Pois é. Para os que não sabem, o cinema pernambucano tem muita estrada. E tanto é assim, que comemorou um século em 2023, mas o feito está sendo assinalado na próxima segunda-feira (6 de maio de 2024), às 19h, quando será lançado o livro “História Ilustrada dos 100 anos do Cinema Pernambucano”. O local escolhido não poderia ser outro: o Cinema da Fundação Derby, que durante muitos anos foi o telão preferido dos cinéfilos do Recife pela excelência de sua programação.
O livro tem a assinatura de Ernesto Barros e Germana Pereira. E considera como marco histórico o ano de 1923, quando se iniciou a produção do longa-metragem “Retribuição” (foto acima), que é tido como o primeiro filme de ficção realizado no nosso estado. O volume empreende uma “viagem” do século passado até o cinema contemporâneo, através de 153 páginas recheadas de fotos, textos, linha do tempo e compilado bibliográfico. A noite de autógrafos é aberta ao público em geral.
O livro parte do pioneirismo da produção pernambucana no início do século 20, com o início do famoso Ciclo do Recife (1923-1931), passando pelo Ciclo do Super 8 (entre 1970-1980), até a fase mais produtiva do nosso audiovisual a partir dos anos 2000. Essa fase mais recente é representada por duas gerações de realizadores como Paulo Caldas, Marcelo Luna, Lírio Ferreira, Cláudio Assis, Clara Angélica e Hilton Lacerda. E seguida por Marcelo Gomes, Kleber Mendonça Filho, Sérgio e Renata Pinheiro e Marcelo Pedroso, entre outros. “Nós trabalhamos nessa pesquisa como uma espécie de enciclopédia”, revela Ernesto Barros, responsável pelos textos. Jornalista, com especialidade em crítica cinematográfica, ele lançou mão dessa experiência para a publicação. “Durante esses anos todos, fui um interlocutor de vários desses cineastas. Hoje a gente tem um cinema que produz muito, que tem voz própria”..
A partir de pesquisa exaustiva, “História Ilustrada dos 100 anos do Cinema Pernambucano”, registra fatos como o primeiro filme de enredo, produzido pela Aurora-Film; o anúncio da inauguração do Cinema São Luiz, no extinto jornal Folha da Manhã, em setembro de 1952; e o surgimento do Grupo de Cinema Super 8 do Recife, com Fernando Spencer e Celso Marconi; e o prêmio especial do júri para Bacurau (2019), de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, em Cannes. E ainda o Prêmio Illy de Melhor Curta-Metragem na Quinzena dos Realizadores, para “Sem Coração”, de Nara e Normande e Tião. O curta foi laureado em 2014, também em Cannes. Ampliado para um longa “Sem Coração”, mas ostentado o mesmo título, o último filme da dupla foi a única produção brasileira selecionada para o Festival de Veneza, em 2023. E está atualmente em exibição no Brasil, incluindo o Recife.
“Ao celebrarmos esses 100 anos de cinema em Pernambuco, também celebramos valores como paixão, talento, criatividade, luta e resistência, que permeiam cada página deste livro. Que esta leitura inspire novos projetos e contribua para manter viva a chama da cinefilia por muitas gerações em todo o país”, diz Germana. O livro estará sendo vendido no lançamento por R$ 50,00 e uma versão e-book também será comercializada. O link estará disponível no Instagram da @tangramcultural_ A publicação é da editora Tangram Cultural, com incentivo do Funcultura Audiovisual.
Os dois autores possuem ampla vivência no setor de cinema. Ernesto é crítico de cinema, fez cobertura de edições internacionais e nacionais de festivais de cinema, e atuou como jurado em dezenas de concursos municipais e estaduais de roteiros. Desde 2017 integra a equipe do Cinema da Fundação e da Cinemateca Pernambucana, na Fundaj e por três anos foi curador dos cinemas municipais. Germana Pereira, diretora criativa da Tangram Cultural, assina a pesquisa, produção e organização do livro. Jornalista, produtora e gestora cultural, tem na trajetória a produção de mais de cem obras audiovisuais entre séries e documentários para televisão, exibidos nacionalmente pela TV Globo, TV Cultura, Canal Futura e TV Escola, além de curtas e longas-metragens para cinema. Desde 2012 tem se dedicado à pesquisa e ações para preservação do audiovisual do Estado de Pernambuco. Por nove anos esteve como Coordenadora-Geral da Massangana Multimídia, produtora audiovisual da Fundação Joaquim Nabuco, onde, além de produzir dezenas de documentários, DVDs, CDs e livros.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação
Bom apanhado sobre os 100 anos do Cinema Pernambucano, Letícia. Muita história, não é mesmo? Eu não sabia que o cinema em Pernambuco contou com todos esses baluartes citados no texto. Parabéns a todos que contribuíram para a história dos 100 anos de glória do nosso cinema!