. Depois, surgiu a notícia da implantação de uma loja de materiais de construção (Atacado dos Presentes), o que também gerou mobilização dos moradores. Até que o Prefeito João Campos (PSB) ouviu o clamor da população, e decidiu usar o terreno de 12 mil metros quadrados para um parque, na Avenida Dezessete de Agosto. O problema é que, segundo cálculos que nos foram apresentados no canteiro de obras, restam 50 árvores no local. Mas conforme prometia o velho o cartaz da fracassada empreitada do Atacado dos Presentes, “as 82 árvores serão preservadas”. Então, nem é preciso fazer contas complicadas, não é?

A derrubada das árvores revoltou os moradores do Poço da Panela. Segundo vizinhos, uma mulher da comunidade chorou ao ver a mangueira da foto superior ser eliminada, pois disse que a venda dos frutos que eram coletados pelos pais garantiu durante longo tempo a sobrevivência da família,q que integra a população ribeirinha de baixa renda do Poço. Outra reclamação vem dos moradores da Avenida Dr Seixas, que era beneficiada pela sombra das copas gigantescas de árvores centenárias. Com a retirada das árvores que ficavam rentes ao muro do terreno, a rua virou mais uma ilha de calor. É sol causticante no juízo, como vocês podem ver na foto em aparece o ciclista sem uma sombra que lhe dê conforto térmico. Uma situação bem diferente antes do arboricídio coletivo, no terreno do futuro Jardim do Poço.

Nos links abaixo, você pode entender melhor o histórico – idas e vindas – do agora em implantação Parque Jardim do Poço. E, antes, confira a destruição do verde em um dos bairros ainda considerados como um dos mais bucólicos do Recife.

Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

Parem de derrubar árvores (417). Degola de 32 na implantação do Parque “Jardim do Poço”

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