Desespero de Bolsonaro é o retrato antecipado do candidato derrotado

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O #OxeRecife quase se dedica apenas às coisas da cidade, à defesa do meio ambiente, à comunidade local. Mas há momentos que não dá para se calar. Em campanha  para a reeleição desde que assumiu a Presidência, o Presidente Jair Bolsonaro virou o retrato do desespero, ao ver sua popularidade despencar. E já mostra  provas disso, ao adotar o comportamento comum aos candidatos que vêm a derrota antecipada. Está atirando para todos os lados, mostrando quem realmente é. Para quem chegou ao poder querendo se impor como “mito” – no qual seus seguidores pareciam acreditar – o qua se vê é o retrato de uma besta fera a cuspir fogo, cujas labaredas já começam a engolir o cuspidor. Nessa pisada, o “mito” vai chegar em 2022 reduzido a cinza, que ele mesmo produziu.

Os números divulgados pelo DataFolha não deixam mentir. Em todos os indicadores, o homem só faz descer a ladeira. Bozó aparece com apenas 25 por cento das intenções de voto no primeiro turno, contra 46 por cento do ex-Presidente Lula. Em um eventual segundo turno ele perderia para o petista (58 por cento contra 31 por cento) e também para Ciro Gomes (50 por cento contra 34 por cento). Os índices de rejeição mostram o desastre em que Bozó se transformou. Ele é o mais rejeitado dos três, com 59 por cento de rejeição (contra 37 por cento de Lula e 31 por cento de Ciro). Então, já dá para entender todo o desespero mostrado pelo Presidente que hoje envergonha muita gente.

Inclusive muitos eleitores que acreditaram no “mito” e que finalmente começaram a enxergar que ele não passa de uma fumaça. A pesquisa do DataFolha apontou outras questões avaliadas pela população, que incluem competência, respeito aos pobres, sinceridade, condução do governo na pandemia, capacidade de decisão. Todos aqueles que seriam bons indicadores estão despencando.  Perguntas como “O Presidente é preparado ou despreparado” e “autoritário ou democrata” tiveram respostas que são a prova da queda. No primeiro caso, 52 por cento da população o achava preparado em abril de 2019. Hoje, apenas 34 pensam assim. Os que o tinham como “despreparado” eram 44 por cento. Hoje são 62 por cento. Pior: Os 57 por cento que o achavam autoritário, hoje são 66 por cento.

E só 28 por cento o consideram um democrata. Antes, eram 37 por cento. A julgar pelas postagens que circulam nas redes sociais dos seus seguidores, provavelmente disseminadas pelo Gabinete do ódio (fotos), é fácil perceber quem seria o “exército de canalhas”, aqueles que são constantemente descredenciados pelos bolsomínios: as autoridades do STF e toda a oposição, que é por eles nivelada como “esquerdopata”. Quem não votou em Bolsonaro é assim chamado. Mas voto é voto. E em 2022 o povo deverá julgar o seu governo. Por enquanto, é só verborragia sem categoria.

O flagrante desespero pode sim, é complicar ainda mais a sua situação, ao tentar descreditar o processo eleitoral brasileiro, internacionalmente reconhecido como exemplar. Como se não bastasse atacar as instituições democráticas comuns ao estado de direito – como o STF e o TSE – ele está partindo agora para a quebra de braço pessoal, atacando autoridades como o Presidente do TSE, Ministro Luís Roberto Barroso, chamando-o de “imbecil e idiota”. Boa foi a resposta de Barroso: “Cumpro meu papel pelo bem do Brasil”. Nós, democratas, estamos com Barroso, pela sua moderação, pela sua paciência e sobretudo pela defesa da lei. Questionar um sistema eleitoral informatizado do qual não se tem notícia de fraude e querer voltar ao voto de papel é a mesma coisa que trocar a urna informatizada pelo curral eleitoral. E o voto digitalizado por aquele, de papel, onde nos grotões tinha eleitor que já recebia a cédula marcada com X. Nos grotões, não. Eu mesma, como repórter, já testemunhei esse tipo de fraude aqui mesmo, no Recife, onde menos se esperava: na apuração de eleição, no próprio TRE.

Na época, em favor de Nilo Coelho, candidato ao Senado pela Arena 1 nos tempos da ditadura, quando o povo não tinha direito de eleger nem governador, nem prefeito. E quando os regime de exceção não permitia o pluripartidarismo,  com o Brasil tendo apenas dois partidos: Arena (que defendia a ditadura) e MDB (que lutava pela redemocratização). Para acomodar forças antagônicas, criou-se uma excrecência, chamada de sublegenda: Arena, Arena 1, Arena 2. E por aí ia. Recordo que o candidato da Oposição ao Senado era Jarbas Vasconcelos. E a Arena 2 era representada pelo ex-udenista Cid Sampaio. E o slogan do MDB era “dois contra um e o povo contra os dois”. Não deu, a soma de sublegendas deu vitória a Nilo Coelho, cujos seguidores foram flagrados no próprio TRE, botando X onde não deviam. A julgar pelo que Bozó está fazendo, dizendo que não vai ter eleição se o voto não for de papel,  já dá para ver o que é que ele está querendo. Mas a julgar pela pesquisa, o povo quer outra coisa, democracia. Ditadura, nunca mais!

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: redes sociais

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