Paradas de ônibus: Passageiros ficam expostos a sol, chuva e longa espera

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Todas as vezes que vou ao Centro do Recife dou prioridade ao transporte público. Pois há ruas que são interditadas a carros particulares,  há dificuldade para estacionar e a gente ainda corre o risco de ser extorquida por flanelinhas. Um saco. Para chegar lá é fácil. Resido na Zona Norte e a oferta de ônibus é grande para quem se desloca, por exemplo, de bairros como Casa Forte para o  Recife Antigo.

Para voltar, no entanto, é difícil. Além da demora – terminei pegando um táxi para retornar ao ponto de origem – outro problema me chamou a atenção. O descaso do Grande Recife Consórcio de Transportes com os passageiros. Havia pessoas que estavam aguardando coletivos há hora e meia. Pior: expostas ao sol forte, o quengo quase explodindo de tanto calor, pois as paradas por onde passei não tinham, sequer, uma coberta para proteger os usuários. O que chama a atenção é que essa deficiência ocorre em área turística, como é o bairro do Recife. Ao desembarcar na Avenida Alfredo Lisboa, próximo à sede da Receita Federal, indaguei ao motorista do ônibus: “onde pego o coletivo de volta?”. E ele respondeu: “Aqui mesmo”. Procurei a “parada” do “aqui mesmo” e não a percebi. Só no retorno, caminhando pela mesma via foi que vi o tal ponto de ônibus, aquele da foto acima. Andando mais um pouco, cheguei na Rua do Apolo e encontrei outra parada na mesma situação.  Havia uns 30 estudantes aguardando coletivo, reclamando do calor e da demora. Não tinha coberta para protegê-los do sol, e todos se espremiam sob uma árvore de pequeno porte, cuja sombra não dava para quem queria.

Em ruas de acesso ao Marco Zero, como a Marquês de Olinda, a situação é mesma. Calor absurdo, sol torrando a cabeça da gente, e algumas pessoas se abrigando sob marquises nem sempre em boas condições.

Fiquei a pensar, que se em área turística a situação dos passageiros é aquela – expostos ao sol e à chuva – como não será a dos subúrbios, onde a presença do estado é ainda menor? Realmente o recifense e os pernambucanos pagam seus impostos, mas na hora do retorno do serviço público, este sempre deixa a desejar. É inadmissível que os chamados “abrigos” de ônibus sejam uns equipamentos que o passageiro mal os percebem, a não ser que já estejam habituados com a bagaceira. Pior: antes, quase todos tinham estampadas nas laterais as linhas que pegam passageiros nas respectivas paradas Hoje, são poucos os que ostentam a informação. A justificativa seria que as informações agora estão em aplicativos nos telefones celulares. Porém, do jeito que esses aparelhinhos vêm sendo surrupiados em vias públicas, não convém ficar manipulando-os no meio da rua. Aliás, na parada na Rua do Apolo uma estudante não parava de consultar o aplicativo que mostra o horário que o ônibus vai passar. Tinha muita gente na parada e ela sentiu segura. “O ônibus vai passar daqui a dez minutos, daqui a cinco, chega jájá”. Não chegou Quarenta minutos já haviam se passado quando decidi pegar um TX para ganhar tempo.

Não sei em que deu o aplicativo da menina. Mas sei que as paradas são de fazer vergonha a qualquer gestão pública. O Recife merece uma coisinha melhor…

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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

5 comments

  1. É um absurdo a situação das paradas de ônibus. A população sofre demais ,aguenta firme .Tinha mais é que protestar,exigir qualidade e eficiência no serviço prestado pelo Consórcio Recife, que é um desastre total.
    Aliás,essa turma do Consórcio Recife,os técnicos de gabinete, não utilizam transporte público e não fazem idéia do que é esperar um ônibus na nossa cidade.Uma vergonha!

  2. Essa é outra questão crucial do Recife, paradas de ônibus sem coberturas. E quando têm são minúsculas, insuficientes para abrigar do sol e chuva o tanto de pessoas que buscam abrigo. Sem contar as coberturas com a lataria danificada. Quando chove pingam ferrugem sobre as pessoas. E as linhas dos coletivos que param nas paradas, mais das vezes não constam escritas nas laterais. O que mais se vê é passageiro pedindo informação um ao outro ou saindo aleatoriamente em busca de outra parada. Senhor prefeito, abrace o Recife, a cidade clama por melhor tratamento e organização e, acima de tudo, respeite a população!

  3. Volto aqui a título de complementação, a justificativa de que as linhas de ônibus não constam escritas nas paradas porque existem aplicativos com as informações , não cola. O que é isso, ditadura? Ninguém é obrigado a sobrecarregar o celular com aplicativos, tampouco obrigado a sair de casa portando celular. Fora os que não têm celular por opção, por falta de poder de compra ou porque foram assaltados.

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