Esse Almério é muito bom. Sou fã. No domingo, fui assistir Desempena, no Teatro Santa Isabel. O show teve por finalidade arrecadar recursos para financiar uma turnê do jovem artista pela Europa. Ele vai abrir o show Grande Encontro (Elba Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo) no Coliseum, em Lisboa. Será no próximo mês. E aí aproveita para excursionar pela Europa, levando seu repertório com toda sua força poética e musical
O show do domingo não teve nenhum recurso cenográfico, nenhuma tela movida a laser nem leds, e também não contou com muitos músicos no palco. Ao seu lado, na guitarra, Juliano Holanda (que sozinho, já é um show à parte). Do outro, Philipe Moreira Sales (flautas e pífanos). E só. Vez por outra, o próprio Almério fazia uma percussão. Ou pedia à plateia que, com palmas, o acompanhasse. Pois, mesmo assim – só som e iluminação convencional – o show foi dez. E nos tempos de hoje, só bons artistas eletrizam o público sem ajudas do excesso de tecnologia. Pois ele consegue.
No palco, Almério tem a leveza de um pássaro, quando vai levantar voo. No corpo, uma requebro assim, que se dobra, se curva, se joga para frente ou para trás, carregando a sensualidade da juventude no seu tronco esguio. O jeitão, meio andrógino – porém nada panfletário – o coloca bem à moda do século 21. E o vozeirão solto no mundo. Mas não é só isso. Almério canta com muita alma, com sentimento, com entrega. Entrega à sua arte e ao seu público. Outra coisa boa: Apesar do sucesso no Rio de Janeiro com Marienne – até Ney Matogrosso tirou o chapéu para ele – a mosca azul ainda não picou o artista nascido em Altinho, Agreste de Pernambuco. Mantém a mesma simplicidade anterior ao estrelato, quando passou pelo menos doze anos de sua vida cantando “na noite, em barzinho”, como fez questão de lembrar.
Ele acha que vem daí, esse entrosamento tão espontâneo com seu público. Almério canta, mas o clima é sempre de diálogo com a plateia. Mostra espanto e agradecimento a cada casa cheia, sem perder a humildade. “Eu faço tudo que vocês querem, eu vivo para vocês, e eu adoro trabalhar, eu trabalho para vocês”, comenta quase ao final do show. Uma garota grita. “Tira a roupa”. Almério atende. Despoja-se daquele casaco que virou marca registrada no seu visual, e o deposita no chão do palco, como quem faz um ofertório. Canta músicas inéditas do próximo CD (que sairá pela Biscoito Fino, e cuja gravação começa no retorno da Europa). Inclusive Língua, c que ele acredita que será um dos seus próximos sucessos. A letra é do jornalista Bruno Albertim, com melodia de Holanda. E é uma música daquelas, com sensualidade à flor da pele. Após o show, o artista ainda arranjou tempo para autógrafos para os fãs. Quem viu o show sabe disso. Vai longe, esse menino. Que Deus lhe dê brilho eterno na carreira e que ilumine ainda mais a sua luz. Porque astral bom, carisma, musicalidade e riqueza poética, ele tem de sobra.
Veja no vídeo abaixo, como Almério:
Leia também:
Almério é um absurdo
Almério e Silvério no no Marco Zero
Dupla divina: Marisa Monte com Paulinho
Pabllo Moreno: do baião ao blues
“Palestina” do Recife: “Cadê nosso país?”
Um domingo de música no Palácio
Xangai e Maciel Melo em Boa Viagem
Texto, foto e vídeo: Letícia Lins / #OxeRecife
Almério é prata rara de casa com sabor de quero mais e mais. Revelação musical de um encanto e firmeza na voz que, nos deixa leve a alma e o coração. Evoé !