Carlos Pena Filho: “trinta copos de chope” e memória no Museu do Estado

No Recife, não há quem não conheça esses versos: “São trinta copos de chope, /são trinta homens sentados/ Trezentos desejos presos/ trinta mil sonhos frustrados”. Eles até  foram incorporados ao cancioneiro do carnaval pernambucano, no frevo canção Nunca fui amado, de Gildo Branco, que  fez o maior sucesso em 1963 e que ficou entre aquelas músicas de repertório inesquecível do carnaval do nossa cidade. O frevo começa assim: “Carlos Pena tinha razão, quando escreveu esse refrão….” O autor dos primeiros versos, Carlos Pena Filho (1929-1960), estaria completando 90 anos em 2019.

Outro poema de Carlos Pena que integra o cancioneiro ligado ao poeta é A Mesma Rosa Amarela, que virou sucesso nacional na voz de uma das maiores estrelas da MPB nos anos 1960: Maísa Matarazzo. Mas para os pernambucanos e, principalmente para o recifense, o seu poema inesquecível é o Guia Prático da Cidade do Recife, no qual ele mostra as várias faces da capital, incluindo a da boemia, ao referir-se ao Bar Savoy,  ponto de encontro dos intelectuais no século passado e que hoje apenas faz parte da memória da cidade. Para assinalar a data, a Secretaria de Cultura do Estado (Secult-PE) realiza o evento Entrar no acaso e amar o transitório – 90 anos de Carlos Pena Filho. Dança, cinema, mesas de debate e lançamento do livro Carlos Pena Filho: uma poesia social. Tudo acontece a partir das 16h dessa quinta ( dia 12 de dezembro), no Museu do Estado, que fica no bairro das Graças.

Entre outras iniciativas, na programação constam recitais, que incluem a neta do poeta, Joana Pena, figurinista e ilustradora. Além de cantar no evento em homenagem ao avô, ela mostrará dois vestidos remanescentes de coleção Para Fazer um Soneto, apresentada em 2005, no extinto Recife Fashion.“Eu tinha essa vontade de trabalhar com o imaginário da poesia dele. Ao menos ao que me remetia na época, que era muito o visual – hoje conheço mais sua obra e vejo outros vieses. Quando lia, tinha a sensação de quase tocar nas cores”, diz Joana, que encheu de cores e bordou de versos suas peças. O evento tem apoio da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe).

Confira a programação completa:
*Abertura com performance Sobre Mosaicos Azuis, com Januária Finizola
*Exibição do curta-metragem Palavra Plástica (2011), de Léo Falcão – A partir de imagens poéticas propostas por 20 artistas constrói-se um argumento lírico sobre a vida do poeta Carlos Pena Filho.
*Mesa Deixe levá-lo a correnteza – Carlos Pena Filho e a criação contemporânea, com Léo Falcão (roteirista e diretor de cinema), Joana Pena (figurinista) e André Rosemberg (compositor)
*Mesa Para fazer um soneto  (Com Paulo Gustavo, Luiz Otávio Cavalcanti e Samarone Lima (poeta)
*Lançamento do livro Uma poesia social: Carlos Pena Filho, de Luiz Otávio Cavalcanti

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Serviço
Entrar no acaso e amar o transitório – 90 anos de Carlos Pena Filho
Quando: 12 de dezembro
Horário: 16h
Onde: Museu do Estado de Pernambuco (Mepe)
Endereço: Avenida Rui Barbosa, 960, Graças
Entrada gratuita

Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife e Cepe/ Divulgação (Carlos Pena Filho)

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