Aposentado do Departamento de Fundamentos Sócio-Filosóficos da Educação da Universidade Federal de Pernambuco, o professor Flávio Henrique Albert Brayner é um dos milhões de brasileiros que se sentem inquietos com o que está vendo acontecer no país, como comentários racistas, ameaças ao ensino, ataques à ciência e o desmonte da cultura apregoados pelo governo federal comandando por Jair Bolsonaro e que, infelizmente, tem mergulhado o país em uma verdadeira distopia. Tal realidade terminou servindo de mote para uma série de artigos que deram origem ao livro “A arte de se tornar ignorante”. O livro será lançado pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), em live que acontece às 19h30m dessa quinta-feira (1/7), no canal da Cepe no Youtube.
Participam, além do autor, dois apresentadores da obra: o professor Lourival Holanda e o ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Anísio Brasileiro, no canal da Cepe no Youtube. A arte de se tornar ignorante tem 288 páginas. São 125 crônicas selecionadas de acordo com os eixos que conduzem o livro: Os outros, A arte de se tornar ignorante; Universitas; O tempora, o mores!; Política & História; e O que fizeram de mim. Nos textos, Flávio Brayner registra suas memórias e, principalmente, aquilo que absorve em leituras e conversas. “Um pouco de atenção que dedico à nossa época, seus costumes, sua decadência, aos ditos das pessoas, às declarações de homens públicos, às passagens dos grandes clássicos da cultura”.
Frente aos ataques do governo federal à cultura, ele dedicou um artigo ao sociólogo e crítico literário Antonio Candido (1918-2017) no qual destaca: “A literatura deveria ser encarada como um direito universal e inalienável sem o que nossa humanidade está em risco.” Flávio Brayner também se manifestou, numa das crônicas, ao ler uma proposta de cassação do título de Patrono da Educação Brasileira dado ao educador Paulo Freire (1921-1997), que usava como argumento avaliações internacionais da educação no País com resultados negativos. “As orientações pedagógicas das instituições públicas e privadas brasileiras não são freireanas. Bem antes de Freire, nossa educação já era um desastre republicano! “, diz. “Ao fim da Primeira Guerra Mundial (1918), apenas oito por cento da população nordestina era alfabetizada”, ressalta. E resume:
“Diferentemente de Paulo Freire, eu não tenho nada a “anunciar”, talvez algumas coisas a “denunciar”, mas sem nenhuma intenção “profética” ou salvacionista. Quis apenas compreender a época em que vivi e dizer para os outros que o “Horror” não é uma condição necessária da existência. Só isto!”..
Em vários textos, aliás, ele defende a importância da escola para a formação integral de cidadãos com pensamento crítico e a manutenção dos cursos de filosofia no ensino médio, em resposta a projetos do governo federal para acabar com a disciplina. A arte de ser ignorante é a terceira coletânea de artigos publicados no Jornal do Commercio, lançada por Flávio Brayner. A primeira foi Nós que amávamos tanto a libertação (2011) e a segunda, O céu dos oblíquos (2017). Somando as duas e o que será lançado hoje, ele tem doze livros publicados.
Leia também
Trilhas da Democracia discute autoritarismo no Brasil e censura na Ufpe
Memória e censura: Quando a palavra camponês era proibida nas redações
Trilhas da democracia: Intimidação e mordaça nas universidades
UFPE divulga nota mas não explica autocensura a vídeo sobre pandemia
Manifesto contra censura da Ufpe a vídeo sobre pandemia e negacionismo
Censura a nome de Bolsonaro provoca exoneração de diretor na Ufpe
Memória: Período militar, quando as armas viraram oferendas no altar
Fora Bolsonaro nas ruas e reações antidemocráticas nas redes sociais
Violência policial derruba Secretário de Defesa Social e comandante da PM
Afinal, quem mandou a Polícia Militar disparar balas de borracha?
Violência policial é elogiada por coronel da PM. Vítima protesta
Pernambuco é hoje o grande vexame político nacional
Manifestação contra Bolsonaro. Agressão da PM foi insubordinação?
Dom da Paz pode virar santo. Cepe imprime documentos para o Vaticano
Governadores repudiam negacionismo e invasão a hospital
O pior cartão de natal de minha vida
Filme revive fatos da ditadura de 1964
Livro oportuno sobre a ditadura (que o Presidente eleito diz que nunca existiu)
Lição de história sobre ditadura no Olha! Recife
Ministério Público recomenda que não se comemore 1964 nos quartéis do Exército
A história de 1968 pela fotografia
Cantadores: Bolsonaro é a marca do passado
E agora, Bozó?
Arsenal: Sexta tem Cabaré do Bozó
Coronavírus: vaidade, mesquinharia, doação
Herói, palhaço, lockdown
Cientistas contestam Bolsonaro
Voltar à normalidade como? “Gripezinha”, “resfriadinho” ou genocídio?
Servidor federal é demitido porque fez a coisa certa na proteção ambiental
Ministro manda oceanógrafo trabalhar na caatinga: O Sertão já virou mar?
O Brasil está virando o rei do veneno
Fome, tortura, veneno e maniqueísmo
Agricultura, veneno e genocídio
A fome no Brasil é uma mentira?
A mentira da fome e a realidade no lixão do Sertão que comoveu o Brasil
A história de 1968 pela fotografia
Cantadores: Bolsonaro é a marca do passado
“Nazista bom é nazista morto” chama atenção em muro do Exército
Menino veste azul e menina veste rosa?
“Falsa impressão de que arma é a solução”
Cuidado, armas à vista. Perigo!
Azul e rosa na folia dos laranjais
Circo, Galo, frevo, festa e o carai
Ditadura: a dificuldade dos escritores
Público vai ter acesso a 132 mil documentos deixados pelo Dom da Paz
“Cárcere” mostra o Brasil da ditadura
Pensem, em 1964 já tinha fake news: bacamarteiros viraram guerrilheiros
Cinema dominado e poucas opções: Amores de Chumbo
Mutirão contra a censura de Abrazo
Censura de Abrazo vira caso de justiça
Os levantes dos camponeses e a triste memória da ditadura em Pernambuco
Serviço
O que: live de lançamento de A arte de se tornar ignorante com Flávio Brayner, Anísio Brasileiro e Lourival Holanda
Quando: 1º de julho
Hora: 19h30
Local: Canal da Cepe no YouTube
Preço: R$ 40 (impresso) e R$ 16 (e-book)
Onde comprar: Lojas físicas e site da Cepe (www.cepe.com.br/lojacepe/)
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação / Cepe