Carnaúba é “árvore da vida” para populações da Caatinga em estados como Piauí e Ceará

Ainda muito comum na paisagem de estados como Maranhão, Rio Grande do Norte e, principalmente, no Piauí e Ceará, a carnaúba é conhecida como “a árvore da vida”. Nativa do Nordeste Brasil, e tida como a “palmeira sertaneja”, a Copernicia punifera é uma planta de  múltiplas utilidades. Suas folhas servem de alimento para o gado, adubo, confecção de artesanato (cestaria, bolsas, chapéus), para cobrir telhados nas áreas rurais. Também é delas que se extrai a cera utilizada em indústrias de cosméticos, em fármacos (cápsulas de remédio), chips, na fabricação de verniz, tintas.

As folhas são usadas em chás energéticos no interior e a raiz é solicitada na farmacopeia popular pelos efeitos diuréticos. O caule é usado em cobertas e em enforquilhamentos, por conta da resistência de sua madeira. A castanha é comestível. A carnaúba é uma árvore tão rica, que virou símbolo de estados como Piauí e Ceará, sendo que está presente na bandeira desse estado, onde representa o extrativismo. Agora a carnaúba virou um dos alvos de projeto da Associação Caatinga, pois é uma das espécies plantadas em área em uma área considerada de relevante interesse ecológico (ARIE), a Fazenda Raposa. Ela fica no município de Maracanaú, localizado a 22 quilômetros de Fortaleza. Ao todo, são 136 hectares, dos quais 30 hectares já foram restaurados com plantas nativas do Sertão, somando um total de 18.750 mudas de várias espécies do bioma, que é exclusivo do Brasil. Além da carnaúba, a Fazenda Raposa vem ganhando outras espécias nativas, como tamboril, caatingueira, jucá, pereiro, angico, mulungu, sabiá, coronha, amburana, aroeira.

O projeto visa, também, proteger as coleções de diferentes espécies de carnaúbas que estão dentro da Fazenda Raposa.  Uma carnaúba atinge dez metros de altura, podendo chegar a 15 metros. O caule tem diâmetro de 15 a 25 centímetros, porém suas folhas são imensas, chegam a atingir um metro. Além das palmeiras, o projeto de reflorestamento da Fazenda Raposa implantou um viveiro de mudas nativas, aceiros (para evitar expansão de fogo em caso de incêndios) e faz capacitação de brigadas contra incêndios florestais. Informações só para assinalar a passagem desse 22 de maio, Dia Internacional da Biodiversidade. E o Brasil é um dos países mais biodiversos do mundo, com 103 mil espécies animais e cerca de 43 mil de vegetais já catalogados.

Sim, a Caatinga é o único bioma do nosso país que é único no mundo. Portanto, preservar é preciso. O projeto a ARIE teve início em março de 2022, com o objetivo de recuperar áreas degradas, ampliar o sequestro e o estoque de carbono, conservar a biodiversidade local e garantir a segurança hídrica de bacias hidrográficas da região.  “Infelizmente, estudos mostram que espécies estão entrando em extinção e muitas outras encontram-se ameaçadas de extinção, a maioria animais de pequeno porte sensíveis às mudanças climáticas. Mas plantas e animais de grande porte também estão sofrendo devido, principalmente, ao tráfico de animais, caça, queimadas e perda de habitat”, afirma Daniel Fedandes, coordenador Geral da Associação Caatinga.

Além de ter relevância ambiental, científica e histórica, a Fazenda Raposa está localizada em um ponto estratégico, uma vez que as ações de proteção da área têm desdobramentos para outras três unidades de conservação vizinhas: Área de Proteção Ambiental do Rio Maranguapinho (1.789 hectares), Parque Estadual do Cocó (1.571,29 hectares) e a Área de Proteção Ambiental da Serra da Aratanha (6.448,29 hectares). O projeto de regeneração floresta tem apoio de empresas como a White Martins, Coca-Cola, Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), do Governo do Estado de Ceará (por meio da Secretaria Estadual de Meio Ambiente), da Prefeitura de Maracanaú, da Universidade Federal do Ceará, da Durametal, da CoBAP. e da White Martins. A Associação Caatinga atua desde 1998 na proteção da Caatinga e no fomento ao desenvolvimento sustentável da Região.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Associação Caatinga /Divulgação

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