O Motim de Bruno: “Eu me preocupo em escrever sobre a opressão colonial que nos aprisiona”

Compartilhe nas redes sociais…

“Eu chamo “Motim” de meu pequeno caos. É uma pancada contra a normatividade que carregamos, ao tempo em que deixa em evidência muito da branquitude que me coloniza”, afirma o escritor, astrólogo, produtor cultural e músico  Bruno Albuquerque.  Ele tem um disco em fase de acabamento, de nome bem sugestivo: “Contratirania”, o que mostra que o artista é, também, um militante e um contestador. No próximo domingo, Bruno lança o livro Motim, a partir das 14h, na Cozinha Solidária do MTST, que fica no bairro da Torre, Zona Norte do Recife.

O evento de lançamento faz parte da 2ª Semana de Arte Solidária do MTST, que contará também com Roda Literária com poetas e editores, encerrando com o grupo musical Abre Caminho, apresentando seu álbum Padê. Ele teve as primeiras experiências poéticas aos 18 anos, motivado pelo pai (formado em Letras) e pela mãe (professora). E seu primeiro texto em busca da carreira de escritor já mostrava estar contra as injustiças sociais e outras deformações da sociedade. E o grito de protesto é explícito no título do primeiro texto: “Bomba no Sistema”. E, aos 45, prossegue em “Motim”.

Motim, de Bruno Albuquerque, é grito de protesto  contra “a branquitude que nos coloniza”. Lançamento é domingo

Quanto ao livro que lança domingo, Bruno considera que, sem as vivências registradas em “Motim”, os conteúdos que vem ensaiando para as próximas publicações nunca seriam possíveis. “O artista que sou hoje tem outra consciência de si, e influencia também o militante que sou. Tenho dito que vão abrindo, ambos, espaços para outros lugares, até que se permitam, quiçá, algo de coletividade de fato. Meus próximos escritos hão de registrar esse caminho”, expressa o escritor. Sobre Motim, ele afirma:

“É a percepção que tenho dele como fronteira entre dois ciclos, depois de participar de cursos sobre antirracismo, durante a pandemia, de terem caído várias fichas sobre os níveis de machismo que trago e de privilégios que gozo como homem branco cis hetero. Nesse momento, comecei a me preocupar em escrever contra a opressão colonial que nos aprisiona. Três perspectivas acompanham muito a minha escrita, que são a metalinguagem e o seu lado filosófico, a indignação com injustiças e, mais especificamente em “Motim”, a possibilidade de dar notoriedade às nossas vozes internas”, explica Bruno Albuquerque. Curioso: A narrativa da obra literária é permeada sutilmente por eixos astrológicos.

“O livro tem poemas com um caráter mais enérgico, mais impulsivo, com uma carga mais verborrágica, os quais associo aos temas da Casa 1 dos mapas mais ligados ao signo áries – que é do elemento fogo. Por outra, os versos associados ao signo de gêmeos, por exemplo, são mais perguntadores”, detalha o escritor e astrólogo, acrescentando que todos os seus trabalhos acabam tendo influências também, mesmo que apenas como inspiração criativa, dos seus conhecimentos sobre o alinhamento dos astros.  Ele descreve a sua trajetória na literatura em pelo menos três momentos, diluídos entre os versos do Motim: “O primeiro é quando eu escrevia de uma forma quase terapêutica, já que muita coisa minha era represada, silenciada, e eu tinha que escrever pra ver algo meu no mundo. O segundo momento foi quando começaram a aparecer poemas de uma instiga muito forte, de pancadas, eu escrevendo como queria, o que eu queria e indo atrás dos prazeres e das dores que carregava com isso. Algo bem impulsivo e verborrágico. O terceiro insight da minha carreira foi quando eu estava num Café do Recife, e um poema nasceu, olhando aquela xícara me devolver versos feito ecos vindos de um poço. Foi quando comecei a amadurecer melhor certos mecanismos e trejeitos, me preocupar mais com a estética dos versos.”

