Depois de quatro anos de desmantelo, de destruição de florestas, da total desrespeito aos nossos povos ancestrais, de tolerância máxima com a ação de grileiros e madeireiros em terras indígenas, dá um alívio – e uma emoção muito grande – a indicação de Sônia Guajajara, a mulher coragem, para comandar o Ministério dos Povos Originários. Sônia tornou-se um símbolo de mulher guerreira, por empenhar várias batalhas em defesa do seu povo. Em 2022, foi apontada como uma das pessoas mais influentes do mundo pela Revista Time. O que não é pouco.
Nascida no Maranhão, ela elegeu-se deputada federal este ano pelo PSOL de São Paulo, com 156.966 votos, tornando-se a primeira indígena eleita por SP para a Câmara dos Deputados. Guajajara é filha de pais analfabetos, mas formou-se em Letras, Enfermagem e tem curso de pós graduação em educação especial. Em 2018, foi candidata a vice-Presidente da República, na chapa liderada por Guilherme Boulos, deputado federal também eleito em 2022. Ela é conhecida em todo o mundo pelo seu ativismo, que tornou-se ainda mais essencial no governo Jair Bolsonaro, que ficou “notável” pelo total desrespeito aos povos indígenas.
Guajajara nunca parou. Encaminhou denúncias sobre o assunto à ONU, ao Parlamento Europeu, às Conferências do Clima e outras representações internacionais, relatando as violações praticadas contra seu povo no Brasil. Violações estas que, como se sabe, ficaram ainda mais graves no governo comandando pelo famigerado ex-capitão. Em 2009, Guajajara era vice-coordenadora da Coordenação da Organizações Indígenas da Amazônia, e depois passou a responder pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil. Com certeza, fará uma dobradinha muito interessante com Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas. As duas têm histórias parecidas.
Vieram dos povos das florestas. Analfabeta até a idade adulta, Marina virou notícia internacional em 1994, ao se tornar a primeira mulher seringueira a chegar ao Senado. Ambientalista, ele começou sua vida política bem antes. Nascida no Acre, foi vereadora em Rio Branco entre 1989 e 1991, deputada entre 1991 e 1995, quando assumiu a cadeira no Senado. Em 2022, foi eleita deputada federal pela Rede, com 236.635 votos em São Paulo. Já ocupou antes a pasta do Ministério do Meio Ambiente. Marina, como Guajajara, terá um trabalho pesado pela frente: recompor todo o sistema de proteção ambiental, totalmente desarticulado e desmantelado pelo governo do ex-capitão, pelo ministro da “boiada” e por todas as perseguições do governo que se encerra, a aqueles que se impunham contra a ação criminosa de madeireiros, grileiros e garimperios. Ao todo, somam onze as mulheres no Ministério de Lula, contra 25 homens. Ele anunciou, também, que serão mulheres que vão presidir a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Redes sociais