Nada menos de 77 por cento das crianças e adolescentes de Pernambuco vivem na pobreza

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Números muito tristes, sobre Pernambuco, foram divulgados hoje pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). É que 77 por cento de nossas crianças e adolescentes vivem na pobreza, em suas múltiplas dimensões e consequências. Ou seja, enfrentam problemas na renda, na moradia, no acesso a saneamento. Há, ainda, insuficiência na educação e presença de trabalho infantil. É o que indica a pesquisa “As Múltiplas Dimensões da Pobreza na Infância e na Adolescência no Brasil”, lançada nesta terça-feira (14/2).

O estudo apresenta dados até 2019 (trabalho infantil), até 2020 (moradia, água, saneamento e informação), até 2021 (renda, incluindo renda para alimentação) e até 2022 (educação). No estado, o quadro é ainda pior do que o registrado em todo o Brasil, onde 63 por cento dos meninos e meninas vivem naquela situação. Ou seja, Pernambuco está a uma distância de 14 pontos percentuais em relação ao Brasil, nessa triste estatística. No país, pelo menos de 32 milhões de crianças e adolescentes vivem em condições aquém dos seus direitos.

Em Pernambuco, o estudo indica a privação de renda como a dimensão que mais afeta crianças e adolescentes, impactando 59,3% de meninas e meninos, seguida pela falta de acesso a saneamento (44%) e água (15,4%). Em seguida vem falta de acesso à informação (14%), privação de educação (8,7%), moradia (7,8%) e trabalho infantil (3,5%). No total, 77,7% das meninas e meninos pernambucanos são afetados por uma ou mais de uma dimensão da pobreza multidimensional.

No Recife, a pobreza dá as caras no asfalto, nas praças, nas esquinas, nas calçadas das igrejas

No Brasil, as principais privações que impactam a infância e a adolescência no Brasil estão a falta de acesso a saneamento básico, alcançando 21,2 milhões de meninas e meninos, seguida pela privação de renda (20,6 milhões) e de acesso à informação (6,2 milhões). A elas se somam a falta de moradia adequada (4,6 milhões), privação de educação (4,3 milhões), falta de acesso à água (3,4 milhões) e trabalho infantil (2,1 milhões). No total, são 32 milhões crianças e adolescentes afetados por uma ou mais de uma dimensão da pobreza multidimensional. No Recife, e nas cidades do interior de Pernambuco, é fácil perceber-se que a mendicância e as populações de rua aumentaram. Entre estas, crianças.

“Neste momento em que presidente, vice-presidente, ministros, governadores, senadores e deputados iniciam novos mandatos, o Unicef alerta para a urgência de priorizar políticas públicas com recursos suficientes voltadas a crianças e adolescentes no País, levando em consideração os desafios de cada região e estado”, informa nota divulgada pelo órgão. “A pobreza na infância e na adolescência vai além da renda. Estar fora da escola, viver em moradias precárias, não ter acesso a água e saneamento, não ter uma alimentação adequada, estar em trabalho infantil e não ter acesso à informação são privações que fazem com que crianças e adolescentes estejam na pobreza multidimensional”, explica Liliana Chopitea, chefe de Políticas Sociais, Monitoramento e Avaliação do Unicef no Brasil. “Na maioria das vezes, essas privações se sobrepõem, agravando os desafios enfrentados por cada menina e menino. Por isso, é urgente olhar para a pobreza de forma ampla, e colocar a infância e a adolescência no orçamento e no centro das políticas públicas”, defende.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: PRF e Genival Paparazzi/ G.F.V Paparazzi / ZAP (81)995218132)/ gfvpaparazzi@gmail.com /Acervo #OxeRecife

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