Mata Atlântica: Jacutingas são preparadas para o retorno à natureza

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Importante dispersora de sementes, essencial para a regeneração de florestas – e a consequente manutenção de sistemas hídricos – a jacutinga é uma ave classificada como “em perigo” pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Ela vem desaparecendo de várias regiões devido à perda do habitat, à caça e ao tráfico de animais silvestres na Mata Atlântica. Mas nem tudo está perdido.

Nesse mês, uma organização dedicada à conservação de ambientes e das aves, a Save Brasil, recebe doze jacutingas, três vindas do Parque das Aves e nove provenientes da Universidade Estadual do Norte Fluminense. Os animais passarão por processo de reabilitação e depois serão liberadas na natureza. A reintrodução acontecerá em data ainda não definida, na Serra da Mantiqueira.  A ação deve ocorrer no município São Francisco Xavier, a 118 quilômetros da capital paulista. A iniciativa integra os esforços do Projeto Jacutinga da organização, que busca reverter o avanço da extinção da espécie na Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados do país. A jacutinga (Aburria jacutinga) é uma ave frugívora da Mata Atlântica, mas vem desaparecendo em várias regiões do Brasil.

Desde 2016, a SAVE Brasil, por meio do Projeto Jacutinga, mantém parcerias para reabilitar e reintroduzir indivíduos da espécie em área protegida da Serra da Mantiqueira, onde há condições favoráveis à sua sobrevivência. O processo de reabilitação que acontece no viveiro da SAVE Brasil, em São Francisco Xavier, envolve treinamentos para reconhecimento de predadores (ave de rapina, felino, cão e primata), treinamento alimentar com frutos nativos, observação de voo, avaliação de comportamento e grau de sociabilidade. Após cerca de dois meses, cada ave passa por uma análise de aptidão. Aqueles indivíduos considerados aptos são liberados gradualmente por meio da técnica de soft release, com monitoramento via transmissores VHF realizado pela equipe da SAVE e por moradores por meio do monitoramento participativo.

A iniciativa conta com respaldo técnico-científico da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) e está alinhada ao segundo ciclo (2023–2028) do Plano de Ação Nacional (PAN) para Conservação das Aves da Mata Atlântica, que contempla ações prioritárias para proteção de 114 espécies de aves ameaçadas. Segundo Alecsandra Tassoni, coordenadora de projetos na SAVE Brasil, o trabalho vai muito além da soltura das aves. “A reintrodução das jacutingas não é apenas sobre salvar uma espécie, mas sobre restaurar processos ecológicos fundamentais para o equilíbrio da floresta”, afirma. “O treinamento pré-soltura desempenha um papel fundamental ao preparar as aves para os desafios da vida livre, otimizando sua adaptação e, consequentemente, suas chances de sobrevivência.”

A SAVE Brasil é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos, que atua na conservação das aves e da biodiversidade no Brasil. Criada em 2004, é a representante da BirdLife International no país, uma aliança global de organizações que compartilham os mesmos objetivos e princípios. A SAVE Brasil desenvolve projetos de conservação e restauração de hábitats e espécies, além de atuar em disseminação, educação, políticas públicas e advocacy. Também faz parte de diversas redes de conservação da natureza nacionais e internacionais e trabalha próxima dos governos (nacional, estadual e municipal), apoiando o cumprimento das agendas ambientais.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Save Brasil

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