Livros artesanais são destaque em escolas públicas do Recife

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Na semana passada, recebi um convite para participar de Seminário de Mediação de Leitura (Contos, Encantos e Encontros com o Fazer Literário), realizado pelo Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores, que aconteceu na Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Educadores do Recife Professor Paulo Freire. Fui na qualidade não de especialista, mas de amante de livros. Falei sobre minha experiência de leitora compulsiva. Além de ouvir muita gente boa sobre livros, bibliotecas e hábitos de leitura, conheci iniciativas incríveis . E uma das mais interessantes, descobri ao me defrontar com uma mostra de livros artesanais, com capa em chita ou outros materiais, falando de bairros como Coque, Pina, Macaxeira, Sancho, Torrões.

Curiosa, passei a folhear os livros, que estavam na entrada do auditório, onde ocorria o encontro. Eles são resultantes do Projeto “Interagindo com a história do seu bairro”, através do qual os alunos produzem os livros sobre os bairros, a partir não só da historiografia oficial mas também de suas próprias histórias. Foram todos confeccionados manualmente. “Começamos este ano, através de uma parceria com a Fundação Joaquim Nabuco, cujo site dispõe espaço para pesquisa escolar sobre a história dos bairros”, conta a Coordenadora do PMBFL, Ivana Cavalcanti. Ela lembra que o tema do ano letivo, em 2016, foi “Educação e protagonismo: estudantes pesquisadores e atores ativos na construção do saber”.

Seminário deu destaque para experiências de estímulo à escrita e à leitura, inclusive à produção de livros artesanais.
Editora desse Blog, Ivana Cavalcanti e Lenice Gomes no Seminário: destaque para livros infantis e produção artesanal.

Baseado no tema, ela propôs que professores e alunos pesquisassem bairros onde as escolas estão inseridas, pelo olhar de quem neles reside. A proposta de Ivana à Fundaj era para que fossem pesquisados os bairros ainda não inseridos no site da instituição. A partir daí, foram feitas várias oficinas, inclusive de fotografia. Também receberam destaque no treinamento, formas de pesquisar o patrimônio, a história, personagens e serviços. Oito escolas se dispuseram a fazer o trabalho, mas duas não conseguiram produção artesanal dos livros. “A ideia é que o livro fosse confeccionado artesanalmente, com materiais que se identificam com o bairro da escola”, conta Ivana.

Assim, o livro sobre a Macaxeira teve a capa em chitão (referência à antiga fábrica têxtil que fez história no bairro). O do Pina teve a capa enfeitada com uma foto antiga de uma jangada e conchinhas. O sobre Jardim São Paulo possui detalhes com palha de arroz, referência a um campo de futebol, que no passado serviu para plantio do grão. Com certeza, muita gente nem sabe disso. Agora, o plano é fazer compilação dos oito livros para uma publicação pela Editora Massangana, da Fundaj. Palmas para Ivana. E para Érica Montenegro, Aurélia Xavier  e Analice Albuquerque (Coque); Isabel Cristina (Torrões); Erijane Pereira (Torreão);  Alexandra Venceslau e Jaqueline Campelo (Macaxeira);  Monaja Cristina (Sancho); Rosália Cristina (Jardim São Paulo); e Valquíria Guimarães (Pina). Iniciativa linda, simples, barata e criativa. Mas pelo que se observa, destaque mesmo, por parte do poder municipal, vai só para a robótica. Deve ser porque dá Ibope. #OxeRecife.

(Fotos: Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores)

 

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