Triste saber. Boletim Pele Alvo, divulgado nessa quinta-feira (16/11) mostra que 89,66 por cento de vítimas de operações policiais em Pernambuco são pretos ou pardos, índice superior à parcela da população com tais cores e raças (65,09 por cento). O levantamento foi realizado em oito estados. O monitoramento, feito pela Rede de Observatórios e, sem sua quarta edição, mostra que a população negra continua a ser a maior vítima da violência policial.
De 3.171 registros de morte nos oito estados analisados, com informação de cor/raça declaradas, os negros somaram 87,35% — ou 2.770 pessoas. Os números da quarta edição do boletim resultam de cálculos realizados com base em números oficiais, obtidos junto a órgãos estaduais de segurança. No caso de Pernambuco, os da Secretaria de Defesa Social. O levantamento também aborda números da Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo via Lei de Acesso à Informação, analisando o perfil das vítimas e a série histórica de cada estado.
O boletim Pele Alvo mostra que “a bala não erra o negro” e que “os jovens de 12 a 29 anos representam uma parcela significativa das vítimas, sendo 67,03% dos casos”. No estado, além da maioria de vítimas negras, os jovens de 12 a 29 anos representam 67,03% dos casos. Apesar de uma leve queda no número total de mortes provocadas por policiais, mas sem alterações significativas, Pernambuco manteve o alto índice de vítimas negras, sendo 89,66% do total de 87 casos em que foram informadas cor e raça.
Em 2022, o estado registrou 91 mortes decorrentes de intervenção do Estado. Os dados são revelados pela Rede de Observatórios no boletim Pele Alvo. O corpo negro como alvo de uma prática sistemática e violenta fica ainda mais evidente quando o número de vítimas é comparado ao percentual da população negra no estado, que representa 65,09% do total. “Marginalizados e sem direitos e acessos básicos, corpos negros nas periferias são alvos de execuções brutais pela polícia, tendo o racismo como motor para esses eventos de violência”, diz Edna Jatobá, coordenadora do Observatório de Pernambuco. “Seja na capital ou nas demais cidades, a dinâmica do racismo tem historicamente estigmatizado corpos negros, majoritariamente jovens, sobretudo nas ações realizadas pelas polícias”, completa.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Ilustração: Vinícus Allencar/ Pele Alvo/ Rede de Observatórios