Flagrante de “passarinhada” em Pernambuco: “torneio” premia quem caçar mais aves, pode?

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Meu Deus do Céu, quanto maldade. Imaginem só. Um torneio chamado “passarinhada” foi flagrado na Região Agreste de Pernambuco. Vocês sabem o que é “passarinhada”? É simplesmente uma competição clandestina, realizado por gente sem noção e desalmada, que confere prêmio à pessoa que capturar o maior número de aves. Durante a Operação Nascentes, a fiscalização ambiental apreendeu 135 aves, das quais 87 haviam sido  caçadas durante o certame criminoso.  Algumas não resistiram aos maus tratos e morreram.

Várias aves estavam em condições inadequadas de confinamento, como os lourinhos da foto abaixo. Coitadinhos, pelados, famintos e privados de viver na natureza. “Encontramos casos com  até 20 aves em gaiolas com dimensões inapropriadas para a criação de um único indivíduo. Três aves não resistiram ao estresse  provocado pelo confinamento”, explicou Cosme de Castro, analista ambiental da Agência Pernambucana de Meio Ambiente (CPRH). Cosme participou da operação conjunta que, além da CPRH, envolveu a Delegacia de Polícia do Meio Ambiente (Depoma). A ação constou de fiscalizações na Área de Proteção Ambiental (APA) Serras e Brejos do Capibaribe (em Brejo da Madre de Deus); e no Refúgio de Vida Silvestre (RVS) Cabeceiras do Capibaribe (em Jataúba). Os dois municípios ficam no Agreste, sendo que Brejo está a 204 quilômetros do Recife. E Jataúba  fica 24 quilômetros depois do Brejo.

Sob maus tratos e confinados em jaulas minúsculas com até 20 indivíduos, passarinhada matou três aves

Os animais silvestres encontrados em cativeiro ilegal foram recuperados pela equipe de campo.  Os que estavam em condições de viver livremente, foram soltos na região. Outros terminaram sendo transportados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetras) Tangara, no Recife. Entre as aves apreendidas estão jandaias, patativas, papa-capins, papagaios, concriz (foto superior) e cravinas.

Os agentes  também  apreenderam tatus e jabutis. E ainda quatro espingardas e 24 armadilhas destinadas à caça e à captura de animais silvestres. Os fiscais também destruíram  um forno de madeira, para produção de carvão. Considerando todas as infrações ambientais encontradas durante a Operação, os responsáveis foram multados em R$ 49 mil. Já os proprietários  das armas foram identificados como caçadores da  região e a Depoma deu inicio aos procedimentos criminais.

Arsenal foi recolhido entre os caçadores de aves, além de gaiolas e animais confinados

No total, segundo Cosme Castro, foram vistoriados 115 hectares em áreas de conservação. As equipes, com base nas imagens de satélites  de diferentes períodos e de consulta a sistemas oficiais de alertas de desmatamento, percorreram vários quilômetros de estradas e trilhas, a pé, como também realizaram sobrevoos com aeronave não tripulada, para melhor acessar as áreas. Desse total, foram constatados que 108 hectares que já haviam sido desmatados e as atividades embargadas em outras fiscalizações, encontram-se em processo de regeneração. Em seis hectares foram constatados desmatamento irregular e as áreas serão objeto de embargos com processo administrativo em andamento, explicou Cosme de Castro.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: CPRH / Divulgação

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