Baleia fica presa em equipamento de pesca. Outra jubarte acompanha operação de desmalhe

Primeiro foi um lobo-marinho, que deu na areia, em uma praia de São Paulo, onde parecia querer descansar. Monitorado por três dias pelo Instituto Argonauta, o animal voltou ao mar. Agora foi uma baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae), que ficou presa em um equipamento utilizado em pesca de espinhel e que poderia ter morrido, caso não tivesse sido desmalhada pela equipe da instituição. O mamífero media cerca de sete metros de comprimento. E apareceu preso em Ilhabela, Litoral Norte de São Paulo. Curioso é que a operação de desmalhe foi acompanhada o tempo todo por um outro indivíduo da mesma espécie. Linda essa solidariedade animal, com a qual os humanos têm muito a aprender, não é mesmo?

A ação de desmalhe contou com o apoio da embarcação Pontoporia da Terramare. E o acionamento foi feito pelas equipes da embarcação Megafauna e do VIVA Instituto Verde Azul, que avistaram a baleia na manhã do último dia 27. Segundo informações da equipe de do Instituto Argonauta, a baleia arrastava um cabo de nylon com poita (peso para manter o petrecho no fundo), que estava preso na sua cauda. “Esse é um tipo de petrecho utilizado em pesca de espinhel – formado pela linha principal, linhas secundárias (alças) e anzóis”, informa a equipe do Argonauta. O grupo especializado do Instituto Argonauta, com os biólogos Marcelo Rezende e Vinicius Damasceno, seguindo todo o protocolo exigido para a operação, conseguiu efetuar com sucesso o corte do cabo e a liberação do animal.

 

Desmalhe de baleia só deve ser feito por equipes especializadas para preservar a vida do animal e evitar acidentes.O desemalhe de uma baleia é uma atividade extremamente arriscada que precisa ser feita, seguindo protocolos específicos, e regulamentados no Brasil pelo CMA-ICMBIO e por uma equipe técnica capacitada e treinada para evitar ao máximo o risco a vida da equipe de salvamento. “Quando as pessoas não especializadas tentam fazer o desmalhe para ajudar o animal, acabam se colocando em risco e comprometendo, na maioria das vezes, a operação”, afirma Marcelo. “As equipes utilizam equipamentos específicos para minimizar o risco da baleia causar ferimentos às pessoas que estão tentando ajudar. Importante também lembrar que, não se deve, em hipótese alguma, entrar na água para tentar desemalhar o animal”, enfatiza o biólogo Manuel da Cruz Albaladejo, também do Argonauta.

Segundo a Diretora Executiva do Instituto Argonauta, a bióloga Carla Beatriz Barbosa, “as baleias-jubarte migram da Antártica para a costa sul da Bahia durante o inverno, para reprodução e amamentação. Durante seu deslocamento são avistadas na região do Litoral Norte – um dos caminhos da sua longa trajetória”. A baleia-jubarte recentemente foi enquadrada no status segura/pouco preocupante ou, em inglês, Least Concern (LC), de acordo com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas (em inglês IUCN Red List ou Red Data List). Isso porque, depois que sua caça foi proibida, a população das Jubartes no Oceano Atlântico Sul Ocidental está em plena recuperação. Ainda bem! Mesmo assim, a espécie sofre com outras ameaças, como a pesca incidental. Também podem ser atropeladas por lanchas, barcos ou navios, e tem também as pessoas que não respeitam as normas de avistamento, e que podem causar o molestamento desses animais”, alerta Carla.

O Instituto Argonauta que atua em todo litoral norte do Estado de São Paulo, tem em seu histórico conjuntamente com Aquário de Ubatuba e Projeto Tamar, o resgate de uma baleia jubarte no ano de 2000 que encalhou na Praia do Bonete em Ubatuba, e que foi reavistada em Abrolhos com comportamento normal de reprodução oito anos depois. O @institutoargonauta foi fundado em 1998 pela Diretoria do Aquário de Ubatuba (@aquariodeubatuba.oficial) e reconhecido em 2007 como OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). O Instituto tem como objetivo a conservação do Meio Ambiente, em especial dos ecossistemas costeiros e marinhos. Para isso, apoia e desenvolve projetos de pesquisa, resgate e reabilitação da fauna marinha, educação ambiental e resíduos sólidos no ambiente marinho, dentre outras atividades.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Instituto Argonauta / Divulgação

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