Não é a primeira vez que o escritor Marcelo Peixoto homenageia estrelas do cinema, nos títulos dos seus livros. Nos anos 1970, ele lançou um volume de contos – “Ai, Quem me Dera Beijar os Lábios de Dorothy Lamour” – em que reverenciava a estrela de “A Sereia da Ilha” (1950) e “Road To Bali” (1952). Lamour nasceu em 1914 e morreu em 1996. Na terça-feira (19/9), ele autografa “Ava Gardner Nunca Disse te Amei”, que será lançado a partir das 19h, no Museu do Estado de Pernambuco, que fica no bairro das Graças. Ao todo, são 16 contos, distribuídos em 157 páginas. Ava (1922-1990) estrelou clássicos do cinema americano como “A Condessa Descalça” (1954) e “Pandora” (1951).
A artista, que era só glamour (foto acima), é uma das inspirações do mais novo livro do recifense, que começou a escrever aos 17 anos. Mas o amor pelo cinema teve início bem mais cedo, quando foi pela primeira vez com a mãe, assistir a um filme, estrelado exatamente por Lamour, na chamada “sessão das senhorinhas”, em cinema que ficava na Torre. Dele, só restam a lembrança e o nome, em um edifício condomínio, na Rua Visconde de Irajá, naquele bairro. Na “sessão das senhorinhas”, homem não podia entrar. “Só entravam moças e senhoras casadas, que levavam os filhos”. Já Ava é outra história. “Ela era uma mulher transgressora e, de certa forma, também me sinto um transgressor”, diz. Marcelo é autor de outras obras como como “Pastor da Solidão” (poemas), “Cemitérios Canários” (Contos) e “Solidão Quebrada” (que traz retrospectiva de sua poesia entre os anos 1960 e 2010).
Marcelo é uma pessoa de muitos instrumentos, muito versátil. Sociólogo, ex dono do Bar Senzala, educador, criador do Baile dos Artistas e por muitos anos integrou a equipe da Massangana Multimídia, da Fundação Joaquim Nabuco, onde fez vários documentários.Também foi curador de vários projetos, entre eles “Um Olhar sobre os Trópicos” e “Riscos e Rabiscos”. Divide-se, sempre, entre o Recife e o Rio de Janeiro, e ultimamente passou a residir outra vez na cidade onde nasceu. Segundo o escritor, como informa o subtítulo do livro, “Ava Gardner Nunca Disse Te Amei”, é uma publicação de “contos gays”. E a colocação, assim, na capa é para não deixar dúvida em quem busca literatura sobre o assunto, nas prateleiras das livrarias.
“Existe muito preconceito, inclusive em expor um livro gay na vitrine”, reclama. “Quando eu perguntava se havia livros gays ao entrar em uma livraria, apontavam para uma prateleira apertada, pequena com uns cinco livros. Mas em destaque, exposto na vitrine, nunca vi. Mesmo quando eu morava no Rio, nos últimos dez anos. Agora, estou assumindo isso, tendo a coragem de mostrar para as pessoas o que elas vão ler”. Os contos se desenvolvem a partir de vários personagens: jovens, idosos, famosos, prostitutos, castos, decadentes, glamourosos, de Paris, Nova York, Rio de Janeiro e Recife. E os amores variam. Tanto podem ser sufocados, reprimidos, erotizados, fáceis, difíceis, fantasiados. Há, também, os verdadeiros e os tóxicos que podem até matar. Ou seja, um livro sem pudores, com doses de sarcasmo e ousadia. O livro sai pela Editora Mirada.
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Lançamento do livro “Ava Gardner Nunca Disse Te Amei”, de Marcelo Peixoto
Quando: Terça-feira, 19 de setembro
Horário: 19h
Onde: Museu do Estado de Pernambuco (Mepe)
Endereço: Avenida Rui Barbosa, 960, Graças
Preço do livro: R$ 40
Vendas: Direto com o editor, Léo Asfora, pelo WhatsApp (81) 999379771
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Internet e Divulgação
