Recife longe dos objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) da ONU

No século passado, quando um pernambucano visitava algum estado do sul e alguém lhe indagava a origem, as pessoas gostavam de dizer. “Sou do Recife, cidade pequena porém decente”. Melhor, nos anos 1930, a nossa capital se orgulhava de ser cobertura cem por cento de saneamento, percentual hoje reduzido a 30 por cento. Ou seja,  um retrocesso imenso. Hoje o Recife não é pequena, virou  ci uma metrópole. Mas não se pode dizer que seja tão “decente” quanto antes. Pois apesar de alguns programas, os números deixam a desejar. É que um estudo elaborado com base no Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades – Brasil (IDSC-BR) mostra que nossa cidade ainda não atingiu nove dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) até 2030.

No ranking nacional, o Recife está na 14ª posição entre as 26 capitais brasileiras, quando aos ODS. E na 378ª, entre os 770 municípios estudados. Não é difícil constatar o que os números mostram, em uma cidade onde estima-se em 70 mil o deficit de habitações e na qual grande parte da população reside em morros ou alagados, ou mesmo em barracas de lona armadas em calçadas e praças da cidade. Também não é difícil observar-se o crescimento da situação de insegurança alimentar,  percorrendo-se as ruas do centro e dos bairros, onde é comum se ver pessoas com placas de aviso do tipo “Tou com fome”. 

No ranking geral do Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades – Brasil (IDSC-BR), que computou e analisou os dados de 770 municípios de todo o país, Recife encontra-se na 378ª posição, com pontuação média de 54,57 considerando todos os objetivos a serem atingidos. Quanto mais próximo de 100, mais perto de alcançar as metas preconizadas pela ONU. A cidade registra nove ODS assinalados na cor vermelha, nível mais baixo do índice, sendo que os objetivos situados no patamar inferior da tabela estão os de número 2 .

No Recife, grande parte da população habita nos morros, muitas vezes em situação precária, sujeita a deslizamentos.

Ou seja: Fome zero e agricultura sustentável (36,0 pontos), 3 – Saúde e bem-estar (51,9 pontos), 4 – Educação de qualidade (48,6 pontos), 5 – Igualdade de Gênero (32,9 pontos), 6 – Água Limpa e Saneamento ( 64,4 pontos), 8 – Trabalho Decente e Crescimento Econômico ( 43,9 pontos), 10 – Redução das Desigualdades (40,6 pontos), 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis ( 29,2 pontos) e 16 – Paz, Justiça e Instituições eficazes ( 32,3 pontos) sendo que alguns desses pontos são desafios compartilhados por prefeitos e gestores públicos de todo o país.

Por outro lado, o índice mostra que Recife está muito próxima de alcançar plenamente o ODS 7 – Energia Limpa e Acessível (99,3 pontos) e o ODS 12 – Consumo e Produção Responsáveis (95,2). Lançado recentemente (no dia 23/3), o Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades – Brasil (IDSC-BR) é um estudo inédito desenvolvido pelo Programa Cidades Sustentáveis (PCS), em parceria com a Sustainable Development Solutions Network (SDSN), uma iniciativa da ONU para monitorar os ODS em seus países-membros. Vamos torcer para que a situação social do Recife melhore, o quanto antes. Com educação, cultura, e uma boa rede de proteção social

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Sofia de Paula e Visit Macaxeira / Acervo #OxeRecife

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