Será que uma pessoa com idade muito avançada – com dificuldade de locomoção e capacidade de se levantar sozinha já comprometida – consegue vivenciar o seu merecido descanso enquanto enfrenta a demora de um ônibus sob um abrigo em condições, como o da foto acima? Se uma pessoa com as articulações já desgastadas sentar ali, com certeza, não levanta. Ou se levantar, será com a ajuda de outros passageiros. Essa cena da foto acima foi captada no bairro da Boa Vista, e foi enviada ao #OxeRecife por Genival Paparazzi.
Infelizmente aquela não é uma realidade incomum no Recife, onde as paradas de ônibus possuem excesso de lixo, sujeira, cadeiras danificadas ou arrancadas, dificuldade de acessibilidade. Um horror, não é? Conforto há quando ainda têm uma cobertinha, para que os usuários do transporte coletivo se abriguem da chuva ou do sol. Mas há alguns que ficam no meio de matagal, não possuem cadeiras, nem proteção nenhuma e e há aqueles que são um pedaço de pau enfiado no chão. Ou seja, “colunas com placas”, como prefere chamar o Grande Recife Consórcio de Transporte. A Região Metropolitana possui nada menos de 6.651 paradas de ônibus, sendo que a maior parte é de “colunas com placas”, que somam nada menos de 3.383.
Os tipos de paradas catalogados no Consórcio são: colunas com placa (3.383), abrigos metálicos (2004), pré-moldados (411), de publicidade (429), de BRT (46), montante(215), de terminal (27) e de miniterminais de bairro (71). Eles servem aos passageiros que utilizam por dia os 2.078 coletivos de 392 linhas metropolitanas. De acordo com o Consórcio, as manutenções são efetuadas por demanda. “Neste momento, o serviço está sendo realizado na Estrada de Aldeia (PE-27), depois seguirá para outros corredores de ônibus”. Então, leia com atenção o que está escrito abaixo em destaque.
Caso o usuário do transporte público queira solicitar a manutenção mais urgente pode entrar em contado com o Grande Recife por meio da Central de Atendimento ao Cliente (0800 081 0158) ou pelo WhatsApp (9.9488.3999), exclusivo para reclamações. Informa ainda que os abrigos sofrem sim ações de vandalismo. O #OxeRecife solicitou o valor anual do prejuízo. “O cálculo do custo com as manutenções é feito no final do ano, incluindo diversas causas dos danos”.
Há abrigos que até possuem coberta e assentos, inclusive para cadeirantes. Mas, em alguns casos, cadeirantes não têm, sequer, como chegar a eles, devido às dificuldades da acesso registradas em calçadas, como essa que fica na Avenida Dezessete de Agosto, no bairro de Casa Forte.
Observem só a quantidade de obstáculos, para que um cadeirante consiga chegar ao espaço a ele destinado. E aí, nesse caso, a responsabilidade é do Consórcio ou da Prefeitura? Há mais de cinco anos que as condições são as que vocês estão vendo na foto central. Porém pioram a cada dia. Os riscos são para cadeirantes, pessoas com dificuldade de locomoção e até mesmo para pedestres sem dificuldade nenhuma de andar, como é o meu caso, que já andei levando uns tropeços por aí.
E aí, se a calçada fica no espaço da parada, quem deve por ela se responsabilizar? Com a palavra, Consórcio, Prefeitura especialistas, urbanistas.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Genival Paparazzi (foto do leitor)