Piano de Amaro de Freitas ao vivo, na estreia do filme “Fim de semana no Paraíso selvagem”

Reformado e após ter recuperado o esplendor do passado, o Teatro do Parque vem ocupando o lugar do Cinema São Luiz, sediando estreias de filmes e até festivais, enquanto a outra icônica sala de projeção encontra-se em reforma. E na noite dessa quinta-feira, o recifense vai vivenciar uma experiência comum no passado, nos tempos do cinema mudo, quando as sessões eram animadas por músicos, orquestras, piano. Pois é justamente o piano de Amaro de Freitas que estará no palco, hoje, para a execução ao vivo da trilha sonora do filme “Fim de Semana no Paraíso Selvagem”, que será lançado às 19h dessa quinta. É o segundo longa do cineasta pernambucano Pedro Severien, que já havia sido exibido na Mostra Internacional do Cinema de 2022, em São Paulo.

O  filme tem a ver com as memórias afetivas do Diretor, que passava o veraneio na praia de Tamandaré, no Litoral Sul de Pernambuco. A praia, aliás, constitui um dos cenários do longa, no qual  aparecem paisagens, também, de Cabo de Santo Agostinho, Sirinhaém, e Ipojuca. O filme conta a história de Rejane, que após passar um tempo fora, retorna sem entender direito o que aconteceu com o seu irmão mergulhador, que é encontrado morto “em um mar cercado de sombras por todos os lados”. Ela vivencia, então, o contraste entre o passado e o presente: Paraíso, que no passado fazia jus ao nome, é agora um  território expandido, controlado por um grupo de pessoas das classes dominantes e tomado por um complexo industrial portuário e pela especulação imobiliária. Ou seja, uma local de disputa “entre tubarões e peixes pequenos”.

Segundo longa de Pedro Severian já arrebatou 16 premiações em apenas um ano de exibições em festivais

Aliás, uma ficção não muito diferente daquela vivenciada por aqueles municípios pernambucanos, incluindo Ipojuca, onde fica a praia de Porto de Galinhas, hoje uma praia sem segurança, dominada por facções do tráfico e da criminalidade. “Para transparecer essas forças da violência e opressão, eu quis usar uma certa noção de memória, uma memória coletiva”, diz Pedro. “A investigação que Rejane faz sobre a morte do irmão, Rodrigo, é aparentemente externa, buscando evidências sobre os últimos acontecimentos da vida dele, mas vai caminhando para uma investigação dos vestígios mais afetivos e emocionais”. Informa que, por fim, “ o mergulho é o interior, para dentro de si mesma, para encarar um trauma do passado”.

O filme foi rodado em 2021, durante a pandemia, seguindo rígidos protocolos de segurança sanitária, tanto que nenhum contágio ocorreu durante as filmagens. O filme já ostenta 16 premiações durante um ano de participações em festivais. Entre os atores, encontram-se Ana Flávia Cavalcanti (Rejane), Ênio Cavalcanti, Pedro Wagner e Zezé Mota. Tem o patrocínio do Fundo de Incentivo à Cultura do Estado de Pernambuco (Funcultura) e Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) do Governo Federal.

Serviço
Estreia do filme “Fim de semana no  Paraíso selvagem”
Onde: Teatro do Parque (Rua do Hospício, 81, Boa Vista)
Quando: Quinta-feira, 7 de dezembro
Horário: 19h
Ingressos no Sympla

Leia também
“Sem coração”, de Nara Normande e Tião, estreia na abertura do Janela no Teatro do parque
“Sem Coração”, de Nara Normande vira unanimidade no Festival de Cinema de Veneza
Até novembro, Teatro do Parque terá nove sessões de Retratos Fantasma
Retratos fantasmas começa a ser exibido no Recife.
“Retratos fantasmas”, de Kleber Mendonça, mostra o centro do Recife sem os seus cinemas
A denúncia e o apelo de Kleber Mendonça em defesa do Cinema São Luiz
Eryka Vasconcelos coleciona prêmios com filme sobre esquizofrenia
Le Ballon Rouge tem exibição gratuita no Parque de Santana
Sem Coração, de Nara Normande, vira unanimidade no Festival de Veneza
Sessão Recife Nostalgia: Cinema São Luiz, vitrais e festa como nos velhos tempos
Sessão Recife Nostalgia: Rua da Aurora, Sorveteria Gemba e Cinema São Luiz
Outras Palavras no Cinema São Luiz
Olha! Recife: Velhos cinemas e história
Festival Janela do Cinema no São Luiz
Escândalo da Mandioca no São Luiz
Meninos, balé e bullying no São Luiz
Escândalo da Mandioca no São Luiz
Sessão Recife Nostalgia:Afogados, história, cinelândia e Rozemblit 
Nota dez para o Recife que te quero ver
O Recife que te quero ver
Hans Von Manteuffel dedica fotopoema ao “Recife que te quero ver”
Sessão Nostalgia: Saudade dos cinemas de rua revivida em Fernando de Noronha
De volta ao “Quem  me quer”. Sabem o que é?
Relíquia do Sertão, Theatro Cinema Guarany ganha livro
Muito glamour  no CineFestival no Theatro Cinema Guarany
Theatro Cinema Guarany completa cem anos e volta a funcionar
Incluído entre os cem melhores filmes  brasileiros,Tatuagem ganha livro
Cotidiano de Água Fria, no Recife, vai a dois festivais de cinema
Cineclube ao ar livre em Apipucos
Farmácia viva e audiovisual: produção coletiva em Apipucos
Cineclubes: a conexão Brasil – Alemanha
Apipucos tem Movimenta Cineclubes: mudanças climáticas em discussão
Bairros ganham Movimenta Cineclube
Cineasta luta pela sede da Aurora Filmes
Cinema vai à escola e praça em Tabira
Cinema, rio e bicicleta em discussão
Esplendor e o cinema para cegos
A história do menino que processa os pais por o terem colocado no mundo
Muito bom “Uma casa à beira mar”
Filmes made in PE para ver em casa
Olha! Recife e Mamam : lendas urbanas
Filme “Recife Assombrado” chega ao Canal Brasil
Cine Olinda vai ser restaurado. E o resto?
Filme sobre esquizofrenia ganha prêmios
Luciano Torres ganha prêmio internacional: botija, beato e besta fera
Cinema: Túlio Beat, da Bacurau Cultural leva Botija à Itália e à Inglaterra
Cotidiano de Água Fria, no Recife, vai a dois festivais de cinema

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação

Continue lendo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.