Leia também
Instituto Arqueológico e Cepe lançam coleção que aborda revoluções e padres guerreiros
Movimento Armorial: livro “Poeira, Sagrado e Festa” assinala 25 anos do Grupo Grial
Pernalonga tem biografia lançada na Bienal de Pernambuco
Incluído entre os melhores filmes brasileiros, Tatuagem ganha livro
Pedro Américo, o artista que virou pop star
Mercado EufrásioBarbosa tem lançamento de livro e expô sobre Adão Pinheiro
Ismael Caldas  vira tema de livro
Premiada Mary Del Priori é a primeira atração do Circuito Cultural da Cepe
O levante dos camponeses
Editoras contra elitização do livro
Carlos Pena Filho: trinta copos de chope
Litoral Sul ganha tenda literária
Joca e seus diálogos improváveis
Você tem fome de quê? De livros
Ditadura: a dificuldade dos escritores
Pensem, em 1964 já tinha fake news
Livro oportuno sobre a ditadura
Livro revela segredos da guerrilha 
Tereza: uma mulher em três tempos
Miró estreia livro infantil
Clube da Leitura: livros com desconto
Compra de livros sem gastar tostão
Arruar mostra o Recife do passado
O dia que esqueci que sou repórter
Nação Xambá: 88 anos de resistência
Boa Viagem ao Brasil do século 17
O lado musical da Revolução de 1817
De Yaá a Penélope africana

Clube de leitura: livros com descontos
O “sequestro da independência”: Como ditaduras e democracias exploram a data cívica
Livro mostra passageiros da tempestade: fascistas e negacionistas em tempos presentes
A arte de ser ignorante
Documento revela: riquezas acumuladas por igreja Católica incluiam Monjope
Revolução de 1817, “subversão” que virou orgulho dos pernambucanos
Paulo Santos: Frenesi absolutista do Brasil e a pole position de Pernambuco
De Yaá a Penélope africana
História da Revolução de 30 e a tragédia de três homens chamados João
O levante dos camponeses
Fake news: Bacamarteiros viraram guerrilheiros
Memória e censura: quando a palavra camponês era proibida nas redações
Sônia Braga ganha  primeira fotobiografia com lançamento no Festival de Inverno de Garanhuns
Grito do Ipiranga: Pernambuco contestador,as “independências” do Brasil, revoltas populares
Pedro Américo, o artista que virou “pop star”
Fenelivro tem história de vida de Pedro Américo

O lado musical da Revolução de 1817
Entre o amor e a Revolução
Muito linda, a versão musical da Revolução de 1817
Libertário, Frei Caneca é lembrado
História: Krzyszotof Arciszewski,o rival polonês de Maurício de Nassau
“Cangaço, Guerreiros do Sol,Violência e Banditismo no Nordeste do Brasil é relançado
Esgotado, livro “Estrelas de Couro – A estética do cangaço é relançado”
Livro mostra a rica vida cultural do Recife do passado
Quase Santo, Dom da Paz ganha livro com 36 histórias

A Capital vai virar mar?
Sessão Recife Nostalgia: Viagem do século 21 ao 16 com livro e exposição no Museu da Cidade

Livro mostra passageiros da tempestade: fascistas e negacionistas em tempos presentes
O ano de Cida Pedrosa: escritora premiada, feminista e vereadora
Fake news: Bacamarteiros viraram guerrilheiros

SERVIÇO:
Lançamento do livro MOTIM de Bruno Albuquerque
Data: 03 de dezembro de 2023 (domingo)
Local: Cozinha Solidária do MTST (Rua Eliéser Olímpio de Moura, 100, Torre, Recife-PE)
Horário: 14h
Entrada: gratuita e livre ao público
Valor do livro: R$ 50 ou R$ 60 (excedente para doações a projetos sociais)
Mais informações: *@seujeronimo | Fone/whatsapp: 81 991317406

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos:  Rayanne Morais

Continue lendo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.