Se os grandes proprietários de terras já têm a sua bancada ruralista, o campesinato também se organizou nas eleições de 2022, para colocar seus representantes no poder legislativo. Em Pernambuco, por exemplo, Rosa Amorim é a primeira deputada vinda do MST a ter assento na Assembleia Legislativa. Ela se posiciona como “filha da reforma agrária”, pois cresceu no Assentamento Normandia, que fica em Caruaru, a 130 quilômetros do Recife.
Rosa é filha de Jaime Amorim e Rubineuza Leandro, dirigentes do MST no Estado. A deputada eleita é a única representante do MST no pleito de domingo. Além de Pernambuco, O MST elegeu seis deputados (quatro estaduais e um federal), no Ceará, Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Ao todo, houve 15 candidaturas em disputa em doze estados brasileiros. Rosa e todos os outros eleitos são filiados ao PT.

“Eleger uma bancada diversa, que represente o povo, é tão importante quanto garantir uma base de governabilidade de um possível governo Lula, que concorre às eleições neste segundo turno”, diz em nota o MST. Os novos deputados estaduais são Rosa Amorim (Pernambuco); Marina do MST (Rio de Janeiro), Adão Preto (Rio Grande do Sul); Missias (Ceará). Para a Câmara dos Deputados, vão Marcon (Rio Grande do Sul) e Valmir Assunção (Bahia). Dos seis, apenas Valmir foi reeleito.
Os outros são marinheiros de primeira viagem. Rosa teve 42 mil votos. Nasceu em Caruaru, mas mora atualmente no Recife, onde estuda Teatro na UFPE. Além de ser representante das lutas do povo camponês, também é engajada na batalha antirracista, na luta pela educação e pelas questões feministas. Lésbica, atua contra o machismo e a discriminação de gênero entre os trabalhadores rurais.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Gui Frodu (MST) e Redes Sociais