“A solidão e o seu corpo”, do poeta e acadêmico José Mário Rodrigues, ganha versão musical

Não deu nem para comemorar direito. Pelo menos por enquanto. É que José Mário Rodrigues ficou muito abatido com a “partida” do artista plástico e grande amigo José Cláudio, que encantou-se  na terça-feira, deixando saudades em uma multidão de admiradores e mais pobre a cultura pernambucana.  Os dois Zés eram tão próximos, que o Cláudio chegou a produzir um quadro, inspirado em poema  do Mário. Também desenhou seu rosto. Costumavam se encontrar pessoalmente, para conversar ou tomar café juntos, pelo menos uma vez por mês. Foi nesse clima de perda, que o poeta soube que ficara pronta a versão musical do seu poema “A solidão e seu corpo“, que começara a circular um dia antes, nas redes sociais.

Autor de mais de dez livros, imortal da Academia Pernambucana de Letras  e pessoa muito querida no Recife, José Mário integra a chamada Geração 65, que congregava poetas que movimentavam a cena intelectual do Recife, naqueles anos difíceis de ditadura e censura. Entre  os nomes do grupo encontram-se: Ângelo Monteiro, Domingos Alexandre, José Luiz de Melo. E também Alberto Cunha Melo, Marcus Accioly, Lucila Nogueira e Jaci Bezerra, os quatro já falecidos, incluindo meu saudoso compadre Jaci, também um poeta de primeira. José Mário é natural do município de Flores, que fica no Sertão do Pajeú.  Mas foi no Recife que construiu sua carreira poética.

O poeta José Mário Rodrigues desenhado por um grande amigo, o pintor Zé Cláudio, que encantou-se na terça-feira

Entre os livros mais conhecidos de José Mário encontra-se “O Voo da Eterna Brevidade“, no qual está o poema “A Solidão e o seu Corpo“, que começa a circular nas redes sociais na voz do cantor e compositor César Barreto, que encaminhou um vídeo para Glória De La Nora, amiga de Zé Mário e de César.

“Gostei muito da versão musical”, diz o poeta. O livro “O Voo da Eterna Brevidade” ganhou edição recente da Celpe. Veja o poema que virou música:  “Toda solidão tem o seu corpo / às vezes apenas o desejado / às vezes apenas na lembrança / de um tempo ido que ficou marcado. / Toda solidão tem seu descanso sem o desassossego de pensar /não repousa o corpo noutro corpo/ mas tem o sono para flutuar. / Toda solidão é pessoal e fria e fica leve e se consome e deixa cicatriz que quer posse/ e beijo num corpo sem saber seu nome”.

Confira o vídeo com César Barreto, apresentando a versão musical de “A Solidão e o seu Corpo”

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos e vídeo: Redes sociais

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