Cadê o “Pescador” de Abelardo da Hora?

Acreditem! Além de perdermos todo o precioso acervo do escultor Abelardo da Hora (1924-2014) para a Paraíba onde – aliás – está muito bem instalado e já se transformou até em atração turística em João Pessoa, no Recife, há casos de vandalismo e mesmo de sumiço. Vandalismo como o desaparecimento do pálio das figuras do Maracatu, do mesmo escultor, que fica no bairro de São José. Mas nesta semana, amigos meus deram por falta do pescador, que ficava nos jardins de uma agência do Banco Itaú, no bairro das Graças.

A informação chegou ao #OxeRecife por intermédio do meu amigo Denaldo Coelho, Coordenador do Grupo Preservar Pernambuco, que tem um braço – digamos mais recreativo – que é o Bora Preservar, através do qual fazemos caminhadas. Sempre com guias do mesmo grupo, que se preparam para nos contar as histórias da cidade. “Então, amiga, no próximo evento vamos reviver aquele circuito de Abelardo da Hora, que sei que você tanto conhece. Pois bem, como nossa caminhada será no final de maio, eu e Emanoel (Correia) fizemos o percurso no sábado passado”, conta Denaldo.

A presença de Abelardo da Hora nas nossas ruas inclui mulheres sensuais, manifestações da nossa cultura e até escorregos, como os do Parque Treze de Maio.

“Saímos da Praça do Entroncamento e fomos até a Praça Sérgio Loreto, mas para nossa surpresa, a estátua  O Pescador, que ficava no Banco Itaú com frente para a Rua das Creoulas, simplesmente sumiu do local”. E sumiu mesmo. Como os dois fizeram o percurso das esculturas informam que “simplesmente não a vimos em lugar nenhum”. E me envia uma foto publicada aqui no #OxeRecife em 13 de janeiro de 2019, quando fizemos o circuito com o Grupo MeninXs na Rua, tendo Agenor Tenório como guia.

Por esforço dele, sorte nossa e boa vontade da família, pudemos visitar até o ateliê e a residência do artista. As filhas de Abelardo abriram as portas do casarão da Rua do Sossego para os MeninXs. Foi um passeio maravilhoso e instrutivo, apesar do tempo ruim e da tarde chuvosa. Saímos do Parque da Jaqueira e terminamos no Bairro de São José. Pouco depois, o acervo que estava depositado no ateliê e na residência da família foi transferido para a Paraíba. E não foi por falta de oferta a Pernambuco, não. De acordo com a família, o governo estadual não mostrou interesse no assunto. É mole?  É o segundo grande acervo perdido para outro estado. No século passado, perdemos a Coleção Abelardo Rodrigues para a Bahia, que hoje encontra-se em exposição no Solar Ferrão,  no Pelourinho, em Salvador. Já pensaram se essas duas coleções estivessem hoje no Pátio de São Pedro? Ele estaria muito mais movimentado…

De acordo com Agenor Tenório, do MeninXs na Rua –  que muito circula pelas ruas do Recife –  “O Pescador” foi doado pelo Itaú ao Museu do Estado, onde se encontra nos jardins. Ah… bom. Abaixo, você confere outras informações sobre Abelardo da Hora, caminhadas e patrimônios artísticos do Recife.

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Texto e fotos: Letícia Lins / Acervo #OxeRecife

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2 comments

  1. Pernambuco infelizmente tem desses absurdos minha amiga! Você tem toda razão, se já não bastassem os vândalos, nossos momentos somem sem que ninguém saiba! Espero sinceramente que a escultura do Pescador esteja em exposição em outro local para o bem da cultura! Obrigado pelo alerta Letícia, tenho certeza que com a amplitude do ÔxeRecife essa história vai se resolver!!!

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