Aves brasileiras são alvo do tráfico

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Na política, há uso de alguns termos curiosos. Por exemplo: insegurança jurídica. Para quem é preocupado com a natureza, acho que já está no tempo de se falar em insegurança ambiental. E não me refiro só ao arboricídio do Recife não. Mas principalmente ao governo federal, que promete afrouxar leis e práticas que garantem a preservação do patrimônio natural do nosso país Principalmente da Amazônia. Então, a sociedade civil tem mais é que ficar alerta no Recife, em Pernambuco, no Brasil, no mundo. Hoje, por exemplo, é crime ambiental manter um pássaro em cativeiro. Um papagaio verdadeiro, anotem aí, pode render multa de R$ 5 mil, porque a ave está ameaçada de extinção. E ainda tem gente que faz foto com o bicho no ombro para o Instagram.

Felizmente, o Brasil conta com legislação datada de 1967, que proíbe a captura de animais silvestres, inclusive das aves, que são os mais visados pelo tráfico interno e pelo internacional. Tomem um exemplo: entre os 13.406 animais resgatados pela Agência Estadual do Meio Ambiente (Cprh) em 2018, nada menos de 11.011 eram pássaros. Isso, apesar da lei. Pois antes era ainda pior. Nos primeiros anos do século 20, “um único comerciante londrino respondeu pela importação de 400 mil beija-flores e 360 mil outras aves”. Sabem de onde vinham? Do Brasil, claro Em 1932, 25 mil beija-flores caçados nas matas do Pará foram enviados para a Itália, para decorar caixas de chocolate. Imaginem! Centenas de milhares de aves foram exportadas como animais de estimação até meados do século passado.

Esses números fazem parte da pesquisa Vista Aérea: 50 anos de Regulamentação e Conservação do Comércio de Aves nos Países da Amazônia. O estudo acaba de ser divulgado pela WWF Brasil, e enfoca não só nosso país, como também a Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Equador e Suriname. O #OxeRecife pinçou dados do Brasil no estudo, para que nós fiquemos em alerta, já que o novo Presidente promete afrouxar a fiscalização e até já suspendeu recursos de Ongs que trabalham na área, para auditoria. Esperamos que o Ministério do Meio Ambiente saiba separar o joio do trigo e que deixe funcionando as organizações que realmente prestam serviço à causa do meio ambiente. E elas são muitas, em todas as regiões do País, incluindo Pernambuco.

Sim, mais um lembrete da WWF. Apesar de toda a legislação e do esforço de fiscalização dos órgãos públicos, 30 a 35 mil aves são confiscadas anualmente no Brasil, normalmente resgatadas do tráfico interno ou internacional. Como vocês viram, só em Pernambuco, foram 11.011, em 2018, segundo apurou o #OxeRecife aqui no Estado. O estudo cita, ainda, o caso das araras azuis (Anodorhynchus hyacinthinus), visadíssimas por colecionadores e traficantes. A caça e comércio delas é proibida no Brasil, e por conta disso o repovoamento está recomeçando.  Em Pernambuco, Calcula-se que, só na década de 1980, 10 mil tenham sido capturadas. Com o aumento da fiscalização no nosso país, os traficantes agora estão de olho nas Filipinas, onde o animal também ocorre.No Brasil, onde o papagaio verdadeiro está ameaçado, nada menos de 280 animais já foram reabilitados no Projeto Papagaio da Caatinga, que é desenvolvido em Pernambuco pela Cprh. Muitos desses papagaios viviam em cativeiro, e até se achava que eles não acertariam mais a viver no ambiente selvagem. Mas estão ótimos. E o que é melhor: reproduzindo. Nem tudo, no entanto, é céu azul no nosso país. Porque muitos animais estão desaparecendo por degradação do meio ambiente, poluição, perda do habitat. Então, vamos nos unir contra qualquer retirada de direitos da nossa Mãe Natureza, porque também temos direito a ela. Fiquem de olho.

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Texto: Letícia Lins/ #OxeRecife
Foto: Cprh/ Divulgação/ Arquivo #OxeRecife

 

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